Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Além do princípio bíblico da
proporcionalidade, deve-se levar em conta o fato de que a igreja precisa de
contribuições constantes, tanto para suprir as necessidades dos domésticos da
fé, como também para prover o sustento missionário e pastoral. Essas demandas
requerem uma receita mensal. Até porque, as necessidades não são esporádicas.
Logo, a contribuição também não deve ser.
Todavia, há quem conteste essa
conclusão, baseando-se na declaração registrada em 2Coríntios 9.7: “Cada um
contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade;
porque Deus ama ao que dá com alegria”. À luz desse texto, argumentam que as
contribuições devem ser aleatórias e inconstantes. Isto é, segundo esses
intérpretes, Paulo estaria dizendo, mais ou menos, o seguinte: “dê se quiser,
quanto quiser, quando quiser, e, se não quiser, não contribua nunca”.
Tal interpretação, entretanto, carece de
bases exegéticas. Porquanto, claramente, o propósito do apóstolo era destacar
que as contribuições não devem ser feitas com relutância ou com má vontade.
Afinal, como diz Paulo, “Deus ama o que dá com alegria”. Em relação a esta
parte do versículo, é importante salientar que se trata de uma paráfrase de
Provérbios 22.9a (“o generoso será abençoado”), através da qual o apóstolo reforça
o que dissera no capítulo 8 da mesma epístola, onde incentivara seus leitores a
se excederem no privilégio de
contribuir (2Coríntios 8.7 - NVI). Pois, assim como Deus nos ama devemos amar uns
aos outros (João 13.34), demonstrando isso por meio da cooperação financeira
que vise atender as necessidades comunitárias e viabilizar a pregação do
evangelho no mundo.
Apesar disso, deve-se observar que a
argumentação paulina constitui uma orientação, e não uma ordem (2Coríntios
8.8). No entanto, isso não significa que o cristão deva prescindir do conselho
apostólico, mas sim que tem de contribuir sincera e espontaneamente,
evidenciando com atitudes o amor professado com palavras. Era isso que Paulo
esperava dos coríntios: que sua conduta no tocante às doações provasse a
sinceridade do seu amor (2Coríntios 8.8). A fim de alcançar esse objetivo o
apóstolo utilizou o exemplo de Cristo, contrastando as riquezas da Sua glória
preexistente com a pobreza que caracterizou sua vida na terra. Isso para
ressaltar que, assim como Ele, os cristãos, por serem ricos espiritualmente,
ainda que sejam pobres economicamente, devem ajudar uns aos outros em suas
necessidades.
Foi justamente essa riqueza espiritual
que motivou as igrejas da Macedônia a implorar “a graça de participarem da
assistência aos santos” (2Coríntios 8.4). Isso porque, conforme explica Paulo,
eles “se deram primeiramente ao Senhor”. Por isso, contribuíram alegremente
(2Coríntios 9.7). Ou seja, o indivíduo que foi regenerado não precisa ser
coagido, nem “atraído” por “barganhas” com Deus, para dar dinheiro à igreja ou
ajudar os desafortunados. Essa é uma atitude natural de quem nasceu de novo.
Corroborando a assertiva acima, em
2Coríntios 9.12,13, o apóstolo incentivando os coríntios a imitar os
macedônios, destaca que, com sua liberalidade nas doações, os servos de Deus
promovem Sua glorificação e expressam sua submissão a Ele. Pois, no contexto da
carta, os cristãos de Jerusalém, ao receberem as ofertas que Paulo incentivava
os coríntios a dar, glorificariam a Deus por causa da harmonia entre a
confissão de fé coríntia e a prática. Isto é, a coleta realizada na igreja de
Corinto demonstraria sua generosidade para com os judeus cristãos que padeciam
com a escassez, fazendo com que eles os reconhecessem como verdadeiros
discípulos de Cristo. E isso seria praticado através da centralização da
arrecadação do dinheiro, e não de ações individuais.
Continua...
É CERTO DAR DINHEIRO PARA A IGREJA? - PARTE XI
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
on
22:45
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