Saiba Mais...

LIBERALISMO TEOLÓGICO: ORIGEM E CONSEQUÊNCIAS

Egípcio que queimou a Bíblia é sentenciado a 11 anos de prisão - NOTÍCIAS  CRISTÃS

INTRODUÇÃO

 “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gálatas 1.8)

 Uma das estratégias mais astutas de Satanás, sem dúvida alguma é o ataque sutil de dentro para fora. Isto é, do interior da igreja nosso adversário ilude os incautos com ensinamentos que parecem vir da Bíblia, porém são mais filosóficos que bíblicos; doutrinas que vêm acompanhadas de engajamento social e político, mas que negam a essência das Escrituras e descartam a proclamação do evangelho. Refiro-me ao liberalismo teológico, um mal que há muito tempo aflige as denominações históricas, corroendo lentamente seus alicerces. Pois, embora muitos não saibam, o liberalismo está presente nas lideranças denominacionais e em muitas igrejas locais. De modo que muitos crentes carregam consigo, sem saber, ideias baseadas em pressupostos desse sistema teológico. Por conta disso, práticas e posicionamentos que outrora eram rejeitados pelas denominações mais antigas foram gradualmente sendo aceitos, causando estragos aparentemente irreversíveis. Por essa razão, a fim de evitar a progressão do erro, as igrejas locais precisam conhecer mais acerca desse assunto. Não podemos fechar os olhos para esse veneno que pouco a pouco tem matado igrejas.

1 – O QUE É LIBERALISMO TEOLÓGICO?

 O liberalismo é um sistema teológico que tem como pressuposto principal a supremacia da razão em detrimento da revelação. Ou seja, na perspectiva do teólogo liberal, o que a Bíblia diz não pode ser aceito tal como a Bíblia diz, deve, antes, ser submetido ao crivo da razão humana. Por exemplo: a Bíblia diz que Jesus ressuscitou, no entanto a razão não reconhece a ressurreição como algo possível. Afinal de contas, mortos não ressuscitam. Logo, a conclusão do liberal é que Jesus não ressuscitou de fato; a narrativa da ressurreição emprega uma linguagem metafórica com o propósito de destacar que o Cristo estava vivo na pregação da Igreja.

Essa primazia da razão leva, inevitavelmente, à negação da inspiração verbal plenária, da inerrância e da infalibilidade das Escrituras. Porquanto, através da releitura das narrativas bíblicas, desconstrói as doutrinas fundamentais da fé cristã, apontando erros e contradições no texto sagrado. De maneira que tudo o que é sobrenatural é negado e o que é humano (como o erro) é superestimado. Desses pressupostos, surgiu a ideia de que Jesus ensinava uma coisa, mas Paulo ensinava outra totalmente diferente. A partir daí, nasceram algumas frases que se tornaram populares na internet, tais como: “Jesus é a chave hermenêutica das Escrituras”, “entre Jesus e Paulo, fico com Jesus”; “entre Jesus e a Bíblia, fico com Jesus”. Lamentavelmente, todas essas frases consideram a possibilidade do erro e da contradição bíblica.

2 – COMO SURGIU?

Ao contrário da teologia conservadora, que tem sua origem na Bíblia, o surgimento do liberalismo teológico nada tem a ver com as Escrituras. Na verdade, esse segmento é produto da filosofia moderna, inaugurada por René Descartes (1596-1650) no século XVII. Pois, as bases lançadas por esse filósofo francês serviram de semente para o nascimento do deísmo, uma corrente filosófica naturalista que parte do pressuposto de que, conquanto Deus exista, Ele abandonou Sua Criação, porque dotou o homem da razão, qualidade que o capacita a compreender e modificar a realidade à sua volta sem a necessidade da Bíblia ou da Igreja. Segundo esse raciocínio, Cristo teria sido somente um mestre humano, e não o Deus encarnado; haja vista que o Todo-poderoso não se envolve mais com Sua Criação.

Essas ideias foram propagadas pelo famoso movimento cultural desenvolvido na Europa entre os séculos XVII e XVIII, conhecido como iluminismo, cujo objetivo era libertar o povo das amarras da tradição e da sociedade política e religiosa. O meio para essa libertação era a “iluminação” através da razão. Nesse período, a ideia de que o homem nasce bom, defendida por Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) começou a ganhar terreno. Estavam lançadas as bases para o nascimento de dois grandes inimigos da Igreja de Jesus Cristo: o Marxismo e o Liberalismo Teológico. Daí em diante, “teólogos” sem compromisso com as Escrituras, aplicaram esses pressupostos na interpretação do texto bíblico. O resultado foi catastrófico! Todo o ensino tradicionalmente aceito pelas igrejas foi desconstruído por eles. De modo que muitos conceitos foram ressignificados. O pecado, por exemplo, não era visto por eles como desobediência a Deus, mas como a desumanização do homem (Seja lá o que isso quer dizer). Por conta disso, um teólogo liberal chegou a afirmar que a Bíblia não é a Palavra de Deus, ela apenas a contém; o que se tornou a chave da Teologia Liberal, pois sentiram-se à vontade para questionar as Escrituras, reinterpretando-as, ou questionando textos como se não fossem inspirados.

3 – QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS?

a) Negação da autoria mosaica do Pentateuco

Como resultado prático desse falso ensino, muitos começaram a negar que Moisés tivesse escrito os cinco livros da lei. Isso porque, o desejo de encontrar contradições nas Escrituras os levou à conclusão de que o Pentateuco era, na verdade, uma colcha de retalhos, montada convenientemente com o propósito de legitimar práticas e instituições que existiam na época do compilador/editor. Seguido essa lógica, os liberais disseminaram a ideia de que as histórias presentes nesse trecho do Antigo Testamento eram mitos e lendas que visavam um objetivo bem específico e conjuntural, nada mais.

