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O CRISTÃO PODE JOGAR NA LOTERIA? – PARTE IV

Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
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Depois de tantos argumentos, parece evidente que apostar é totalmente inadequado a quem professa a fé em Jesus Cristo. Contudo, sempre há quem pense que esse posicionamento não se sustenta diante do prêmio conquistado. Por essa razão, alguns costumam perguntar: “mas, e se ao ganhar na loteria o jogador der o dízimo do prêmio? Continua sendo errado?” Perceba que na base desse questionamento está a ideia de que uma aplicação nobre dos recursos pode redimir o apostador. É óbvio que isso não faz sentido. Até porque, se fosse assim, o ladrão que doasse aos pobres o produto do roubo deveria ser absolvido. Entretanto, sabemos que não é desse jeito que funciona. Boas ações não legitimam os erros.
Mesmo assim, é importante dar uma resposta bíblica a essa pergunta. Antes, no entanto, precisamos salientar que não existe um versículo que declare, literalmente, se é permitido ou não aceitar uma contribuição resultante de apostas. Afinal, esse não é um assunto tratado especificamente pelas Escrituras. Porém, há vários textos que indicam que a procedência dos dízimos e ofertas é determinante para aceitá-los ou recusá-los. No Antigo Testamento, por exemplo, a lei mosaica determinava que as contribuições oriundas da prostituição não deveriam ser trazidas ao santuário do Senhor: “não tragam ao santuário do Senhor, do seu Deus, os ganhos de uma prostituta ou de um prostituto, a fim de pagar algum voto, pois o Senhor, o seu Deus, por ambos têm repugnância” (Deuteronômio 23.18 – NVI).
De igual modo, no livro de Atos, há um relato que evidencia o princípio exposto acima. Refiro-me ao episódio em que Ananias e Safira morrem como resultado do juízo divino (Atos 5.1-11). Pois, naquela ocasião o dinheiro do casal foi recusado por causa da mentira inventada por eles. Isso revela que tanto a procedência quanto a intenção da contribuição têm peso em relação à sua aceitação. Porquanto, o mais importante não é o valor doado, mas a relação do indivíduo com Deus e com o próximo. Esse preceito aparece no ensino de Jesus relativo às ofertas e a vida cotidiana: “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,  deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem, e apresenta a tua oferta” (Mateus 5.23,24). Isto é, a contribuição como ato de devoção não pode estar separada da prática diária. Porque, o que fazemos nos momentos de culto não é independente de nossa conduta no dia a dia. Sendo assim, concluímos que a motivação da contribuição é mais importante que o valor doado. Um exemplo disso é a recusa do dinheiro oferecido por Simão em, Atos 8.14-25. Afinal de contas, ele considerou que poderia “comprar” o “poder” de impor as mãos e “conceder” o Espírito Santo.
            A pergunta inicial, portanto, encontra, a partir dos princípios bíblicos apresentados, uma resposta contundente: as igrejas não devem aceitar dízimos resultantes de atividades inadequadas a quem professa a fé cristã. De maneira que, mesmo que o valor seja alto, cabe à liderança recusar. Até porque, o que é errado continua sendo errado não importando o benefício que nos conceda. Do contrário, abraçaremos uma das manifestações mais vis da impiedade: a corrupção.
Continua...
Pr. Cremilson Meirelles





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