Calça
apertada, cabelo escovado, brincos, sobrancelhas e unhas feitas. Por mais
incrível que pareça, esses são elementos da masculinidade atual. Isso diz muito
sobre o homem contemporâneo. Revela que a macheza de outrora foi substituída
por uma caricatura que incorporou elementos e adereços que por muito tempo
foram exclusivos do universo feminino. Ou seja, como dizia um antigo dito
popular, “já não se fazem homens como antigamente”. Afinal, o homem de hoje,
embora frequente academia e ainda pratique esportes, perdeu algo de sua
essência. Um novo padrão de masculinidade foi estabelecido. Os homens se
tornaram feminilizados, frágeis, delicados, covardes e sem atitude. Homens com
“h” minúsculo.
Mas
o pior de tudo é que esse novo modelo de masculinidade chegou até aos púlpitos.
De modo que vários pastores têm adotado esse estilo. E, como tudo o que aparece
nos púlpitos acaba sendo legitimado como evangelicamente correto, esse padrão
vem sendo replicado pelos membros de muitas igrejas. É claro, entretanto, que essa
moda está mais presente nas congregações que importaram elementos das baladas,
tais como luzes estroboscópicas, canhões de led, máquina de fumaça, paredes
pretas etc[1]. Porém, aos poucos, pastores
de igrejas históricas estão aderindo ao novo “look”. Alguns chegam a afirmar
que as igrejas cujos líderes insistem em não assumir essa postura não
crescerão.
Não
obstante, penso que a maioria dos evangélicos ainda considera que esses
adereços não combinam com o ministério pastoral. Até porque, em muitas igrejas,
a masculinidade ainda é associada à rusticidade. Nesses ambientes, a maioria
olha para os elementos mencionados acima com certa desconfiança. É bem verdade,
no entanto, que muitas vezes essa suspeição é manifestada pelos adultos. Afinal,
a juventude geralmente se identifica com esses modismos.
Todavia,
acredito que cada um dos itens importados do universo feminino foi
propositalmente inserido no contexto masculino, a fim de diminuir as diferenças
entre macho e fêmea. Tanto, que é exatamente isso que vemos na atualidade:
jovens héteros que mais parecem homossexuais. A impressão que tenho é de que houve
um planejamento para a feminilização gradativa dos homens.
Tudo
começou com as roupas “unissex”[2], as quais surgiram como
resultado da adaptação de peças masculinas para a indumentária feminina[3]. Um intercâmbio que teve
início na década de 60[4] e foi gradativamente
ganhando espaço na sociedade. Esse movimento, entretanto, não se limitou às
vestimentas. Até mesmo alguns acessórios femininos, tal como os brincos, foram incorporados
à moda unissexuada. De modo que, por volta da década de 1970, artistas,
cantores, surfistas e jogadores de futebol começaram a usar brincos. Mas o
responsável pela popularização do brinco em apenas uma orelha foi o cantor
George Michael, o qual se notabilizou por assumir publicamente sua
homossexualidade.
Na esteira de George Michael, outros cantores
gays tornaram os brincos parte de seu vestuário. Por essa razão, durante algum
tempo essa moda esteve associada à homossexualidade. Isso fez com que os
cristãos modernos vissem esse adereço como inapropriado. Porém, por causa da ampla
utilização entre atletas e artistas, os brincos masculinos passaram a
representar um estilo rebelde, moderno e descolado. Assim, pouco a pouco, os
evangélicos foram cedendo e normalizando seu uso.
Ademais,
com o passar do tempo, houve um recrudescimento dos argumentos em favor da
unissexualização da aparência. Até as vestimentas infantis foram atacadas. As cores
que outrora distinguiam meninos e meninas, por exemplo, se tornaram também
intercambiáveis. Sob a égide de uma pseudointelectualidade, defendeu-se que
essas distinções eram a expressão de um machismo entranhado na cultura. De
sorte que quem optou por mantê-las passou a ser tachado de retrógado, machista
etc. Esses rótulos, evidentemente, serviram como estratégia para inibir quem cogitasse
a possibilidade de manter as distinções. Dessa forma, a maioria das famílias
cederam ao novo modelo.
Outro
elemento introduzido pela mídia que contribuiu significativamente para a
feminilização do homem foi o metrossexualismo. Um estilo forjado no ambiente
midiático a fim de levar o homem contemporâneo a consumir produtos e utilizar
serviços da área de estética[5], cujo público até então
era predominantemente feminino.
O
termo metrossexual foi cunhado pelo jornalista Mark Simpson em um artigo
publicado no jornal The Independent, em novembro de 1994[6]. Desde então, tem sido usado
para caracterizar o homem heterossexual que tem uma preocupação, acima da
média, com sua a aparência. Ele faz as sobrancelhas, unhas, alisamento no
cabelo, se depila e aplica cremes faciais. Alguns, chegam até a usar batom e
maquiagem.
O
mais impressionante é que esse comportamento (visando as vendas, é claro)
passou a ser tratado como modelo de masculinidade. Contudo, ele acabou se
tornando mais um dos instrumentos de feminilização do homem contemporâneo. De
maneira que a sociedade se tornou cada vez mais unissexualizada.
Em
que pese o risco de ser acusado de machismo ou de radicalismo, penso que o
cristão não deveria se alinhar com esses padrões. Afinal, embora os homens usassem
brincos na Antiguidade, os cristãos primitivos não o faziam. Além disso, as
Escrituras deixam bem claro que as distinções físicas publicadas em nossos
corpos desde a criação devem ser ressaltadas por meio das vestimentas. Senão
vejamos: em Deuteronômio 22.5, a Bíblia diz que a mulher não deve usar roupa de
homem e nem o homem vestir-se como mulher. Isso significa que deve existir um
tipo de roupa específico para cada sexo. A calça que a mulher usa, por exemplo,
tem de ser diferente da masculina. É justamente por desprezar esse princípio
que a doutrina dos apóstolos prevê que os homens que se portam como mulheres serão
excluídos do Reino (cf. 1Co 6.9,10).
