Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Por mais que muitos tenham tentado
destruir a Bíblia Sagrada ao longo da história, sua propagação nunca cessou.
Apesar de toda hostilidade da mídia secular e das argumentações ácidas de ateus
e agnósticos, a Bíblia segue como o livro mais lido, traduzido e distribuído de
todos os tempos. Mesmo assim, os inimigos da cruz de Cristo continuam atacando.
Estão sempre buscando novos argumentos para descredibilizar a Palavra de Deus.
Para tanto, procuram formas de convencer as pessoas de que há erros e
contradições no texto bíblico. Um dos raciocínios empregados para esse fim usa
as ocorrências do termo escravo nas páginas das Escrituras como evidência de
que a Bíblia aprova a escravidão. A partir daí, questionam: - como pode, um livro
que prega o amor ao próximo, concordar com uma atrocidade tão grande como a
escravidão?
O pior de tudo é que há indivíduos que,
mesmo professando a fé cristã, fazem o mesmo questionamento, praticamente com a
mesma intenção: enfraquecer a autoridade e a inspiração das Escrituras. Isso,
para justificar práticas e doutrinas extrabíblicas. Afinal, conforme dizem
esses hereges, se não fazemos algo que a Bíblia aprova, por que não fazer
aquilo que ela desaprova?
A despeito dessas acusações, cremos
que as “contradições” destacadas por essas pessoas são apenas aparentes, e
podem ser perfeitamente explicada por uma exegese honesta. Até porque, ao invés
de enfraquecer a doutrina da inspiração, a percepção dessas aparentes
contradições revela, na verdade, as limitações humanas. Isto é, demonstram que,
se as consideramos contradições, ainda não conseguimos interpretar o texto
corretamente. Como resolver, então, o dilema referente à suposta aprovação
bíblica da escravidão? É simples. Basta utilizar o princípio fundamental da
hermenêutica, a saber: as Escrituras interpretam as Escrituras. Ou seja, ao
invés de condenar o Cristianismo e a Bíblia, como fazem alguns, é preciso
verificar o que a Palavra de Deus diz acerca do tema.
O primeiro aspecto a ser observado
no tocante à escravidão, é que o tipo de escravidão mencionado nas Escrituras
nada tem a ver com a que foi praticada no Ocidente a partir do século XV. Pois,
enquanto esta baseava-se no sequestro de africanos, aquela era o meio pelo qual
o indivíduo quitava suas dívidas. Isto é, o “escravo” hebreu era alguém que,
voluntariamente, se vendia com o fito de saldar seus débitos. Essa venda era
uma alternativa normatizada pela Lei mosaica, a qual previa, inclusive, a
remuneração de quem se vendia (é isso mesmo: o escravo israelita recebia até
salário!): “quando também teu irmão empobrecer, estando ele contigo, e se
vender a ti, não o farás servir serviço de escravo. Como jornaleiro
(trabalhador assalariado), como peregrino estará contigo; até ao Ano do Jubileu
te servirá” (Levítico 25.39,40).
Outrossim, ao contrário do que
acontecia noutras culturas, a servidão israelita não era perpétua. Após ter
servido por seis anos, o indivíduo era liberto, independente do valor da dívida
(Deuteronômio 15.12). Além disso, o escravo não saía de mãos vazias, mas
recebia provisões para evitar que precisasse se vender novamente (Deuteronômio
15.13-15). Isto é, o sujeito chegava com “uma mão na frente e outra atrás”, mas
saía com animais, cereais e bebidas!
Continua...
Pr. Cremilson Meirelles
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BANZOLI,
Lucas. A Bíblia e a Escravidão. São
Paulo: Clube de Autores, 2017.
DEMAR,
Gary. A Bíblia apoia a escravidão? Disponível
em: http://www.monergismo.com/textos/etica_crista/biblia-defende-escravidao_GaryMar.pdf
BARBOSA, João Cândido. O
Trabalho e a Escravidão na Visão do Apóstolo Paulo. Goiânia: Fragmentos de
Cultura, v. 24, n. 3, p. 403-411, jul./set. 2014.
GEISLER,
Norman. Ética cristã. São Paulo:
Vida Nova, 1984.
________________.
Manual popular de dúvidas, enigmas e
contradições da Bíblia. São Paulo: Mundo Cristão, 1999.
A ESCRAVIDÃO NA BÍBLIA – PARTE I
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
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22:00
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Muito bom lê seus artigos e suas pastorais.
ResponderExcluirAgradeço, meu amigo. As outras duas partes já estão disponíveis.
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