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O MARXISMO CULTURAL E A BÍBLIA SAGRADA

 

 INTRODUÇÃO

“Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não segundo Cristo” (Colossenses 2.8)

 Aparentemente, não há relação direta entre o tema proposto e a Escritura Sagrada. Contudo, no decorrer deste artigo, você perceberá que os adeptos dessa ideologia arquitetaram um plano para eliminar a influência cristã na sociedade e desconstruir os princípios e valores que moldaram a civilização ocidental, os quais, em grande parte, vieram da Bíblia. Por isso, a igreja precisa, não só tratar do assunto, mas se conscientizar e se posicionar diante das investidas desse movimento. Pois, do contrário, o objetivo deles será alcançado.

 1 - O QUE É MARXISMO?

 Marxismo é um sistema ideológico desenvolvido por Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), e operacionalizado por Lênin (1870-1924). Segundo Marx, o capitalismo é a raiz de todos os males enfrentados pela humanidade. Seguindo esse raciocínio, defendia que a solução para as mazelas da sociedade seria a mobilização da classe trabalhadora para o enfrentamento dos burgueses, com o objetivo de tomar posse dos meios de produção, e acabar de uma vez por todas com esse sistema. A vitória do proletariado sobre a burguesia, de acordo com Marx, produziria uma sociedade sem classes, mais humana, na qual haveria uma distribuição igualitária das riquezas.

Em resumo, seria uma sociedade perfeita. Um céu na terra, mas sem Deus. Porquanto, na concepção de Marx, a religião era apenas um instrumento de controle usado pela burguesia, a fim de manter o trabalhador cego e passivo diante das injustiças sociais do capitalismo. Por conseguinte, assim que a vida social se apresentasse “como o produto de homens livremente socializados” (MARX, 1985, p. 76)[1], agindo conscientemente e senhores do seu próprio movimento social, a religião perderia sua razão de ser.

 2 – PROBLEMAS DO MARXISMO

 a) O homem nasce bom

O problema básico do marxismo são seus pressupostos. Um deles é a crença na bondade inata do homem, sobre a qual se baseia a conclusão de que a perfeição social pode ser alcançada a partir da mudança do modelo político-econômico. Afinal, já que o homem é bom por natureza, basta alterar fatores externos para gerar a sociedade perfeita. Entretanto, esse conceito contraria frontalmente as Escrituras; haja vista que a Bíblia ensina que todo homem nasce pecador (Rm 3.23), e, por causa disso, ao longo da vida transgride a lei de Deus (1Rs 8.46; Ec 7.20). Sendo assim, mudar o sistema não mudaria a sociedade. Porque o homem continuaria sendo o mesmo. E, conforme Jesus explicou, as mazelas da humanidade resultam do coração corrompido do homem pecador (Mt 15.19), e não de modelos políticos ou econômicos.

b) Deus não intervém

Outro pressuposto que não se alinha com a verdade bíblica é a negação do governo divino e da interação do Criador com Sua criação, que está implícita na ideia de que o curso da história é determinado pelos fatores econômicos. Ou seja, segundo Marx, todo pensamento político, religioso e moral é produto das relações materiais entre os homens. Deus não tem papel algum nisso. Até porque, Marx entendia que os deuses eram criação humana. Por conseguinte, a alteração da base econômica mudaria também as crenças. 

No entanto, quem crê na Bíblia como única regra de fé e prática não pode abraçar uma ideologia como essa; visto que as Escrituras declaram abertamente que seu conteúdo é resultado da ação divina (Gl 1.11,12; 2Tm 3.16,17; 2Pe 1.20,21;), e não do modo de produção da vida material.

c) O homem não precisa de Deus

A filosofia de Marx pressupunha que a luta de classes acabaria inevitavelmente implementando uma transformação revolucionária, que concretizaria aquilo que a Bíblia declara que só ocorrerá no fim, e será produzido por Deus (Ap 7.16,17). Todavia, no pensamento marxista essa realidade escatológica pode ser instaurada pelo homem, tornando, portanto, desnecessária a intervenção divina. Isso, obviamente, está em desacordo com a Bíblia. Jesus, inclusive, deixou bem claro que sem Ele nada podemos fazer (Jo 15.5).

 3 - O QUE É MARXISMO CULTURAL?

