Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Nada pode
destruir a igreja fundada por Jesus. Nem mesmo a morte pode vencê-la! A vida
eterna é seu destino. Por conta disso, tudo o que diz respeito a este mundo,
para o cristão, é transitório e de somenos importância em relação ao porvir.
Pois, “a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o
Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3.20). Contudo, isso não significa que os
aspectos terrenos que envolvem a vivência da noiva de Cristo devam ser
negligenciados. Paulo deixou isso bem claro ao organizar uma coleta de dinheiro
para socorrer os cristãos de Jerusalém (1Co 16.1-3), e ao reconhecer a
necessidade do sustento pastoral (1Timóteo 5.17).
Como
concluímos no texto anterior, conquanto o tempo tenha passado, essas demandas
permanecem. Por essa razão, as igrejas locais precisam de contribuições
regulares. Isso fica evidente no emprego do tempo presente em 1Coríntios 16.2,
visto que, no idioma grego, o presente traz o sentido de continuidade. Além
disso, conforme já expusemos, para que haja justiça e alinhamento com o ensino
bíblico, tais contribuições devem ser também proporcionais; de maneira que haja
um percentual mínimo que as norteie, a fim de manutenir a receita mensal
necessária para que a comunidade honre seus compromissos.
Mas, como
estabelecer esse percentual? Qual a base para fazê-lo? Quais os parâmetros? O
IGPM? O IOF? Em resposta a essas indagações, há quem proponha que essa escolha
seja facultada ao indivíduo. De modo que cada um decida o percentual que balizará
suas contribuições. Esse raciocínio, entretanto, fere o princípio da
proporcionalidade. Porque, se um decidir dar 10% e o outro optar por contribuir
com apenas 5%, um dará mais e o outro dará menos. Não haverá igualdade; e o
ensino bíblico não será aplicado. Afinal, como Paulo orientou os coríntios,
cada um deve separar o que conseguir ajuntar, segundo sua prosperidade, ou
seja, de acordo com a renda individual (1Cortíntios 16.2). Perceba que o
parâmetro não é a opção pessoal por um percentual, mas a proporcionalidade da
doação em relação à renda. Isto é, cada um contribui de acordo com o que
recebe.
Portanto,
partindo do princípio de que a palavra do apóstolo é dirigida à igreja, essa
proporcionalidade deve levar em consideração toda a comunidade de fé. Do
contrário, o princípio paulino não seria aplicado. Já imaginou, por exemplo, se
um cristão da igreja de Corinto, recebendo, mensalmente, 20 denários (ou
dracmas), contribuísse com 10 denários, enquanto outro irmão da mesma igreja,
recebendo mensalmente 40 denários desse a mesma quantia? Isso seria segundo a
prosperidade de cada um? É óbvio que não! No entanto, se todos contribuíssem
proporcionalmente, tendo um percentual geral como referência, haveria
igualdade.
Por isso, ao
invés de buscarmos referências na cultura secular, devemos recorrer, antes, às
Escrituras, as quais já trazem, desde o Antigo Testamento, um percentual que
pode nortear as contribuições das igrejas locais que visem atender suas
demandas mensais. É... estou falando do dízimo. Afinal, embora alguns o
condenem por nascer no período da antiga aliança, uma coisa não se pode negar:
ele faz parte da revelação especial de Deus aos homens. Logo, entre usar uma
referência secular, como a gestão condominial, por exemplo, é preferível utilizar
algo que está registrado na Bíblia.
Em relação à
escassa presença do termo “dízimo” no Novo Testamento (Aparece somente em 5
versículos: Mateus 23.23; Lucas 11.42; 18.12; Hebreus 7.2,5), é importante
salientar que a ausência de uma palavra não indica necessariamente a
inexistência do princípio. Senão vejamos: o termo Trindade não aparece em
nenhum lugar da Bíblia, mas a doutrina está claramente presente em suas
páginas. De igual modo, ainda que a palavra dízimo não seja tão mencionada no
Novo Testamento, o único preceito bíblico que se encaixa perfeitamente no
contexto contributivo das igrejas neotestamentárias, é o dízimo; haja vista que
o mesmo abarca dois princípios inerentes à contribuição no Novo Testamento:
regularidade e proporcionalidade.
Continua...
Pr. Cremilson Meirelles
É CERTO DAR DINHEIRO PARA A IGREJA? - PARTE XII
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