Recentemente,
um pastor batista postou um vídeo em que ele e uma terapeuta, utilizando a
Bíblia, apresentaram argumentos favoráveis à união homoafetiva. O propósito da
exposição, segundo a descrição do vídeo, era “mostrar que a família homoafetiva
é aceitável aos olhos de Deus tanto quanto a família heteroafetiva”[1]. Uma conclusão que,
claramente, está na contramão do ensino bíblico. Mas o pior de tudo é que, além
de o autor do vídeo ser um pastor filiado a uma denominação histórica, ele
ainda é docente de um seminário teológico que se identifica como batista! Ou
seja, trata-se de alguém que é referência para uma comunidade local de crentes e
para os seminaristas de sua região. Algo que deveria preocupar as lideranças
denominacionais. Por essa razão, o que causou maior estranheza e indignação não
foi o conteúdo do vídeo, mas sim o silêncio denominacional diante do fato.
Vale
ressaltar que as ideias expostas pelo pastor no referido vídeo, não são novas.
Desde meados do século XX elas vêm sendo propagadas. De acordo com Heather
Rachelle White, a primeira igreja voltada para homossexuais surgiu em 1946,
quando “um padre de uma das igrejas católicas de Atlanta negou o sacramento às
pessoas que admitiam serem homossexuais”[2]. Essas pessoas se uniram a
um ex-seminarista católico e organizaram a Eucharist Catholic Church. Com
o passar do tempo, o número de comunidades com ênfase nessa temática aumentou
significativamente. De modo que na última década sua influência passou a ser
sentida até mesmo nas denominações cristãs históricas. A Igreja Batista do
Pinheiro, em Maceió, que, em 2016, ficou conhecida por aprovar em uma
assembleia extraordinária o recebimento de homossexuais não convertidos no seu
rol de membros, foi uma das primeiras indicações de que a chamada “Teologia Inclusiva”
havia adentrado em nossos arraiais. Daí em diante, vez ou outra aparece um
pastor ou líder batista defendendo as mesmas ideias.
Esse
cenário é claramente sintomático e revela a presença de um patógeno teológico,
cujos hospedeiros são pastores e professores que seguem propagando sua
enfermidade livremente. Pois, não é possível que alguém não enxergue que os
vários casos de líderes que, na última década, se manifestaram como adeptos da
Teologia Inclusiva, são resultado de algo que está acontecendo no interior da
denominação! Não se trata de ocorrências pontuais e desconectadas. Basta uma
pesquisa rápida no Facebook para constatar que, dentre os pastores que hoje
lideram comunidades inclusivas, muitos um dia foram batistas. O mesmo fenômeno
se dá com os escritores que produzem conteúdo inclusivo. Será que não dá para
perceber que essas ideias estão sendo comunicadas ao nosso povo bem debaixo dos
nossos narizes? Parece que muitos não querem se indispor. Até porque, os adeptos
dessas ideias costumam ser populares e influentes.
Não
obstante, é possível que, num futuro não muito distante, esse silêncio tenha um
alto custo. Até porque, por mais que se tente evitar o enfrentamento, cedo ou
tarde, ele virá. Em algum momento teremos de lidar com essa questão. O grande
problema é que, se o silêncio permanecer, pode ser que os que discordam dos
inclusivos acabem sendo tratados como hereges e sejam convidados a se retirar. Por
enquanto ainda somos maioria. Mas, com a proliferação dessa enfermidade
teológica, a tendência é que a resistência seja gradativamente enfraquecida.
Até que chegue o ponto de não existirem anticorpos suficientes para combater o
patógeno. Que Deus tenha misericórdia de nós.
Pr. Cremilson Meirelles
[1] ROCHA, Whitson. Bíblia e
homossexualidade. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=hnMTYe8tzWg&t=27s>.
Acesso em 30 jun 2022.
[2]
WHITE apud GERSHON, Livia. The Origins of LGBTQ-Affirming Churches. JSTOR Daily. March 23, 2021. Disponível em <https://daily.jstor.org/the-origins-of-lgbtq-affirming-churches/>.
Acesso em 30 jun. 2022.
O que não consigo entender é a energia que se gasta com outros assuntos divergentes, entretanto, muito menos relevantes que envolvem pentecostais e históricos, enquanto fazemos vista grossa a outros como este em pauta muito mais comprome tedor. Fato é que a coisa está feia e já não se vê mais a diferença entre o justo e o ímpio. Parece que precisamos parar momentaneamente a evangelização externa e reevangelizarmos os de dentro.
ResponderExcluirSim. É lamentável a negligência diante de uma realidade que se torna cada vez mais evidente.
ExcluirTriste a denominação se calar diante desse assunto. Fazendo vista grossa do mesmo.
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