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COMO AS IGREJAS DEVEM AGIR DIANTE DO DIVÓRCIO INDISCRIMINADO?


    Ainda que muitos pastores estejam empenhados na propagação dos princípios bíblicos para o casamento, é notório que divórcios de cristãos por motivos não bíblicos acontecem até mesmo nas igrejas históricas. Ante essa realidade, os líderes não podem se eximir de sua responsabilidade. Ou seja, têm de lidar com essas pessoas. Mas, qual deve ser o procedimento? Como agir nessas circunstâncias? É o que buscaremos responder nas linhas abaixo.

1 - Aplicando a disciplina

    Conquanto a igreja sempre expecte a reconciliação, o divórcio de cristãos, membros de uma congregação alinhada com o protestantismo histórico, terá como consequência inevitável o disciplinamento de pelo menos uma das partes. Isso porque, embora haja algumas divergências, o posicionamento majoritário da ortodoxia cristã evangélica é de que o divórcio é concebível somente em caso de adultério ou abandono irremediável, podendo, de acordo com alguns, ser permitido se houver violência física. Todas essas circunstâncias incluem uma vítima e um transgressor. Este último, sendo membro da igreja, naturalmente, será submetido à disciplina eclesiástica.  

            Portanto, quando o divórcio é motivado por algo além desses limites, de acordo com Elliff e Wingerd, configura desobediência pública[1], e, por conseguinte, devem ser alvo da disciplina. Nesses casos, de acordo com os autores citados, a disciplina tem dois propósitos:

Proteger e preservar a unidade, integridade doutrinária, pureza e reputação da igreja (At 20.28-31; Hb 12.14-16). Identificar aqueles que começam a cometer pecados dessa natureza, empregar várias medidas bíblicas para convocá-los ao arrependimento e restaurá-los sempre que for possível (Gl 6.1; Tg 5.19-20)[2]. 

Seguindo esse raciocínio, algumas igrejas preferem explicitar sua postura em seus documentos. A Igreja Batista Pedra Viva, por exemplo, estabelece o desligamento daquele que “pedir o divórcio por questões que não sejam de caráter moral ou de integridade física” [3]. O que chama atenção, entretanto, é que embora a transgressão seja tipificada nas Escrituras e o procedimento disciplinar seja igualmente bíblico, as igrejas que o adotam frequentemente são acusadas de falta de amor[4]. Obviamente, essas acusações são produto de uma visão deturpada do amor. Pois, ao contrário do ideário evangélico contemporâneo, o amor de Deus “é mais complexo do que a concepção comum poderia imaginar. Ele combina salvação e julgamento. Ele é gracioso e discriminatório” [5]. De modo que “a membresia da igreja é uma ilustração de todas essas coisas” [6].

    Compreendendo a disciplina sob essa ótica, a liderança eclesiástica tem ressaltado, desde os primórdios da reforma protestante, a importância e necessidade de praticá-la. João Calvino, por exemplo, destacou que “assim como a doutrina salvífica de Cristo é a alma da Igreja, também a disciplina é como que sua nervatura, mercê da qual sucede que os membros do corpo entre si se liguem, cada um em seu lugar” [7]. Corroborando esse pensamento, a Confissão Belga[8] aponta a disciplina eclesiástica como uma das marcas da verdadeira igreja.

    Com efeito, a disciplina é fundamental para a saúde de uma congregação. Sua aplicação constitui uma das etapas necessárias do processo de discipulado[9], visto que este é caracterizado não somente por instrução, mas, principalmente, por correção. “Porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe” (Hb 12.6). Ele faz isso visando o bem da pessoa disciplinada (Hb 12.10). Portanto, se uma igreja se abstiver da aplicação da disciplina, sob a justificativa do amor, como salienta Leeman[10], estará afirmando que seu amor é mais perfeito que o de Deus.

    Não obstante, no interior da igreja, amiúde, sempre houve quem discordasse da aplicação da disciplina. Na obra Manual Pastoral de Discipulado, de Richard Baxter[11], isso fica bem evidente. Haja vista que o autor acusa os pastores de seu tempo de negligenciarem a disciplina eclesiástica por temerem retaliações. Alguns séculos se passaram e parece que o quadro não mudou muito. Ainda hoje há discursos favoráveis ao afrouxamento disciplinar. De sorte que, mesmo igrejas que subscrevem a posição da ortodoxia cristã em relação ao divórcio, quando ele acontece fora dos padrões bíblicos, deixam de aplicar a disciplina.

