Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Geralmente,
quando tratamos desse assunto, a primeira objeção levantada diz respeito ao
perigo dos vícios. Afinal, esse é um alerta feito pelas Escrituras: “todas as coisas
me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas,
mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1Coríntios 6.12). Isso
porque, Deus criou o homem para dominar sobre a criação (Gênesis 1.28), e não
para ser dominado por ela. Contudo, embora seja verdade que há uma relação
estreita entre o vício e os jogos de azar, sabemos que nem todos os que apostam
são viciados. Isso não significa, entretanto, que o problema de tais jogos seja
somente a possibilidade de se viciar. Na verdade, de acordo com a Bíblia há
outros aspectos que os inviabilizam. Um deles, sem dúvida, é o fato de que
somos mordomos do Senhor neste mundo; haja vista que tudo o que existe pertence
a Deus (Salmo 24.1). Por essa razão, não podemos desperdiçar os recursos que
Ele nos deu. E, sinceramente, apostar dinheiro na loteria é um claro
desperdício de capital. Até porque, matematicamente, é quase impossível ganhar.
Além
disso, a Bíblia nos adverte a não amar o dinheiro, pois desse amor vêm “toda
espécie de males”, tais como: fraude, estelionato, furto, homicídios, guerras,
etc. Essa avidez por riquezas, sem dúvida, é o componente essencial das
apostas. Porquanto, normalmente os apostadores supervalorizam o prêmio, e
deixam de lado aquilo que realmente é importante. Afinal, as melhores coisas da
vida, aquelas que proporcionam satisfação perene, não custam um centavo. O
dinheiro, por outro lado, exige muito de quem o ama, mas nunca o satisfaz
plenamente. Acerca disso, o Eclesiastes diz: “o que amar o dinheiro nunca se
fartará de dinheiro” (Eclesiastes 5.10). Assim ocorre com a loteria: aposta-se,
aposta-se, aposta-se, mas a tão sonhada vitória nunca chega, e a satisfação é
sempre um alvo inalcançável.
Em
adição, vale ressaltar que a Bíblia aponta aplicações muito mais relevantes
para nossos recursos. A principal delas é o sustento familiar. De modo que quem
o negligencia é comparado ao descrente: “mas, se alguém não tem cuidado dos
seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel” (1Timóteo
5.8). É claro, no entanto, que essa provisão inclui mais do que alimentação e
vestuário. A educação e o lazer também são abrangidos.
Outro
emprego bíblico para o dinheiro é o auxílio aos necessitados; o qual é apontado
nas Escrituras como algo virtuoso que é viabilizado pelo trabalho: “aquele que
furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as mãos o que é
bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade”
(Efésios 4.29). Além dessa aplicação, as Escrituras salientam o sustento
pastoral e missionário. Paulo, inclusive, chega a dizer que os líderes mais
dedicados à Palavra de Deus devem receber remuneração dobrada: “devem ser
considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que
presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino”
(1Timóteo 5.17). Outrossim, em relação ao sustento missionário, ele ressalta
que precisou ser sustentado por outras igrejas para dedicar-se integralmente à
pregação do evangelho: “outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo
delas salário” (2Coríntios 11.8). Isso demonstra que na perspectiva
apostólica as aplicações supracitadas constituem o correto emprego do dinheiro.
Visto
isso, percebemos claramente que apostar não é uma alternativa para quem deseja
se alinhar com o ensino bíblico. Na verdade, quem o faz se distancia cada vez
mais dos fundamentos da fé. Pois, como falamos anteriormente, confia na sorte
ao invés de confiar em Deus, confere ao dinheiro um status que ele não deveria
ter, desperdiça suas finanças, e negligencia a instrução bíblica acerca da
aplicação dos recursos.
Continua...
Pr.
Cremilson Meirelles
O CRISTÃO PODE JOGAR NA LOTERIA? – PARTE III
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
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