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O CRISTÃO PODE JOGAR NA LOTERIA? – PARTE II

Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
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Quem aposta, costuma depositar sua fé em uma força impessoal, independente de Deus, geralmente chamada de “sorte”; o que, definitivamente, não se alinha com o ensino bíblico. Afinal, embora essa palavra apareça várias vezes nas Escrituras, os servos de Deus nunca a usaram no seu sentido secular. Na verdade, a prática de “lançar sortes”, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, tinha por propósito conhecer a vontade do Senhor; ou seja, não se tratava de uma aposta. Isso fica evidente na escolha do décimo-segundo apóstolo, registrada em Atos 1.15-26. Porquanto, naquela ocasião, antes de lançarem sortes, os apóstolos oraram rogando ao Senhor que revelasse qual dos candidatos havia escolhido para compor o colégio apostólico (Atos 1.24). Isto é, eles acreditavam que Deus já tomara Sua decisão; o ato de “lançar sortes” apenas a tornaria conhecida.
Essa ideia está em consonância com a declaração de Provérbios 16.33: “a sorte se lança no regaço, mas do SENHOR procede toda decisão”. Em resumo: Deus é quem decide não o acaso. Esse é o princípio fundamental do lançamento de sortes. A partir daí, é possível concluir que tal prática era um instrumento da revelação do Todo-poderoso, e não uma jogatina. Um exemplo disso é a ordem divina de lançar sortes entre dois bodes, a fim de definir qual seria oferecido ao Senhor e qual seria destinado ao deserto (Levítico 16.8); pois, indica que era uma atividade pertencente ao âmbito religioso, e não ao recreativo. De modo que até mesmo os serviços do templo eram regulamentados por meio do lançamento de sortes: a música (1Crônicas 25.7,8), os porteiros (1Crônicas 26.13), o suprimento de lenha para o altar (Neemias 10.34).
É bem verdade, entretanto, que esse método, às vezes, era utilizado para tratar de questões aparentemente pertencentes a outras esferas, tais como a solução de conflitos (Provérbios 18.18) e a divisão de terras (Josué 18.1-8). Contudo, à luz de Provérbios 16.33, concluímos que, de um modo geral, o lançamento de sortes estava sempre associado à vontade de Deus. Tanto, que, por ocasião da partilha da terra prometida, as sortes foram lançadas “perante o Senhor” (Josué 18.8). As apostas, por outro lado, nada têm a ver com Deus e Sua Palavra. Seu uso é totalmente secular. Até porque, enquanto os personagens bíblicos lançavam sortes confiando que o Senhor revelaria Sua vontade, os jogadores contemporâneos apostam fiados numa força mágica denominada sorte.
Ademais, a Bíblia ensina que o homem deve estar satisfeito com o que recebe por meio do trabalho. Esse princípio foi proferido por João Batista quando indagado por soldados acerca do que deveriam mudar em sua conduta. O precursor do Messias respondeu: “a ninguém trateis mal, nem defraudeis e contentai-vos com o vosso soldo”. O interessante a respeito da resposta do Batista, é que o termo grego traduzido como “contentai-vos” dá a ideia de “estar satisfeito”. Ou seja, o trabalhador tem de estar satisfeito com o que recebe por meio do trabalho. Mas, por que João disse isso aos soldados? Por que, havia, naquele tempo, pecados comuns a certas profissões. No caso dos soldados, o delito mais frequente era o uso do poder para aumento da renda, que tinha como instrumento a extorsão e a chantagem. Isto é, a orientação de João era que aqueles homens exercessem suas profissões idoneamente, contentando-se com seu salário e, consequentemente, abandonando a busca pelo enriquecimento fácil. É claro que esse contentamento não significava abrir mão de todo e qualquer desejo por ascensão profissional. Até porque, mesmo na vida militar daquela época era possível ser promovido. Ao contrário, o princípio destacado pelo Batista contrasta o contentamento com a busca pelo dinheiro sem o suor do rosto; o que inviabiliza a prática de apostar.
Continua...
Pr. Cremilson Meirelles






REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHAMPLIN, Russel Norman. Enciclopedia de Bíblia, Teologia e Filosofia. São Paulo: Hagnos, 2013. 1.v.

COENEN, Lothar; BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. Trad. Gordon Chown. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2000. 1 v.

TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2008. 5v.

VANGEMEREN, Willem A. Novo dicionário internacional de teologia e exegese do antigo testamento. Vol. 1. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.


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