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A ESCRAVIDÃO NA BÍBLIA - PARTE VI

Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
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            Conforme constatamos nas pastorais anteriores, a escravidão no antigo Israel era totalmente diferente da que foi imposta sobre os africanos. Aliás, de acordo com o Antigo Testamento, os escravos gozavam de benefícios incomparáveis. Por conseguinte, classificar a escravidão israelita como desumana, é um completo absurdo. Mas o que dizer dos trechos do Novo Testamento em que a escravidão gentia não é condenada, e, aparentemente, aprovada? É o que veremos a seguir.
            Antes de responder ao questionamento acima, é preciso salientar que a abolição da escravatura, tanto na Inglaterra quanto no Brasil foi conseguida mediante os esforços de cristãos evangélicos, tais como William Wilberforce, que, em 1807, conseguiu abolir o tráfico escravo no Império Britânico, e, em 1833, assegurou a abolição da escravatura. Diante dessas informações, surge uma nova pergunta: se, como dizem os críticos, a Bíblia apoia a escravidão, com base em que, homens como Wilberforce, combatiam o trabalho escravo? É algo a se pensar.
            Bem, em relação à visão neotestamentária da escravidão, há quem afirme que a carta de Paulo a Filemom é uma evidência de que as Escrituras Sagradas aprovam o trabalho escravo. Afinal de contas, o apóstolo envia um escravo fugitivo de volta ao seu proprietário! No entanto, uma leitura atenta da epístola mostrará que o apóstolo não estava advogando em prol da escravatura. Na verdade, sua intenção era minimizar a desigualdade, apresentando princípios que, se observados, poderiam demolir o sistema escravagista. Essa perspectiva fica patente no versículo 16, onde Paulo pede a Filemom, servo do Senhor, que receba Onésimo, o escravo que fugira, não como escravo (servo), mas como irmão. Além disso, o apóstolo faz questão de mostrar a Filemom, e à igreja que estava em sua casa (Fm 1.1,2), que considerava Onésimo igual a ele. Isso pode ser percebido em seu apelo: “recebe-o como a mim mesmo” (Fm 1.17). Porquanto, em Cristo Jesus, todos fazem parte de uma mesma família: judeus, gregos, escravos (servos) e livres (Gálatas 3.28). Ora, se somos irmãos, por qual razão oprimiríamos uns aos outros? Não faz sentido!
            Todavia, como explicar os textos em que os escravos são orientados a servir mesmo aos maus senhores, tal como 1Pedro 2.18? Estaria a Bíblia apoiando a escravidão? É claro que não! O objetivo de Pedro, sem dúvida, é o mesmo de Paulo: “[...] para que, em tudo, sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador” (Tito 2.10). Isto é, o bom comportamento do escravo proporcionaria maior abertura para a pregação do evangelho.
            É necessário frisar, entretanto, que por ser a escravidão uma prática comum na antiguidade, era imperioso que os escravos convertidos fossem orientados em relação à sua postura após o novo nascimento. Até porque, Paulo sabia que não seria fácil lidar com um senhor humano que infligisse maus tratos. Por isso, mais do que nunca, a regra áurea tinha de ser lembrada: “tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mateus 7.12). Procedendo dessa forma, ser maltratado seria agradável a Deus: “porque é coisa agradável que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente” (1Pedro 2.18).
Continua no próximo boletim
Pr. Cremilson Meirelles








REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BANZOLI, Lucas. A Bíblia e a Escravidão. São Paulo: Clube de Autores, 2017.

DEMAR, Gary. A Bíblia apoia a escravidão? Disponível em: http://www.monergismo.com/textos/etica_crista/biblia-defende-escravidao_GaryMar.pdf

BARBOSA, João Cândido. O Trabalho e a Escravidão na Visão do Apóstolo Paulo. Goiânia: Fragmentos de Cultura, v. 24, n. 3, p. 403-411, jul./set. 2014.

GEISLER, Norman. Ética cristã. São Paulo: Vida Nova, 1984.

________________. Manual popular de dúvidas, enigmas e contradições da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.

LATOURETTE, Kenneth Scott. Uma história do Cristianismo: volume II: 1500 a.D. a 1975 a.D. São Paulo: Hagnos, 2006.
  
VAUX, Roland de. Instituições de Israel no Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2004.




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