    Essa assertiva é ratificada pelos resultados de uma pesquisa realizada em 2018 pela entidade norte-americana LifeWay Research[12], a qual, após entrevistar mil pastores seniores, constatou que mais da metade das igrejas não disciplina ninguém. Cumpre observar, no entanto, que a pesquisa levou em conta o processo formal de disciplina na igreja. Isto é, somente a excomunhão foi considerada. Contudo, ainda que muitas igrejas estejam engajadas na aplicação da disciplina formativa[13], os dados acima indicam que as desobediências públicas sem arrependimento, relacionadas à dissolução conjugal, não têm recebido o tratamento adequado. Até porque, tendo em vista o aumento do número de divórcios entre os evangélicos, e considerando que nesses casos sempre há uma vítima e um transgressor, que na maioria das vezes permanece impenitente, subentende-se que predomina uma postura condescendente em relação a esses pecados.   

    É possível que essa flexibilização disciplinar esteja relacionada às falhas morais que têm acometido o ministério pastoral na atualidade. A esse respeito, Stephens sublinha que “parece que não conseguimos atravessar um mês sem que cheguem aos nossos ouvidos novas notícias de pastores que tiveram os seus ministérios tragicamente interrompidos, por falhas morais em seu comportamento”[14]. Não é de admirar, portanto, que a conduta moral da membresia esteja em declínio. Afinal, como frisa Lopes, “casamentos que dão certo e duram a vida toda funcionam como uma espécie de referencial para os demais casamentos, especialmente se for o casamento do pastor”[15].

    Em razão disso, é imperioso que, além de resgatar a ordenança bíblica da disciplina eclesiástica, os pastores que sucumbirem à tentação do adultério se submetam ao processo disciplinar. Do contrário, não terão autoridade para corrigir os que falharem nessa área. Nisso fica patente o papel preponderante da liderança na formação de uma mentalidade genuinamente cristã no que tange ao tratamento dos que caem. Por isso, é importante que, além da excomunhão dos impenitentes, os ministros, a fim de alcançar o tríplice propósito da disciplina, observem os seguintes passos bíblicos, respectivamente: abordagem individual, admoestação privada, pronunciamento público e exclusão pública[16]. Pois, conquanto esse procedimento não elimine os atos pecaminosos, decerto impedirá sua proliferação.

 

2. Dando apoio às vítimas sem desistir dos que caíram

    Embora esteja se tornando cada vez mais comum nas igrejas, o divórcio definitivamente não é uma solução feliz para as intempéries conjugais. Ele sempre vem acompanhado de lágrimas e feridas. Seu sofrimento não se limita às partes em conflito. Filhos, parentes e amigos também são atingidos. O prejuízo emocional é tão grande que alguns casais têm concluído que divorciar-se “é mais perigoso e destrutivo do que tentar permanecer juntos”  [17].

    Um dos fatores que podem intensificar esse sofrimento, pelo menos para os cristãos, é a falta de tato no acolhimento eclesiástico. Porquanto, de acordo com Collins, pessoas nessa situação, dependendo da maneira como são tratadas na igreja, tendem a enfraquecer na fé[18], uma vez que “o recém-divorciado pode ficar se perguntando: será que a minha igreja vai me aceitar assim?” [19]. Consequentemente, como relata Burge[20], alguns preferem, após a separação, transferir-se para outra congregação ou mesmo deixar de congregar.

    Isso reforça a importância dos líderes darem a devida atenção a esses casos, buscando tratar tanto das vítimas quanto dos transgressores.  Do contrário, a disciplina será a única ação da igreja; o que claramente não se coaduna com o ensino bíblico e com a natureza do Corpo de Cristo. Com efeito, como ressalta Lopes[21], o povo de Deus tem de encarnar a misericórdia demonstrada por Jesus em seu ministério terreno, e estender a mão até mesmo àqueles que a sociedade despreza. Para justificar essa assertiva, o autor citado recorre à narrativa do encontro do Filho de Deus com a mulher samaritana, visto que naquela ocasião, contrariando o senso comum, Ele apresentou as boas novas a uma divorciada e fez dela sua embaixadora local.

    Inobstante, isso não significa que o pecado e suas consequências devam ser desconsiderados. No diálogo de Jesus com a mulher adúltera (Jo 8.10,11), texto também mencionado por Lopes, isso fica bem claro. Basta observar a advertência final: “vai e não peques mais” (Jo 8.11c). Ou seja, conquanto não a tenha desprezado ou desqualificado, Ele mostrou que “há de fato para os adúlteros e adúlteras um lugar no reino de Deus, se eles abandonarem sua vida de adultério” [22]. De igual modo, a igreja deve ser misericordiosa ao ponto de acolher o pecador, mas nunca deve aceitar o pecado. Isto é, ao invés de adotar uma postura de absolvição indiscriminada, “deve-se fazer distinção clara entre a parte culpada e a parte inocente” [23]. Ademais, no caso de cristãos divorciados fora do padrão bíblico, é fundamental que, antes de qualquer coisa, sejam orientados a reconhecer seu pecado e confessá-lo a Deus. 

