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O CRISTÃO DEVE SE ALEGRAR COM A MORTE DE ALGUÉM?

Em razão de um incidente noticiado recentemente, esse questionamento ganhou destaque nas redes sociais. Refiro-me ao sequestro de um ônibus na ponte Rio-Niterói, na manhã do dia 20 de agosto deste ano. Pois, naquela ocasião, após o sequestrador ter sido abatido pela Polícia Militar, o governador, Wilson Witzel, comemorou o desfecho. Essa atitude foi condenada por alguns e justificada por outros. Os evangélicos progressistas, por exemplo, criticaram tanto a ação da polícia quanto a comemoração do governador, argumentando que esse comportamento é desumano e incompatível com a ética cristã. Em resposta, a ala mais conservadora advogou, a partir das Sagradas Escrituras, a legitimidade da execução do criminoso e da comemoração. É difícil definir quem está com a razão. Mas, mesmo assim tentaremos fazê-lo.
Em primeiro lugar, é importante salientar que alegrar-se diante da solução de um problema, sobretudo quando se trata de uma situação tensa, é bastante comum. Fazemos isso até diante de histórias fictícias. Quem não vibrou, por exemplo, quando os vingadores derrotaram o Thanos, em Vingadores Ultimato? Ou quem nunca se alegrou com a vitória do herói sobre o vilão, ainda que este tenha sido assassinado por aquele?
Manifestações como essas estão, inclusive, registradas na Bíblia. Senão vejamos, quando Davi matou Golias, os israelitas “se levantaram, e jubilaram" (1Sm 17.52); e, sinceramente, muitos de nós, fizemos o mesmo ao ouvir essa história. Apesar disso, vale ressaltar que essa alegria não é resultado do prazer em ver uma vida ceifada, mas do alívio pela libertação da opressão. Evidentemente, noutras circunstâncias, Golias não teria sido assassinado. Isso só aconteceu porque ele e o seu povo decidiram subjugar os israelitas.
Outro episódio que contribui para nossa reflexão está registrado em Nm 25. Nesse texto, um levita chamado Finéias matou um casal que transgredira a lei que proibia casamentos entre israelitas e estrangeiros (Dt 7.1-4). Contrariando as expectativas dos pacifistas, Moisés relatou a aprovação divina desse ato. Isto é, Deus elogiou a atitude daquele homem.  Além disso, destacou que, por causa do que ele fez, Sua ira se desviou dos filhos de Israel:

“Finéias, filho de Eleazar, filho de Arão, o sacerdote, desviou a minha ira de sobre os filhos de Israel, pois zelou o meu zelo no meio deles; de modo que no meu zelo não consumi os filhos de Israel. Portanto, dize: Eis que lhe dou o meu concerto de paz, e ele e a sua semente depois dele terão o concerto do sacerdócio perpétuo; porquanto teve zelo pelo seu Deus e fez propiciação pelos filhos de Israel” (Nm 25.10-13).


Obviamente, Deus não se alegrou com a morte do casal. Se assim fosse haveria uma contradição bíblica. Afinal, em Ez 33.11, o Todo-poderoso assevera que não tem prazer na morte do ímpio. Mas, com toda certeza, considerou necessária a atitude de Finéias, visto que, por meio dela, os israelitas escaparam do castigo divino. De igual modo, no episódio mencionado no início deste texto, a alegria demonstrada pelo governador do Rio de Janeiro, e muitos outros, veio como consequência natural do alívio proporcionado pela ação da Polícia Militar. Uma intervenção necessária para o restabelecimento da paz. Haja vista que, assim como Finéias proporcionou a sobrevivência do povo, afastando a ira do Senhor, a neutralização do sequestrador livrou os passageiros do ônibus da morte. 
Ora, quem não se alegria por escapar da morte? Quem não celebraria o resgate de um familiar sequestrado? Quem não ficaria satisfeito por ver cidadãos de bem sendo libertados do cativeiro? Imagino que todos nós nos regozijaríamos diante de situações como essas. Apenas o criminoso ficaria insatisfeito. Mas este, à luz das Escrituras, deve ser castigado pelas autoridades (Rm 13.4; 1Pe 2.13,14). É claro, entretanto, que se ele se entregasse não seria abatido. Porém, as circunstâncias requereram o uso da força. Além do mais, ao se colocar naquela situação, ele assumiu o risco. Sendo assim, ao invés de culpar o governador por ser humano, é preciso reconhecer quem era o verdadeiro criminoso.
Em resumo, o cristão não deve se alegrar com a morte de quem quer que seja. No entanto, devemos nos alegrar com os que se alegram (Rm 12.15). Com toda certeza, as vítimas do sequestro, ao serem libertadas, sentiram alívio e uma alegria legítima. Não se alegrar com eles e por eles é que seria um absurdo. Mais absurdo ainda é tentar tirar o foco do livramento que lhes foi concedido. Até porque, eles foram agraciados com a oportunidade de retornar para suas famílias e dar continuidade às suas vidas. Já o sequestrador colheu o fruto daquilo que semeou: “porque todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão” (Mt 26.52).
Pr. Cremilson Meirelles
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2 comentários:

  1. Depois de algumas horas as pessoas foram libertas, o trânsito liberado e alguns bandidos perceberam que a ordem está chegando ao caos promovido pela esquerda no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil.
    Henri de Sandra.

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