Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Embora o próprio Jesus se apresente
como “a resplandecente Estrela da manhã” (Ap 22.16), há quem argumente, com
base em Isaías 14.12 que a “estrela da manhã” é (ou foi) o próprio diabo. Isto
porque, o texto em questão parece referir-se a Satanás, pois emprega uma
linguagem que lembra a queda de nosso adversário: “como caíste do céu, ó
estrela da manhã, filha da alva! Como foste lançado por terra, tu que
debilitavas as nações!” Seguindo esse raciocínio, os defensores dessa tese
entendem que Lucas 10.18 e Apocalipse 12.8,9 retratam a mesma cena de Isaías
14.12, que, de acordo com eles, refere-se à queda de Satanás.
Todavia, o profeta Isaías, por meio
de uma linguagem figurada, destaca o orgulho humano, e não o angélico. Basta
verificar o contexto para concluir que quem teve a soberba derribada no inferno
(Isaías 14.11) foi o rei da Babilônia, a quem a condenação do texto é dirigida:
“então, proferirás este dito contra o rei da Babilônia [...]” (Isaías 14.4). Não
há nada no texto que indique que houve uma mudança de personagem. O rei não é
nomeado porque não merece ser lembrado. Contudo, trata-se de um homem, e não de
um anjo caído.
Em Daniel 4.22, uma linguagem
semelhante é utilizada em referência ao rei Nabucodonosor: “[...] és tu, ó rei,
que cresceste e te fizeste forte; a tua grandeza cresceu e chegou até ao céu
[...]”. É óbvio, entretanto, que o rei não “chegou até ao céu”. A linguagem é
claramente figurada. Porquanto, embora Nabucodonosor fosse como a árvore mais elevada,
o Senhor o derrubaria. De igual modo, Isaías ressalta que, conquanto o rei da
babilônia gozasse de proeminência, tal como a estrela da manhã (possivelmente,
uma referência ao planeta vênus), que enfraquece na luz do amanhecer, sua
glória seria reduzida a nada.
Algo curioso acerca desse texto
(Isaías 14.12), é que, no século IV, Jerônimo, um teólogo cristão, ao vertê-lo
para o latim, empregou o termo lúcifer,
que significa, literalmente, “aquele que brilha”, para traduzir o hebraico hêlēl. Por conta disso, aqueles que
compreendiam o trecho como uma alusão ao príncipe dos demônios, passaram a usar
a palavra latina lúcifer para
referir-se ao “acusador de nossos irmãos”. O grande problema desse uso é que
Jerônimo também utilizou lúcifer em
2Pedro 1.19 para traduzir o grego phósphoros
(“portador da luz”, “estrela da manhã”) o qual, no contexto, aponta para
Jesus, e não para o diabo: “E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual
bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que
o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração”.
Visto isso, concluímos que lúcifer não é, nem nunca foi, o nome de
Satanás. É, na verdade, um substantivo latino, não um nome próprio. Caso fosse,
teríamos que traduzir todas as passagens em que ele aparece como um nome. Isso,
sem dúvida, causaria muitos problemas interpretativos, uma vez que o termo
aparece, na vulgata latina (tradução da Bíblia para o latim, feita por
Jerônimo, no século IV) em Jó 11.17; 38.32, Salmos 110.3, e 2Pe 1.19. Além
disso, à luz de Apocalipse 22.16 e 2Pedro 1.19, a “Estrela da manhã” é Jesus.
Só Ele está acima de tudo e de todos! Só Ele resplandece para todo o sempre.
Pr. Cremilson
Meirelles
QUEM É A ESTRELA DA MANHÃ?
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
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18:02
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Muito bom! Parabéns!
ResponderExcluirEu continuo acreditando que o texto se refere ao diabo.
ResponderExcluirTudo bem. É possível seguir essa linha. Só não é possível afirmar que Lúcifer é o nome de Satanás.
ExcluirImpressionante história gostei bastante e já indiquei para meus amigos, muito obrigado por compartilhar conosco.
ResponderExcluirEu é que agradeço por compartilhar.
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