 Com o passar do tempo, muitos, deslumbrados com a utopia marxista, tentaram pô-la em prática. Um fracasso completo. O tão sonhado “paraíso comunista” nunca se concretizou. Assim, o filósofo italiano Antônio Gramsci (1891-1937), analisando as falhas do movimento marxista, concluiu que o que impedia a implantação da ditadura do proletariado era a cultura da classe dominante. Isto é, na concepção dele, o problema não era econômico, mas sim cultural. A libertação da classe operária, portanto, viria por meio da desconstrução da cultura ocidental, e não da luta armada, como fora feito na Rússia, em 1917. Seria, na verdade, uma revolução cultural. Ou seja, ao invés de tomar os quartéis, os marxistas deveriam tomar as universidades e a mídia. Dessa forma, todos seriam transformados em socialistas sem que se dessem conta (2Co 2.11; 4.4) . Estavam lançadas as bases para a nova configuração do pensamento marxista, popularmente conhecida como “marxismo culltural”.

 a) Teoria Crítica

Com o intuito de pôr em prática as ideias de Gamsci, a partir de 1923, um grupo de filósofos alemães associados ao Instituto para Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt, na Alemanha, se engajou na elaboração de estratégias que viabilizassem a desconstrução cultural proposta pelo filósofo italiano. Esse movimento filosófico ficou conhecido como escola de Frankfurt, e seu trabalho denominado teoria crítica, vindo a se tornar a principal ferramenta de engenharia social do marxismo. Essa teoria foi exportada para os E.U.A, por ocasião da 2ª Guerra Mundial, e instrumentalizada por Herbert Marcuse (1898-1979).

De acordo com a teoria crítica, todos os aspectos da cultura ocidental devem ser questionados (raça, família, religião, etc). Pois, enquanto o marxismo clássico via a luta de classes como um conflito entre burguesia e proletariado, o marxismo cultural passou a enxergar essa luta como um conflito entre os oprimidos e os opressores, privilegiados e não privilegiados. De modo que, em sua construção ideológica, a classe operária foi substituída pelas minorias e a burguesia pelos grupos majoritários. Daí surgiu a ideia de que heterossexuais, brancos, homens e cristãos são opressores, e homossexuais, negros, mulheres e adeptos de outras religiões são oprimidos.

b) Cultura da discórdia

Ora, como a solução marxista é a mobilização para o enfrentamento dos opressores, a “nova esquerda” passou a incentivar tudo o que contraria os padrões ocidentais: o homossexualismo, a supremacia feminina, o racismo da parte dos negros, e toda religião que não seja cristã; semeando, assim, a discórdia (Pv 6.16-19) entre as classes: mulher contra homem, negro contra branco, gays contra héteros, religiões afro contra o cristianismo. Então, começou uma guerra contra a cultura judaico-cristã, e, por conseguinte, uma guerra contra a Igreja.

c) Massificação das ideias

Conforme os proponentes da teoria crítica, um dos meios para vencer a “guerra cultural” é o enfraquecimento das barreiras ideológicas e morais. Isso se dá pela massificação das ideias, principalmente, através da mídia. Ou seja, os programas de TV, os filmes, as novelas se tornaram veículo para propagação de valores anticristãos. A presença crescente de homossexuais na TV é um exemplo da aplicação dessa metodologia. Seu propósito é tornar a prática cada vez mais aceitável, visando sua completa assimilação (Ef 6.11; Sl 101.3).

d) Desconstruções e inversões

Para levar avante o projeto Gramsciano, os marxistas se empenharam em promover a desconstrução da família, uma das instituições fundamentais na cultura judaico-cristã. Para tanto, através da propagação de ideias feministas, estimularam a inversão dos papéis, fazendo com que as mulheres, inclusive cristãs, repudiassem o ensino de Ef 5.22-24. Além disso, a fim de desvalorizar o casamento, incentivaram a promiscuidade e o aborto.

Não satisfeitos, por meio da psicologia e da intervenção estatal (lei da palmada), diminuíram a autoridade dos pais, a qual foi estigmatizada como uma forma de opressão.

CONCLUSÃO

É evidente a relação estreita entre marxismo e liberalismo teológico, uma vez que ambos aplicam metodologias críticas que visam dissolver a cosmovisão cristã, transformando-a em algo diferente, numa outra religião. Alinhar-se com esses pensamentos é o mesmo que negar a fé. 

Mesmo assim, muitos que professam a fé cristã têm abraçado as ideias marxistas. Alguns, inclusive, se tornaram militantes de partidos comunistas. Isso, certamente, é resultado do desconhecimento do ensino bíblico e da ideologia marxista. Cabe a você, servo do Senhor, alertá-los (Tg 5.19,20).

Pr. Cremilson Meirelles



[1] MARX Karl. O capital: crítica da economia política. Tradução de Regis Barbosa e Flávio R. Kothe, Livro 1, São Paulo: Nova Cultural, 1985 (Os Economistas).

 

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2 comentários:

  1. Excelente obra,me orgulho em ser amigo desse notável pensador e teólogo da Igreja de hoje, um estudo dinâmico mas com a profundidade que precisa ter para que assim, como um farol venha a lançar luz e claridade aos olhos do povo de Deus que anda tão confuso nesses dias. Parabéns meu irmão e Pastor Cremilson.

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