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IDEIAS FALSAS A RESPEITO DO MINISTÉRIO PASTORAL – PARTE I

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1 – Um planta, outro rega, mas é o pastor quem dá o crescimento
Embora esse conceito seja evidentemente absurdo, muitos membros de igrejas evangélicas o veem como verdade absoluta. É claro, entretanto, que jamais o apresentariam da maneira que aparece na frase que intitula este tópico. Até porque, se o fizessem, teriam de admitir o caráter antibíblico desse pensamento. Pois, a Bíblia afirma claramente: “Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (1Co 3.7). Ou seja, por mais que o pastor seja eloquente, preparado e dedicado, não pode, por suas próprias forças fazer uma igreja crescer. Deus é quem realiza isso por meio da pregação do evangelho (Mc 16.15) e da ação do Espírito Santo (Jo 16.8).  Afinal de contas, o evangelho é o poder de Deus para salvar o pecador (Rm 1.16).
Seguindo esse raciocínio, a conclusão inevitável é: só há salvação mediante o anúncio das Boas Novas. Essa era a compreensão apostólica. Senão vejamos, Paulo, em Rm 10.13, ao falar sobre a universalidade da oferta de salvação, declara: “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. Contudo, no versículo seguinte, ele faz uma série de questionamentos relacionados a essa “invocação”: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?” Essas perguntas evidenciam a convicção paulina de que não há salvação sem a pregação do evangelho. Mas, além disso, o apóstolo demonstra que a salvação de quem quer que seja independe de quem prega. A mensagem anunciada é suficientemente poderosa para despertar a fé. De maneira que, ainda que um ateu a pregasse ela não perderia sua eficácia. Porquanto, Seu poder resulta da ação daquele que a revelou, o qual convence o ouvinte (Jo 16.8).
Por conseguinte, crer que se o pregador for bom, ou se for de Deus mesmo, haverá conversões, é um erro crasso. Da mesma forma, concluir que o pecado de quem prega impedirá a transformação de vidas é um grande equívoco. Seria o mesmo que duvidar do poder do evangelho. No entanto, esse é o argumento preferido por aqueles que pretendem desqualificar um pastor. Estes, geralmente apontam a inocorrência de conversões como uma evidência de que “o tempo do pastor na igreja terminou”. Ou seja, mais ou menos, como se Deus estivesse mandando um recado para o obreiro: “não mando mais almas enquanto você estiver aí”. Porém, há uma pergunta frequentemente ignorada nessas ocasiões: qual a base bíblica para essa conclusão? A resposta é muito simples: não existe. Essa é uma doutrina extrabíblica, inventada para justificar a exoneração de pastores em igrejas de governo democrático/congregacional.
Há exemplos nas Escrituras de homens de Deus que pregaram excelentes sermões, mas a resposta dos ouvintes não foi favorável. Um desses, sem dúvida alguma, foi Estêvão, o qual após anunciar com ousadia a mensagem do evangelho, foi brutalmente assassinado. Ninguém se converteu! Pelo menos, não de imediato! Com base nesses dados, o que deveríamos pensar desse homem? Que fora reprovado por Deus? De maneira nenhuma! Reprovados foram os que o reprovaram.
Outro episódio emblemático acerca desse assunto, é narrado em João 6, quando Jesus, depois de se apresentar como “o pão que desceu do céu” (Jo 6.41), se depara com a rejeição de muitos que, até então, o seguiam: “Desde então, muitos dos seus discípulos tornaram para trás e já não andavam com ele” (Jo 6.66). Com toda certeza, o Filho de Deus não foi reprovado. O tempo d’Ele não tinha acabado. Mas, ao invés de conversão houve evasão. Ora, se no caso de Jesus, a redução no rol de discípulos não indica reprovação divina, por que no caso dos pastores indicaria? Não faz sentido! Não há um trecho sequer que aponte essa ideia! Qual seria, então, o indício de que o “tempo do pastor acabou”? Só há uma resposta para essa pergunta: a voz de Deus no coração de Seu servo (o pastor). Afinal, Ele é o dono da igreja. Foi Ele quem a comprou com Seu sangue (At 20.28).
Todavia, sabemos que há líderes que conseguem lotar suas congregações, através da flexibilização doutrinária, do entretenimento e de modelos humanos de liderança. Apesar disso, esse crescimento visível não corresponde, necessariamente, ao aumento da igreja invisível. Com efeito, conquanto muitos se associem a esses, nem todos os associados são convertidos. Há muitos que decidem se unir ao grupo por gostarem dos programas oferecidos e/ou pelos benefícios que podem advir dessa relação (namoro, cargos, projeção pessoal, etc).
Não obstante, os defensores da ideia de que se não tem conversão se aproxima a exoneração, geralmente, não estão preocupados com a transformação de vidas. O que almejam, de fato, é ver o templo cheio de pessoas. Pouco importa qual seja o meio usado para alcançar esse fim. O importante é lotar a igreja. E isso, na concepção deles, é tarefa do pastor. De acordo com essa visão, os membros seriam os patrões e o pastor o empregado. Se este não apresentar resultados (igreja cheia), deve ser mandado embora. É lamentável, mas muitos pensam assim.
Entretanto, ainda há tempo de abandonar esse pensamento e retornar às Escrituras! Ainda há tempo de retomar a convicção de que é Deus quem dá o crescimento, e que esse crescimento vem através da pregação do evangelho genuíno. Ainda há tempo de dizer não a essa visão empresarial da igreja, e entender que todos somos servos de Jesus Cristo. Ainda há tempo...

Pr. Cremilson Meirelles





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3 comentários:

  1. É maravilhoso ver textos como esse, refletindo a ideia da suficiência da Palavra de Deus, a autoridade das palavras de Jesus e o poder de transformação do Evangelho do Reino de Deus. Sou pastor e quero transmitir a Palavra de Deus pela proclamação, pelo ensino e pelo testemunho do que Deus fez, e está fazendo na minha vida, pelo poder da Palavra.

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    1. Amém! Creio que precisamos destacar a autoridade e a suficiência das Escrituras. Lamentavelmente, muitas igrejas têm abandonado esses preceitos.

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  2. A igreja é assemelhada a um corpo pelo apóstolo Paulo, aliás não consigo enxergar melhor comparação do que está, confirmando a inspiração da palavra. O pastor é apenas alguém instituído por Deus para liderar frações desta igreja universal. Por isso tanto o "sucesso", como os fracassos, não devem ser impostos exclusivamente, a pessoa do líder, mas, a comunidade local como um todo. Tem uma mensagem recente do pastor Hernandes dias Lopes em que ele aborda este assunto. Achei interessante quando ele trás um equilíbrio sobre a chamada "numerofobia" e "numerolatria" que persegue a vida de muito pastor.

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