Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Conforme
destacado anteriormente, o termo traduzido como sóbrio, em 1Timóteo 3.2,11, é o
grego nephálios; cujo sentido indica principalmente a abstinência do
vinho. Essa definição é encontrada em diversos dicionários e léxicos do grego
neotestamentário, tais como o Dicionário do Novo Testamento Grego, de
W.C. Taylor, o Léxico do Novo Testamento, de Gingrich e Danker, O Dicionário
Internacional de Teologia do Novo Testamento, e o Theological Dictionary
of The New Testament. Além disso, Fílon de Alexandria (25 a.C. - 50 d.C.),
um renomado filósofo do judaísmo helênico, reconhecendo a abstinência como uma
obrigação sacerdotal, usou nephálios para apontar o estilo abstinente
que deveria caracterizar a liderança religiosa de Israel. Da mesma forma,
Flávio Josefo, nas Antiguidades dos Judeus, ao comentar Levítico 10, lançou mão
de nephálios para referir-se à necessidade da abstinência de vinho por
ocasião do uso das vestes sacerdotais.
Outrossim,
é digna de nota a ocorrência do mesmo termo grego em Tito 2.2, onde Paulo dá
orientações relativas à conduta dos homens idosos. Acerca destes, entretanto, é
importante esclarecer que, embora a palavra “velhos” seja a tradução do termo
grego presbytes, o texto em pauta não se refere à liderança da igreja.
Basta ler todo o capítulo para constatar isso. Porquanto, os mandamentos são
dirigidos a quatro classes de indivíduos: idosos, idosas, jovens casadas e
jovens de um modo geral. Sendo assim, fica evidente que a abstinência do álcool
não é recomendada somente ao bispo/pastor. Afinal, a mesma orientação é dada às
mulheres (1Timóteo 3.11) e aos homens mais velhos (Tito 2.2). Será que isso
significa que os homens mais jovens estariam liberados dessa obrigação? É claro
que não! Até porque, se observamos atentamente as epístolas em questão,
concluiremos que as classes às quais a abstinência é indicada tinham a
responsabilidade de servir de exemplo para os outros.
Senão
vejamos: em 1Timóteo 4.12, Paulo manda ao jovem pastor da igreja de
Éfeso: “sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito,
na fé, na pureza”. Ora, essa ordem não visava outra coisa senão a imitação da
conduta; o que inclui, necessariamente, a abstinência. Isso é corroborado por
Hebreus 13.7, onde o autor salienta a importância de imitar o exemplo de vida
daqueles que nos ensinaram os rudimentos da fé. De igual modo, em Tito 2.3,4,
as mulheres idosas são instadas a manter uma conduta exemplar com o propósito
de ensinar às mais novas.
Quanto
aos homens mais velhos, porém, não há uma afirmação direta do apóstolo em
relação ao caráter exemplar de seu procedimento. Apesar disso, por meio das
palavras utilizadas é possível perceber que essa era intenção de Paulo.
Porquanto, além de asseverar que os velhos devem ser abstêmios, ele
frisou que eles devem ser respeitáveis. Esta expressão foi empregada
como tradução do termo grego semnós, que dá a ideia de ser digno de
respeito, de confiança, venerado por seu caráter. Isto é, trata-se
de uma palavra que envolve o conceito que outra pessoa tem de nós. Nisto,
percebemos a preocupação de Paulo com toda a igreja. Pois, mais à frente, o
apóstolo recomenda a Tito que demonstre a mesma virtude que os mais velhos:
“Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade,
reverência” (Tito 2.7). A palavra traduzida como “reverência” é o grego semnótes,
cujo sentido é bem próximo de semnós. Isso porque, aquele é derivado
deste. Essa mesma palavra aparece em 1Timóteo 3.4. Ademais, todas as outras
qualidades pertencentes aos velhos são também requeridas do bispo/presbítero.
Ora, se elas são o padrão que o fiel deve imitar (1Timóteo 4.12), isso vale
quando são praticadas tanto pela liderança quanto pelos idosos da igreja.
Continua...
Pr. Cremilson Meirelles
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Lothar; BROWN, Colin. Dicionário
Internacional de Teologia do Novo Testamento. Trad. Gordon Chown. 2. ed.
São Paulo: Vida Nova, 2000. 1 v.
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Gerhard; FRIEDRICH, Gerhard. Theological
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LOUW, Johannes P; NIDA, Eugene A. Greek-english Lexicon of the new testament
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United Bible Societies, 1988.
TAYLOR, William
Carey. Introdução ao Estudo do Novo Testamento Grego – Gramática.
Rio de Janeiro: JUERP, 1990. Reimpressa pela Editora Batista Regular, São
Paulo, 1999.
ABSTINÊNCIA OU MODERAÇÃO? - PARTE II
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