Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Tendo analisado o ensino
bíblico acerca das doações destinadas ao serviço religioso, tanto no Antigo
quanto no Novo Testamento, concluímos que dar dinheiro para a igreja é uma
prática legítima, e deve ser observada por todos os cristãos. No entanto, ainda
que isso seja explícito nas Escrituras, há quem defenda o oposto, ou seja, que
ninguém tem de dar nada para a igreja. Os que pensam assim, geralmente
justificam sua postura argumentando que, uma vez que os mandamentos relativos à
entrega do dízimo tinham sua vigência limitada à antiga aliança, e que o mesmo não
era dado em dinheiro, mas em produtos agrícolas e pecuários, contribuir
regularmente para o sustento de uma comunidade cristã local é desnecessário e
antibíblico. Contudo, esse raciocínio é claramente incoerente com a Palavra de
Deus. Até porque, as contribuições financeiras do povo eleito nunca se
limitaram ao dízimo. Ademais, como vimos até aqui, doações em dinheiro estão
registradas em ambos os testamentos. Logo, não há fundamento para não dar nada para
a igreja.
Essa conclusão, entretanto,
não dirime todas as dúvidas referentes às contribuições. Afinal, conquanto
saibamos que é certo dar dinheiro para igreja, é necessário saber também o
valor e a periodicidade dessa doação. Essa informação, tal como tudo o que já
estudamos acerca desse assunto, só pode ser encontrada na Bíblia. Porquanto, ela é a nossa única regra de fé e
prática.
A despeito dessa certeza que
norteia a ortodoxia cristã, alguns, ao invés de buscarem as Escrituras como
referência, tomam por base os modelos seculares de arrecadação e aplicação de
recursos. Por essa razão, sugerem que as igrejas deveriam proceder da mesma
forma que os condomínios, dividindo as despesas entre os membros, em quotas
iguais. Essa “gestão condominial”, porém, fere um dos princípios bíblicos mais
básicos no que tange ao dinheiro entregue à comunidade religiosa: o princípio
da proporcionalidade. Pois, o sistema de quotas condominiais não leva em conta a
imensa diferença social que há no seio das congregações cristãs. Porque, embora
nos condomínios haja condições sociais mínimas para o pagamento dessa taxa, nas
igrejas isso não acontece; haja vista que uma mesma comunidade local congrega
pessoas com alto e baixo poder aquisitivo. Sendo assim, a adoção de uma quota
condominial por parte das igrejas, além de ser antibíblico é também injusto,
visto que ricos e pobres teriam de pagar o mesmo valor.
O sistema bíblico de
contribuições, ao contrário, sempre considerou essas diferenças. Até mesmo o
sistema sacrificial concedia ao mais pobre o direito de ofertar algo de valor
inferior. Senão vejamos: no livro de Levítico, Deus, ao normatizar os
procedimentos a serem observados por quem cometesse pecados não intencionais,
concedeu aos mais pobres o direito de ofertar “a décima parte de um efa de flor
de farinha” (Levítico 5.11), enquanto os que gozavam de melhores condições
tinham de sacrificar “uma fêmea de gado miúdo” (Levítico 5.6). O “efa” era uma
unidade de medida de capacidade que equivalia a 22 kg. A décima parte dessa
unidade, portanto, seria 2,2 Kg. Ora, seria muito mais fácil adquirir essa
quantidade de flor de farinha (farinha muito fina) que um animal para o
sacrifício.
Encontramos esse princípio
também presente no Novo Testamento. Paulo, por exemplo, ao organizar uma coleta
de dinheiro com o objetivo de suprir as necessidades dos cristãos de Jerusalém,
orientou os coríntios que cada indivíduo ofertasse “conforme a sua
prosperidade” (1Co 16.2). Obviamente, o rateio das despesas entre os crentes,
nos moldes condominiais, jamais se enquadraria nessa orientação.
Em adição, vale salientar que o princípio
bíblico da proporcionalidade é também um princípio constitucional em nosso
país, o qual prevê um valor fixo para a alíquota (percentual usado como base
para calcular um tributo) dos tributos. Seguindo essa linha, se um imposto for fixado
em 10% dos rendimentos, cada indivíduo contribuirá com um valor adequado à sua
capacidade contributiva. Há injustiça nisso? É claro que não.
Continua...
Pr.
Cremilson Meirelles
É CERTO DAR DINHEIRO PARA A IGREJA? - PARTE X
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
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00:05
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Louvado seja Deus por sua vida Pr. Texto muito esclarecedor.
ResponderExcluirExcelente comentário! Felizmente esse é um assunto que atualmente se discute considerando diferentes opiniões. Toda essa divergência de opiniões, por vezes é crucial para o enriquecimento do nosso conhecimento.
ResponderExcluirObrigado. A intenção é contribuir para uma reflexão equilibrada a respeito do tema.
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