Não raro nos deparamos com pessoas que seguem fielmente certos pensadores. De modo que dizem “amém” para tudo o que eles falam, simplesmente porque foram eles que falaram. Não importa o que seja. Se foi o fulano quem disse, é praticamente uma cláusula pétrea. Portanto, quem ousar questionar ou discordar será atacado com todo tipo de falácia argumentativa. Afinal, o mais importante para quem pensa assim é defender a integridade intelectual do seu mestre, bem como absolvê-lo de quaisquer acusações.
Embora pareça absurdo, esse comportamento é bastante comum em círculos evangélicos. Pois, sempre há um novo guru ou pensador a quem muitos atribuem algo semelhante à infalibilidade papal. É claro, entretanto, que essa atribuição não é verbalizada. De maneira que, quem assume essa postura jamais declara publicamente que seu mestre (ídolo) é infalível. Porém, essa infalibilidade é defendida sempre que alguém questiona suas afirmações. Os questionadores, inclusive, são acusados de inveja, despeito, baixo nível intelectual etc. Tudo para defender o guru.
Esses ídolos estão presentes em todas as vertentes do cristianismo evangélico. Desde o neopentecostalismo até o protestantismo histórico. Sempre há alguém idolatrando um pastor, um teólogo, um bispo etc. Mesmo entre os evangélicos de linha mais liberal essa idolatria aparece. É bem verdade, no entanto, que, dependendo do tipo de evangelicalismo, a bajulação segue contornos diferentes. Uns vão venerar os títulos (Doutor, Mestre), outros as realizações (Crescimento da igreja, milagres, ações sociais), mas, no fim, tudo se resume numa palavra: idolatria.
Recentemente, por exemplo, certo líder afirmou que não existe doutrina correta. Isto é, não há ortodoxia. Como resultado, muitos cristãos conservadores, indignados com tal declaração, buscaram refutar suas ideias, apresentando argumentos que as contrapunham. Imediatamente, uma legião de defensores do pensador supracitado se levantou exercendo o papel de advogado e promotor. Ou seja, tentando inocentá-lo das acusações e, ao mesmo tempo, condenando quem o confrontara.
Sinceramente, acredito que, ainda que alguém escrevesse o maior dos absurdos e atribuísse a autoria ao líder mencionado, seus seguidores o defenderiam. É impressionante como essas pessoas são capazes de fazer isso, mas são incapazes de defender as Escrituras das muitas acusações que saem da boca do mesmo indivíduo que veneram. Porquanto, para ele a Bíblia é um livro em que a maior parte do conteúdo está limitado ao contexto cultural no qual os textos foram produzidos. Na sua concepção, há apenas um substrato bíblico, chamado evangelho, que se resume à frase "Jesus Cristo é o Senhor", que é atemporal e transcultural. Todo o resto pode e deve ser descartado. Com base nisso, ele afirma que não há ortodoxia. Porque, em sua opinião, toda construção doutrinária que ultrapasse esse limite é meramente humana. Por conseguinte, os credos e as confissões históricas devem ser desprezados.
Ora, se todos os que vieram antes dele são acusados de defenderem doutrinas produzidas por homens, inclusive aqueles que serviram de base para ele chegar a essa conclusão claramente cartesiana, qual a garantia de que ele também não está criando um sistema meramente humano? Isso é no mínimo contraditório. Mas, o que importa é a boa oratória, a formação acadêmica e o carisma. Isso faz com que o seguidor ignore as falhas e abrace sem questionar tudo o que for dito.
Penso que, ao invés de seguir esse ou aquele pensador, deveríamos seguir a Cristo; o que implica, necessariamente, a observância dos preceitos exarados na Escritura Sagrada. Até porque, na Grande comissão, Jesus mandou que seus apóstolos fizessem discípulos de todas as nações e lhes ensinassem a guardar todas as coisas que Ele lhes ordenara (Mt 28.19,20), e não só uma frase. Ou seja, Jesus estava dizendo que o evangelho não era Ele, mas o ensino que Ele havia compartilhado e que continuou a compartilhar através dos apóstolos. Pois, em 2Pe 3.2, a Bíblia diz que o “mandamento do Senhor e Salvador” veio por meio dos apóstolos. E, tanto os apóstolos quanto o próprio Jesus, em sua pregação, utilizaram abundantemente o Antigo Testamento. Porque, toda a Escritura converge para a obra redentora de Cristo. Logo, nem um til ou jota pode ser desprezado (Mt 5.18). O que os apóstolos escreveram, como afirmou Paulo, são mandamentos do próprio Jesus (1Co 14.37). Dizer o contrário é negar a fé.
Isso posto, minha orientação é que você submeta tudo o que ouvir ao crivo das Escrituras, mesmo que a fonte goze de projeção midiática ou eclesiástica. Haja vista que, embora as Escrituras não possam falhar (Jo 10.35), “não há homem justo sobre a terra, que faça bem e nunca peque” (Ec 7.20). Isto é, não há infalibilidade humana. Somente o Deus-homem não pecou. Todos os demais pecaram (Rm 3.23). A única palavra que goza de autoridade e infalibilidade é a Palavra de Deus. Não abra mão dela por um pastor da moda ou por um super teólogo. Seja um cristão autêntico. Siga somente a Cristo.
Pr. Cremilson Meirelles
Graça e paz Pastor Cremilson.
ResponderExcluirFoi muito feliz seu artigo mostrando que muitos cristãos hoje em dia deixam levar por qualquer discurso e parecem não examinar as escrituras. Espero em Deus, que muitos venham ler e se conscientizar dos riscos que envolvem em ouvir e propagar heresias. Deus te abençoe.
Amém, meu irmão. Deus o abençoe.
ExcluirA âncora da nossa fé é a Sagrada Escritura, se a retirarmos de nosso meio, estaremos sentenciados ao fracasso absoluto. Precisamos retornar a reforma proposta por Lutero Sola Escriptura!!
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