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O CRISTÃO E A POLÍTICA DE COTAS RACIAIS - PARTE I

Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa


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            É possível ser cristão e discordar da política de cotas raciais? Há quem pense que não. Pois, conforme argumentam os cristãos progressistas, fazer isso é o mesmo que promover a desigualdade social, haja vista que o número de negros nas universidades é muito menor que o de brancos. Seguindo esse raciocínio, a esquerda evangélica conclui que o único remédio eficaz para essa mazela é o sistema de cotas. Porquanto, o veem como um instrumento capaz de minimizar a exclusão social, cultural e econômica, além de interromper o processo histórico de discriminação. Associando isso ao fato de que Jesus era contra todo tipo de discriminação, divergir da política de cotas seria, na ótica progressista, uma atitude contrária à essência do Cristianismo.
            Todavia, apesar da aparente lógica da argumentação, não é possível fundamentá-la biblicamente. Afinal, de acordo com as Escrituras há apenas uma única raça: a humana. Isso fica bem claro em Atos 17.26, quando Paulo declara que Deus “de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra”. A segmentação da humanidade em raças é resultado das obras de Charles Darwin, e não da revelação de Deus. Até porque, todo ser humano foi feito à imagem do Todo-poderoso (Gênesis 9.6). Logo, não deve haver tal diferenciação. Todos os homens devem ser tratados igualmente. Isto é, as mesmas oportunidades devem ser dadas a todos. É isso que está implícito no segundo grande mandamento (Mateus 22.39). Pois, amar o próximo como a mim mesmo é, acima de tudo, praticar a regra áurea (Mateus 7.12); é reconhecer que o outro é tão digno de admiração, respeito, amor, como eu sou, não importando sua cor ou seu credo. Beneficiar ou prejudicar alguém por causa da cor de sua pele é, na verdade, andar na contramão desse princípio.
            Por conseguinte, penso que o sistema de cotas raciais, ao invés de igualdade, promove a desigualdade; uma vez que parte do pressuposto de que o negro, só por causa da cor da sua pele, é intelectualmente inferior ao branco. Isso sim é racismo! Ninguém pode ser diminuído ou considerado incapaz por ser negro! Pensar assim é subscrever o pensamento nazista, que concluía que os negros tinham menor capacidade de aprendizado que os brancos. Ora, cor não é deficiência; negros e brancos são igualmente capazes diante de Deus. Por isso, Jesus mandou-nos pregar o evangelho a toda criatura (Marcos 16.15), sem distinção de cor, idade ou grau de instrução. Pois, todos são considerados competentes e responsáveis. De modo que, cada um dará conta de si mesmo (Romanos 14.12). Além disso, a universalidade da pregação do evangelho demonstra que o nivelamento da humanidade não é somente no bônus (ser a imagem de Deus), mas também no ônus (sermos pecadores). “Porque todos pecaram (negros, brancos, amarelos, etc) e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3.23). Ou seja, a deficiência humana não está na cor da pele, mas em sua natureza pecaminosa.
            Já imaginou se seguíssemos o raciocínio cotista no tocante à salvação? Isto é, se compreendêssemos que o Senhor, obrigatoriamente, deveria salvar algumas pessoas, sem que estas reconhecessem Cristo como Salvador, só por causa da cor da Sua pele? Seria o mesmo que desprezar a graça. Afinal, nada que o homem possui ou é pode garantir sua salvação. Ao contrário, só garante sua condenação. A salvação é ofertada a todos, mas só quem crê pode ser salvo, não importando se é negro ou branco. Pois, Deus decidiu “salvar os que creem pela loucura da pregação” (1Coríntios 1.21).
            Mesmo assim, os defensores desse sistema, insistem em compará-lo à graça divina na redenção humana; argumentando que, fazendo assim o Estado aprova, sem mérito, indivíduos de uma classe social, assim como acontece na salvação. Contudo, a diferença entre a graça salvadora e a “graça estatal” é gritante. Porquanto, a base teórica da graça do Estado é uma suposta “dívida” histórica com os negros. Ora, a salvação do homem não se baseia em uma dívida que o Salvador tem com o pecador! Seu fundamento é o favor divino. Ademais, Deus não salva pessoas por conta de características físicas. Ele as salva porque quer. Não há nenhuma obrigação de Sua parte; só graça.
Continua...
Pr. Cremilson Meirelles


 


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