Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Depois
de tantos argumentos, parece evidente que apostar é totalmente inadequado a
quem professa a fé em Jesus Cristo. Contudo, sempre há quem pense que esse
posicionamento não se sustenta diante do prêmio conquistado. Por essa razão,
alguns costumam perguntar: “mas, e se ao ganhar na loteria o jogador der o
dízimo do prêmio? Continua sendo errado?” Perceba que na base desse
questionamento está a ideia de que uma aplicação nobre dos recursos pode
redimir o apostador. É óbvio que isso não faz sentido. Até porque, se fosse
assim, o ladrão que doasse aos pobres o produto do roubo deveria ser absolvido.
Entretanto, sabemos que não é desse jeito que funciona. Boas ações não
legitimam os erros.
Mesmo
assim, é importante dar uma resposta bíblica a essa pergunta. Antes, no
entanto, precisamos salientar que não existe um versículo que declare,
literalmente, se é permitido ou não aceitar uma contribuição resultante de
apostas. Afinal, esse não é um assunto tratado especificamente pelas
Escrituras. Porém, há vários textos que indicam que a procedência dos dízimos e
ofertas é determinante para aceitá-los ou recusá-los. No Antigo Testamento, por
exemplo, a lei mosaica determinava que as contribuições oriundas da
prostituição não deveriam ser trazidas ao santuário do Senhor: “não tragam ao
santuário do Senhor, do seu Deus, os ganhos de uma prostituta ou de um
prostituto, a fim de pagar algum voto, pois o Senhor, o seu Deus, por ambos têm
repugnância” (Deuteronômio 23.18 – NVI).
De
igual modo, no livro de Atos, há um relato que evidencia o princípio exposto
acima. Refiro-me ao episódio em que Ananias e Safira morrem como resultado do
juízo divino (Atos 5.1-11). Pois, naquela ocasião o dinheiro do casal foi
recusado por causa da mentira inventada por eles. Isso revela que tanto a procedência
quanto a intenção da contribuição têm peso em relação à sua aceitação.
Porquanto, o mais importante não é o valor doado, mas a relação do indivíduo
com Deus e com o próximo. Esse preceito aparece no ensino de Jesus relativo às
ofertas e a vida cotidiana: “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar e aí
te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali
diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e
depois vem, e apresenta a tua oferta” (Mateus 5.23,24). Isto é, a contribuição
como ato de devoção não pode estar separada da prática diária. Porque, o que
fazemos nos momentos de culto não é independente de nossa conduta no dia a dia.
Sendo assim, concluímos que a motivação da contribuição é mais importante que o
valor doado. Um exemplo disso é a recusa do dinheiro oferecido por Simão em,
Atos 8.14-25. Afinal de contas, ele considerou que poderia “comprar” o “poder”
de impor as mãos e “conceder” o Espírito Santo.
A pergunta inicial, portanto, encontra, a partir dos princípios bíblicos
apresentados, uma resposta contundente: as igrejas não devem aceitar dízimos
resultantes de atividades inadequadas a quem professa a fé cristã. De maneira
que, mesmo que o valor seja alto, cabe à liderança recusar. Até porque, o que é
errado continua sendo errado não importando o benefício que nos conceda. Do
contrário, abraçaremos uma das manifestações mais vis da impiedade: a
corrupção.
Continua...
Pr.
Cremilson Meirelles
O CRISTÃO PODE JOGAR NA LOTERIA? – PARTE IV
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
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14:26
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