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A IGREJA E A SUCESSÃO PASTORAL


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            A mudança no pastorado da igreja local nunca é fácil. Afinal de contas, com o passar do tempo, sobretudo nos pastorados longos, a tendência é que as ovelhas se apeguem ao pastor. De modo que, quando o substituto assume tem de, inevitavelmente, lidar com comparações: - ah, o pastor fulano não fazia desse jeito.
            Mesmo assim, esse é um momento que sempre chegará. Pois, ninguém dura para sempre. Além disso, o Senhor da igreja pode direcionar Seu servo para outra localidade. Por essa razão, é necessário que os crentes tenham maturidade para proceder diante dessa situação, e creiam que Deus está no controle de todo o processo. É Ele quem vocaciona o indivíduo para o ministério, dirige a igreja na escolha do obreiro, e a conduz ao longo da história. Até porque, ela lhe pertence (At 20.28).
            Entretanto, a presença de Deus na igreja (1Co 3.16) não a isenta de falhas. Em relação ao processo de sucessão pastoral, por exemplo, o principal erro tem sido a priorização de critérios humanos em detrimento dos parâmetros bíblicos. Isso porque, ao traçar o perfil que espera dos candidatos, normalmente, muitas igrejas locais desconsideram as qualificações bíblicas para pastorado, mas destacam as expectativas antropocêntricas. Isto é, a tendência tem sido procurar um pastor que possua pós-graduação strictu sensu (mestrado, doutorado), não importa qual seja a área, que tenha boa oratória (ainda que não pregue as Escrituras), seja capaz de entreter o auditório com gracejos, promova eventos que atraiam muita gente (cultos-show, festas, etc), faça muitas visitas, e, acima de tudo, faça a igreja crescer (não importa como).
            A opção pelas “virtudes” listadas acima, na verdade, não visa um alinhamento com as Escrituras, mas o massageamento do ego daqueles que esperam “contratar” um bom funcionário. Senão vejamos, embora a formação continuada deva ser buscada pelo pastor, a fim de estar sempre apto a ensinar, o desejo de ter na presidência da igreja alguém com muitos títulos acadêmicos, em geral, não resulta do compromisso com a Palavra de Deus. Na realidade, a motivação da maioria é a ostentação do status de ser membro de uma igreja pastoreada por um catedrático.
Muitos desses aspectos do perfil pastoral, no entanto, visam o entretenimento e não a edificação. Porém, o que mais impressiona é o fato de que são as ovelhas que desejam isso. É claro que o propósito é agradar os não crentes. Até porque, pregação é o que eles menos querem ouvir. Sendo assim, na concepção de alguns, as igrejas precisam de obreiros que produzam programações cada vez mais atrativas e inovadoras, e preguem sermões rápidos, engraçados e antropocêntricos. Afinal, o objetivo é encher o templo. Porquanto, conforme pensa a maioria, templo cheio é sinal da bênção de Deus.
Todavia, o desejo de ver o templo cheio geralmente não é sinônimo de uma expectativa pela glorificação do nome de Deus. Com efeito, o que se almeja é o status de pertencer a uma igreja que cresce, haja vista que, como dissemos, para muitos, o crescimento numérico é a expressão da aprovação divina. Isto é, a satisfação do indivíduo repousa na certeza da aprovação do mundo e de Deus, visto que seu verdadeiro alvo é a autossatisfação, e não a glorificação do Senhor.
Semelhantemente, o anseio por visitação constante não tenciona a glória do Todo-poderoso. O motivo real é o suprimento de carências que deveriam ser sanadas pela relação do indivíduo com Deus, com a comunidade cristã, e com a família. Talvez, por isso, a cobrança de visitas venha com frequência dos faltosos e daqueles que não mantêm em dia as práticas devocionais (oração, leitura bíblica). Por conta dessa falha relacional (com Deus e com o próximo), surge uma compreensão equivocada do papel do pastor. Ou seja, ao invés de pastorear, entendem que seu papel é tomar cafezinho todas as tardes nas casas dos irmãos.
Ao contrário desse perfil antropocêntrico, as igrejas deveriam focar as qualificações descritas nas Sagradas Escrituras, as quais estão registradas, basicamente, em 1Tm 3 e Tt 1. Se assim o fizessem, somente aceitariam obreiros que fossem fiéis às Escrituras, e rejeitariam os ladrões, adúlteros, e os que torcem o texto bíblico para benefício próprio. Contudo, por mais que muitos membros de igreja afirmem amar a Palavra de Deus, a negociam com muita facilidade para se alinhar ao perfil das megaigrejas.
Pr. Cremilson Meirelles
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