Essa mentira facilmente cai por terra quando submetida ao crivo da Bíblia Sagrada. Em Dt 31.24, por exemplo, diz: “...e aconteceu que, acabando Moisés de escrever as palavras desta Lei num livro, até de todo as acabar”. Igualmente, no Novo Testamento, Jesus declarou que foi Moisés quem deu a lei ao povo (Jo 7.19), e que foi ele quem escreveu a respeito d’Ele (Jo 5.46,47). Seria Jesus um mentiroso? É claro que não! Mentirosos são os que negam as palavras do Cristo.

A Escritura nega que sua base sejam mitos: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas (no grego = mythos) artificialmente compostas, mas nós mesmos vimos a sua majestade” (2Pe 1.16). São os falsos mestres que se baseiam em fábulas para desviar os incautos (2Tm 4.3,4). 

b) Negação da inspiração divina dos profetas do A.T.

Outro veneno destilado pelos teólogos liberais é a negação da veracidade das predições proféticas do A.T. Para sustentar esse raciocínio, eles afirmam que os profetas usaram uma linguagem figurada para falar de eventos que já tinham acontecido. Ou seja, nenhuma predição profética era, de fato, uma predição, mas uma espécie de retrospectiva. A finalidade desse tipo de literatura era despertar a esperança no povo sofredor. Essa forma de recapitular acontecimentos foi denominada pelos liberais de Vaticinium Ex Eventu (expressão latina que significa “profecia após o evento”).

Por causa da influência do liberalismo, muitos passaram a enxergar toda a literatura profética a partir dessa perspectiva. Um exemplo disso é uma interpretação que se popularizou acerca do livro de Daniel, a saber, a ideia de que sua redação ocorreu no século II a.C.

A base para essa conclusão é o fato de que o livro anuncia eventos que ocorreram na década de 160 a.C. Isto é, o Daniel que escreveu o livro não seria o mesmo que sobreviveu à cova dos leões, mas um outro indivíduo que usou o mesmo nome, séculos depois. O problema é que Jesus disse que o livro é de Daniel (Mt 24.15). Ademais, o autor do livro se identifica várias vezes como “eu, Daniel” (Dn 7.2; 8.1; 9.2; 10.2).

c) Negação da veracidade das profecias de Jesus.

Não satisfeitos em destruir as profecias do Antigo Testamento, esses teólogos decidiram aplicar a mesma teoria às profecias de Jesus. Como consequência disso, estabeleceram que seria anti-intelectual afirmar que Jesus teria previsto a destruição do templo, que ocorreria no ano 70 d.C. Contudo, a base para essas conclusões não é a Bíblia, mas sim escrituras de outras religiões e suposições fundamentadas nos pressupostos do liberalismo. Isso é outro evangelho (Gl 1.8).

d) Eliminação do vigor missionário.

            Por conta de seu viés humanista, o liberalismo exclui a mensagem salvífica de seu discurso, e valoriza muito mais os aspectos terrenos da vida humana que o porvir. Por conseguinte, ao invés de evangelizar, as igrejas contaminadas pela teologia liberal se dedicam muito mais às questões de cunho político e ao assistencialismo, o que as torna semelhantes às ONGs, e menos parecidas com a noiva de Cristo. Haja vista que, para eles, pregar o evangelho é “implantar os valores do Reino na sociedade”, e não comunicar uma mensagem verbal, como diz Rm 10.13-17. Afinal, se como diz a teologia deles, nada do que a Bíblia diz é verdade, não sobra nada para pregar.

  CONCLUSÃO

Como podemos perceber, o liberalismo é um terreno fértil para todo tipo de prática pecaminosa, uma vez que inúmeros textos são descartados com a justificativa de que foram escritos para legitimar hábitos e instituições do passado, não sendo, portanto, atuais. Uma teologia como essa não produz nenhuma edificação. Ao contrário, elimina elementos fundamentais para a fé cristã.

Em razão disso, devemos estar atentos para o ensino bíblico com o qual temos contato. Pois, sem sabermos, podemos estar sendo envenenados por essa doutrina diabólica.

 

Pr. Cremilson Meirelles

 

 

 

LIBERALISMO TEOLÓGICO: ORIGEM E CONSEQUÊNCIAS LIBERALISMO TEOLÓGICO: ORIGEM E CONSEQUÊNCIAS Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles on 23:25 Rating: 5

10 comentários:

  1. Paz, meu amigo! Que texto elucidativo! Parabéns pela esclarecedora abordagem e espero que muitos tenham acesso a esse texto, a fim de que saibam discernir entre o joio e o trigo doutrinária!

    ResponderExcluir
  2. Excelente texto, meu irmão! Penso que os liberais são seguidores da antiga serpente, quando ela diz: "É assim que Deus disse: NÃO comereis de toda árvore do jardim?" Um abraço!

    ResponderExcluir
  3. Excelente texto! Parece que nos aproximamos de uma nova reforma religiosa. O que é mais assustador são ensinamentos como esses partirem exatamente daqueles que se graduaram no estudo das Escrituras.

    ResponderExcluir
  4. Parabéns meu amigo! Muito bom! Que Deus continue te iluminando a produzir textos que venham a nos ajudar em nossa tarefa de apresentarmos as verdades de Deus ao mundo.

    ResponderExcluir
  5. Simples e profundo ... Obrigado pelo esclarecimento !!!
    Que Deus em Cristo te abençoe e te use sempre !!!

    ResponderExcluir

Tecnologia do Blogger.