Outrossim,
quando o texto sagrado fala de adereços refere-se exclusivamente à mulher: “o
enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de joias
de ouro, na compostura dos vestidos” (1Pedro 3.3). Os homens que usavam
brincos nas Escrituras pertenciam a outros povos (cf. Jz 8.24). Homens israelitas
só usavam brincos se fossem escravos que desejassem permanecer com seus
senhores (Êx 21.6).
Mesmo
assim, no mundo moderno as vestimentas cristãs há muito tempo vêm sendo
definidas pela cultura. Ou seja, contrariando a orientação paulina, muitos têm se
deixado moldar por esse mundo (cf. Rm 12.2), esquecendo que quem produz a
cultura secular é o homem caído. Ora, se o autor é caído sua obra também é.
Sendo assim, não pode ser modelo para os servos de Deus. Por que, então, há
homens nas igrejas com brincos e calças apertadas?
O
grande problema é que essa feminilização não se limita às vestes. O comportamento
masculino de um modo geral está feminilizado. Os jovens falam fino e se
acovardam diante de perigos e responsabilidades. Com isso, a liderança feminina
vai ganhando mais espaço e os homens vão se tornando mais submissos. Daqui a algum
tempo, não se espante se você vir um homem pedindo a uma mulher que o salve de
uma barata.
Definitivamente,
isso não é natural! Deus criou o homem para liderar (cf. Ef 5.23) e proteger (cf.
Ef 5.25) sua família. Por isso, o dotou de força física e ordenou que lavrasse
e guardasse o jardim (cf. Gn 2.15). Ele fez isso, não para que o homem fosse um
opressor, mas para que pudesse agir como Cristo. Porquanto, Jesus é o modelo perfeito
de masculinidade. Ele cuida, lidera e protege sua noiva (cf. Mt 20.28; 1Co
3.17; 1Jo 5.18). Foi capaz de morrer para nos salvar (cf. Ef 5.25)!
O
que tem acontecido é uma corrupção dos padrões estabelecidos por Deus. O
resultado, portanto, segue a mesma linha. Mulheres no pastorado, esposas que
mandam nos maridos, escassez de homens ocupando cargos de liderança nas
igrejas, jovens efeminados, meninas masculinizadas. O pior de tudo é que, nesse
contexto, alguns ainda querem pregar contra a homossexualidade! Parece tão
contraditório! A cultura que influencia a igreja contemporânea é construída
sobre os alicerces do feminismo e da diversidade sexual. Seja nas vestes, no
discurso ou nos padrões de pensamento, tudo parte desse fundamento. Pregar
contra a homossexualidade, mas seguir os padrões definidos por eles é, no
mínimo, um contrassenso.
Os
filmes, as séries, os desenhos animados, os noticiários, os programas de
entrevista e até mesmo o esporte funcionam como ferramentas nessa engenharia
social. Se você perceber, a maioria das produções atuais apresenta mulheres
fortes, duronas e proativas, que salvam o dia. Os homens que contracenam com
elas, geralmente, são bobões, dependentes, covardes, fracos e inúteis. Isto é, a
mídia está formando um novo paradigma de masculinidade e feminilidade, cujo
cerne é a inversão dos papéis. Infelizmente, essa masculinidade castrada tem
caracterizado a vida de muitos jovens nas igrejas evangélicas.
Mas
como reverter isso? Em primeiro lugar, acredito que a mudança precisa começar dos
púlpitos. Os pastores devem abandonar suas calças apertadas e cabelos escovados
e começar a pregar o ensino bíblico acerca da masculinidade. Eles têm de deixar
de lado suas “designers de sobrancelhas” e corajosamente ensinar às mulheres o
que a Bíblia diz sobre a feminilidade. Sobretudo, é imprescindível que larguem
os modismos e voltem a pregar o evangelho. Pois só assim teremos uma geração de
homens e mulheres regenerados, para os quais importará mais obedecer a Deus que
aos homens. Servos de Deus que, ao invés de se dobrar à cultura mundana que nos
rodeia, buscarão desenvolver uma cultura cristã.
Enfim,
pode parecer utópico, mas esse é o único caminho. Enquanto a doutrina dos
apóstolos permanecer relegada a um segundo plano e as teologias contemporâneas
dominarem, nada mudará. Por isso, é importante que mais do que ler esse texto
você faça alguma coisa. Posicione-se! Assuma o seu papel de acordo com a
Bíblia! Aja como homem! Ensine seus filhos a agirem assim também! Resplandeça
como astro nesse mundo tenebroso! Pregue e viva o evangelho!
Que
Deus nos abençoe!
Pr. Cremilson Meirelles
[1] Sobre igrejas que adotam o black
style church, recomendo o artigo “Entre tonéis e tinta preta”, disponível
em: <https://pastorcremilson.blogspot.com/2019/08/entre-toneis-e-tinta-preta.html>.
[2] Roupas que, em tese, podem ser
usadas por homens e mulheres.
[3] LAVER apud NASCIMENTO, Raisa
Bosniac do. A distinção e semelhança dos sexos refletidos na moda. São
Paulo: USP – Escola de Comunicação e Arte, 2016, p. 31.
[4] Idem.
[5] Cf. DAL COL, Angelo Alecsandro. Metrossexualidade
e retórica: o homem como produto. São Paulo: Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo. Mestrado em língua portuguesa, 2010. p. 49.
[6] Idem.
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