Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Depois de toda a argumentação
exposta, creio que ficou patente a contemporaneidade e a necessidade das
contribuições no contexto da vida cristã comunitária, bem como a fundamentação
bíblica dessa atividade. Além disso, foi possível constatar a viabilidade e a
legitimidade do uso do dízimo como referencial contributivo, e entender que sua
prática não implica a observância de todas as estipulações da lei mosaica.
Porquanto, para os cristãos, se trata de um princípio que norteia e organiza a
arrecadação. Isto é, à luz do que apresentamos até aqui, afirmamos com
convicção: é certo dar dinheiro para a igreja.
Todavia, é importante
salientar que não subscrevemos o assassínio bíblico perpetrado por muitos no
tocante ao ensino relativo aos dízimos e ofertas. Ou seja, não concordamos com
a teologia da prosperidade, e nem com a teologia da ameaça. Afinal de contas,
ao contrário do que alguns pregam, Deus não anda por aí “vendendo bênçãos” e
nem praticando agiotagem. Isto é, o Todo-poderoso não castiga pessoas por não darem
dinheiro para a igreja, e nem concede benefícios especiais àqueles que dão. Com
efeito, o medo do castigo divino e a expectativa de receber algo em troca do
valor doado são motivações inadequadas e antibíblicas. As contribuições cristãs
devem ser resultado de um espírito voluntário (2Coríntios 9.7), e não de
coerção ou negociação. Pois, “dar dinheiro para a igreja” é, segundo a Bíblia,
um privilégio (2Coríntios 8.4). Ademais, contribuir regularmente é um excelente
exercício de liberalidade, visto que leva o indivíduo ao desapego e ao
reconhecimento de que tudo o que possui, na verdade, não é seu; mas, pertence
ao Senhor (Salmo 24.1).
Contudo, por conta dos vários
equívocos interpretativos, e das falcatruas de alguns líderes, o dízimo se
tornou alvo de duras críticas. Entretanto, aqueles que se empenham em
condená-lo como referencial para a igreja, abraçam o mesmo erro hermenêutico
dos teólogos da prosperidade e da ameaça, a saber, uma interpretação
ultraliteral dos textos do Antigo Testamento. Pois, embora divirjam
frontalmente de seus adversários, defendem igualmente que a aplicação da
legislação relativa aos dízimos e ofertas deve ser exatamente conforme diz o
registro veterotestamentário. Tal pressuposição constitui uma completa
desconsideração das diferentes formas da lei hebraica, quais sejam: casuística
e apodítica. Mesmo assim, os críticos insistem em declarar: “se você quer
dizimar, terá de observar todas as estipulações da lei mosaica!”
Não obstante, é notório que muitos
dos que se esforçam para condenar o dízimo, o fazem com o propósito de não dar nada
para a igreja. Isso porque, estão tão apegados ao dinheiro que fazem de tudo
para justificar sua condição; de modo que possam viver sem nunca contribuir, e
mesmo assim se sentirem em harmonia com Deus e Sua Palavra. É claro, porém, que
as argumentações que visam legitimar a inadimplência, nem sempre são bíblicas. Às
vezes, estão diretamente ligadas à prática. Há quem se exima, por exemplo,
argumentando que não contribui porque as ações administrativas da igreja local
(ou do pastor) não estão alinhadas com sua vontade; ainda que não haja delito
algum por parte da igreja, mas, simplesmente, porque esta não fez o que o
indivíduo queria.
Evidentemente, tais “justificativas”
não justificam coisa alguma. Somente dão a falsa noção de conduta correta.
Afinal, como falamos desde o início, ainda que a Bíblia não dissesse nada a
respeito, as contribuições regulares continuariam sendo necessárias. Seria,
acima de tudo, um dever moral de cada membro de uma igreja local. Pois, como
manter o prédio que abriga as reuniões cúlticas e projetos sociais (pagando
contas, realizando reparos), ajudar os irmãos enfermos, e investir no ensino
(adquirindo literatura e provendo o sustento pastoral), sem que haja
contribuições em dinheiro? Por conseguinte, desfrutar de tudo isso e não
colaborar financeiramente, podendo fazê-lo, é um erro grave. Destarte, não
tenha dúvidas: é certo dar dinheiro para a igreja.
Pr. Cremilson Meirelles
É CERTO DAR DINHEIRO PARA A IGREJA? – ÚLTIMA PARTE
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
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