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O QUE TE MANTÉM NA IGREJA? - PARTE I



Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa

A questão proposta acima, embora, inicialmente, pareça sem relevância, é determinante para identificarmos se vivemos uma espiritualidade saudável ou não. Pois, como afirmou o teólogo cristão Agostinho de Hipona (354 - 430), “não é tanto o que fazemos, mas o motivo pelo qual fazemos que determina a bondade ou a malícia”. Assim, ao contrário do que pensam alguns, no contexto da fé o mais importante não é o que realizamos, mas a razão pela qual realizamos. Com base nisso, eu te pergunto: o que te mantém na igreja? O que te motiva a fazer o que você faz? As respostas para essas indagações são cruciais para identificar quem somos nós: sócios de um clube ou filhos de Deus?
Se somos filhos de Deus (João 1.12), nossa motivação deve vir justamente de nossa fé em Jesus Cristo e do amor que temos por Ele. Isto nos levará, naturalmente, a nos filiarmos a uma igreja e a participarmos de suas programações. Porquanto, a partir do momento em que o indivíduo crê no Filho de Deus, reconhecendo-o como Senhor e Salvador de sua vida, é regenerado pelo Espírito Santo e passa a viver para glória do Todo-poderoso. Em consequência disso, realiza boas obras (Efésios 2.10), louva ao Senhor com canções (Colossenses 3.16), se reúne regularmente com os que professam a mesma fé para prestar culto a Deus (Hebreus 10.25), estuda a Palavra (2Timóteo 2.15), proclama o evangelho (Marcos 16.15), e persevera na fé (1Pe 1.5; 1Jo 2.19).
Contudo, há pessoas que confessam ter fé em Jesus, porém não têm prazer nas atividades mencionadas acima. Então, o que as faz comparecer às reuniões da igreja? Uma possibilidade é o interesse na socialização, haja vista que a igreja, enquanto grupo social, exerce muito bem o papel socializador; uma vez que congrega pobres e ricos, doutos e indoutos, deficientes e não deficientes, sob a égide do amor fraternal. Por conta disso, sempre há quem se aproxime de uma congregação cristã em busca de inclusão. Apesar disso, essa motivação, por si só, é incapaz de manter o indivíduo unido a uma comunidade de fé, porque, no momento em que um dos membros dessa comunidade agir de maneira excludente, o “irmão”, ofendido, abandonará o grupo; desobedecendo as Escrituras (Hebreus 10.25) e os ensinos do Mestre (Mateus 18.15-20).
Outro fator motivador é o exercício de funções na estrutura organizacional da igreja e na liturgia do culto. Lamentavelmente, esse elemento é muito comum nas igrejas. Há pessoas que fazem de tudo para conseguir cargos; e, quando os conseguem, são capazes, até mesmo, de brigar para mantê-los. Assim, se, por um lado, essa “cargolatria” é responsável por manter alguns na igreja, por outro lado, ela promove a saída de muitos. Isto porque, quando perdem seus cargos, os “cargólatras”, ou procuram outro lugar para exercer cargos, ou deixam de congregar. A “cargolatria” é um problema tão grave, que leva pessoas a comparecerem somente nas programações em que têm certeza de que exercerão alguma função.
O que está por trás dessa “cargolatria”, na verdade, é a “egolatria”, pois o indivíduo se considera tão bom em determinada área, que, na sua concepção, seria até pecado não deixá-lo atuar nela. Com isso, tende a desprezar os outros, vendo-os como inferiores, ou mesmo como competidores (inimigos). Por essa razão, às vezes, há, no seio de uma igreja local, inimizades, ciúmes, discórdias, facções; atitudes que a Bíblia nomeia como “obras da carne” (Gálatas 5.20). Como é triste saber que isso acontece nas igrejas...
Continua...
Pr. Cremilson Meirelles
 
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