    Evidentemente, essa atitude está na contramão dos valores da sociedade pós-moderna, a qual, num flagrante abandono das verdades bíblicas, apregoa a necessidade de aumentar o amor-próprio e eliminar o sentimento de culpa. De maneira que, em vez de conscientizar o indivíduo de sua iniquidade, substitui a noção de pecado, classificando as falhas como algum tipo de doença. Assim, ao invés de arrependimento, recomenda-se terapia. A consequência da aplicação dessa metodologia nefasta é o aumento da autoindulgência e da tolerância para com o pecado, fazendo as pessoas dependerem mais do homem (terapeuta) que de Deus.  

    Comentando essa filosofia contemporânea de expurgação da culpa, Macarthur lamenta o fato de que “todo tipo de imoralidade e conduta maldosa é agora identificado como sintomas desta ou daquela doença psicológica” [24], e mais à frente constata que essa ressignificação do pecado não tem resolvido o problema do ser humano. Apenas tem enchido os consultórios e afastado o povo das Escrituras. Porque, como diz Macarthur, “numa sociedade de vítimas não há espaço para o conceito de um Deus benevolente e santo”[25].

    A despeito de sua incompatibilidade com a Bíblia, essa cosmovisão tem influenciado o comportamento de muitos cristãos, tornando escasso o arrependimento e comum a recusa em receber a disciplina. Diante desse cenário antropocêntrico, alguns líderes se sentem acuados e, por temerem a impopularidade, acabam se dobrando aos ditames da psicologia secular e aderindo à proposta do movimento seeker sensitive[26].

    Dessarte, os membros se voltam cada vez mais para suas “necessidades” individuais, deixando de lado Deus e o próximo. Crendo que o caminho para a “saúde emocional” é parar de satisfazer as expectativas dos outros e buscar autossatisfação. Por abraçar essa visão egocêntrica, “todos os dias há pessoas que deixam para trás a família e outras responsabilidades para encontrarem a si mesmas[27]. Isso, geralmente, sob a justificativa de que não foram adequadamente amadas pelos outros.

Em face dessa tendência humanista, os pastores devem conduzir os divorciados às Escrituras, a fim de conscientizá-los de suas responsabilidades e corrigir as noções equivocadas acerca do relacionamento humano. Afinal, as ciências comportamentais são efêmeras, ao passo que a Palavra de Deus é eterna e atemporal (1Pe 1.23-25). Além do mais, a Bíblia é o manual para lidar com a alma. Por conta disso, seu diagnóstico é preciso e seu tratamento eficaz para solucionar os problemas não orgânicos do homem.

Conforme escreveu Jay Adams, as Escrituras “são a ferramenta do Espírito Santo para trabalhar na mente e no coração de homens e mulheres para torná-los mais parecidos om Cristo” [28]. Elas mesmas dão testemunho disso. 2Tm 3.16,17, por exemplo, declara que “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.”

Assim, lançando mão da instrução bíblica, os ministros têm de mostrar aos aconselhados que, mesmo diante do fracasso conjugal, o Salvador pode reconstruir sua vida. Pode aperfeiçoá-los e habilitá-los para “toda boa obra”. No entanto, na maioria das vezes, é necessário reeducá-los quanto à sua relação com Deus e com o próximo. Porquanto, como resultado da egomania propagada pela psicologia e pela mídia, muitos se convencem de que o amor cristão é condicional e, contraditoriamente, que são merecedores incondicionais do amor dos outros.

 Em resumo, a ação pastoral no trato com os divorciados tem de ser misericordiosa, mas confrontadora; consoladora, mas sincera. Seu propósito deve ser redirecionar o foco do indivíduo para Deus e Sua Palavra; incentivando o arrependimento e a confissão de pecados, e, quando possível, a reconciliação conjugal. Lembrando sempre que, por ser o divórcio uma experiência dolorosa, o ministro deve rogar a Deus que lhe dê a sensibilidade necessária para tratar do assunto.



[1] ELLIFF, Jim; WINGERD, Daryl. Disciplina na igreja. São José dos Campos: Fiel, 2006, p. 10,11.

[2] ELLIFF; WINGERD, 2006, p. 11.

[3] REGIMENTO INTERNO DA IGREJA BATISTA PEDRA VIVA, Capítulo XIV, artigo 61º, item VIII. Disponível em <http://www.ibpv.com.br/regimento/> Acesso em 18 abr 2020.
[4] LEEMAN, Jonathan. A Igreja e a surpreendente ofensa do amor de Deus. São José dos Campos: Fiel, 2010, p. 76.

[5] LEEMAN, 2010, p. 94

[6] LEEMAN, 2010, loc. cit.

[7] CALVINO, João. As Institutas ou Tratado da Religião Cristã, volume 04. Edição clássica (latim) de 1536: Capítulo XII, 1. Da necessidade, natureza e efeito da disciplina. Disponível em <http://www.protestantismo.com.br/institutas/joao_calvino_institutas4.pdf> Acesso em 18 abr 2020.   

[8] Disponível em http://www.monergismo.com/textos/credos/confissao_belga.htm Acesso em 02/08/2019.

[9] LEEMAN, Jonathan. Disciplina na igreja: Como a igreja protege o nome de Jesus. Tradução de Wagner Pimenta. Série 9Marcas. São Paulo: Vida Nova, 2016.

[10] LEEMAN, 2016.

[11] BAXTER, Richard. Manual pastoral de discipulado; traduzido por Elizabeth Gomes.  São Paulo: Cultura Cristã, 2014.

[12] Disponível em <https://lifewayresearch.com/2018/04/05/churches-rarely-reprimand-members-new-survey-shows/> Acesso em 21 abr 2020.

[13] Choolwe explica que a disciplina formativa “envolve todo o processo que resulta em prevenir os crentes de caírem no pecado. Todo o processo de batismo, tornar-se membro da igreja, submeter-se ao ministério de ensino, manter a prática da oração e da comunhão com o povo de Deus, alcançar o perdido, separar o dízimo de sua renda para o Senhor e submeter-se à liderança dos pastores - essas coisas estão antecipadas na disciplina formativa da igreja.” CHOOLWE, Mwetwa. Disciplina na igreja, in Revista Fé para hoje. Nº 24, p. 9-15, 2004, p. 9. Disponível em: <https://ministeriofiel.com.br/revista_fe/numero-24-ano-2004/> Acesso em 22 abr 2020.

[14] STEPHENS, Ray. Adultério na igreja: uma abordagem preventiva. Trad. Solano Portela. Disponível em <http://www.monergismo.com/textos/sexualidade/Ray_Stephens_Adulterio_Igreja.pdf> Acesso em 22 abr 2020.

[15] LOPES, Augustus Nicodemus. Pastores, divórcio e novo casamento. Disponível em <http://tempora-mores.blogspot.com/2013/05/pastores-divorcio-e-novo-casamento.html> Acesso em 22 abr 2020.

[16] SANTOS, Valdeci da Silva. Disciplina na igreja, in Revista Fides Reformata, Vol. 3, Nº 1, 1998. Disponível em <https://cpaj.mackenzie.br/wp-content/uploads/2019/02/9_Disciplina_na_Igreja_Valdeci_Santos.pdf> Acesso em 22 abr 2020.

[17] LOPES, 2005, p 16.

[18] COLLINS, Gary R. Aconselhamento cristão no século 21. São Paulo: Vida Nova, 2011.

[19] COLLINS, 2011, p. 541.

[20] BURGE, Ryan. Despite Stigma, More Divorced Evangelicals Are Going to Church.

Disponível em: <https://www.christianitytoday.com/news/2020/february/despite-stigma-more-divorced-evangelicals-go-to-church.html> Acesso em 23 abr 2020

[21] LOPES, 2005.

[22] HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: João. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004, p. 373.

[23] KÖSTENBERGER, 2015, p. 259.

[24] MACARTHUR, 2016, p. 19-20.

[25] Op. cit., p. 24.

[26] “Pode ser literalmente traduzida como ‘sensível ao que está buscando’, um conjunto não uniforme de metodologias de crescimento de igrejas. Outro nome seria o de market-driven church – igreja direcionada pelo mercado. Ou ainda seeker-friendly: amistosa para com os que buscam”. NETO, Emilio Garofalo. Antes só do que mal acompanhada: o risco de casar-se com o espírito de seu tempo – uma análise das propostas de revitalização de igreja dos movimentos seeker-sensitive e emergente. In Revista Fides Reformata XX, Nº 2, p. 41-69, 2015, p. 43.

[27] BABLER, John; ELLEN, Nicolas. Fundamentos teológicos do aconselhamento bíblico e suas aplicações práticas. São Paulo: Nutra publicações, 2017, p. 217.

[28] Apud HINDSON, Edward E; EYRICH, Howard. Nada além das Escrituras. São Paulo: Nutra Publicações, 2018, p. 68. 



COMO AS IGREJAS DEVEM AGIR DIANTE DO DIVÓRCIO INDISCRIMINADO? COMO AS IGREJAS DEVEM AGIR DIANTE DO DIVÓRCIO INDISCRIMINADO? Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles on 11:48 Rating: 5

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