Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Ao
contrário do que costumamos pensar, o imperativo da evangelização não é ir, mas
sim fazer discípulos. Esta verdade fica evidente quando analisamos o texto de
Mateus 28.19 em seu idioma original (o grego). Porquanto, no grego, o termo
traduzido como “ide” está no presente do indicativo, e não no imperativo.
Somente a expressão “fazei” está no modo imperativo. Sendo assim, a melhor
tradução seria “Portanto, indo, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Isto porque, na
língua grega, o presente é sempre contínuo, ou seja, traz sempre a ideia de uma
ação que continua acontecendo mesmo depois que o indivíduo termina sua fala.
Esses
conceitos, sem dúvida, são estranhos para nós. Afinal, falamos português, e não
grego. Contudo, é importante tratarmos dessa questão para que fique bem claro
qual é a nossa missão. Até porque, se pensarmos que a missão da igreja se
resume em “ir”, concluiremos que, se sairmos às ruas acompanhando uma multidão
de cristãos, ainda que não falemos nada com ninguém, teremos cumprido a ordem
de Jesus; o que não é verdade. Pois, a missão que nos foi confiada é muito
maior do que apenas deslocamento geográfico. O cumprimento da Grande Comissão
envolve investimento de tempo, ensino, oração, testemunho. Não dá para fazer
discípulos sem gastar tempo com as pessoas.
Todavia,
a igreja cristã foi gradativamente se afastando do ideal bíblico de
evangelização, de modo que, na atualidade, evangelizar se tornou muito mais a
divulgação do entretenimento que as congregações locais oferecem, do que a
proclamação da boa notícia. Por isso, busca-se, cada vez mais, produzir
programações que agradem as pessoas, a fim de que estas sejam agregadas à
igreja local. Consequentemente, muitos não convertidos acabam sendo recebidos
como membros.
O
grande problema disso, é que acabamos tendo a falsa impressão de que a igreja
está crescendo, visto que baseamo-nos no número de novos filiados. Entretanto,
quando virtudes verdadeiramente cristãs, tais como o perdão e a compaixão são
necessárias, muitas dessas pessoas não conseguem demonstrá-las. Porque a razão
que os levou à filiação foi a qualidade dos eventos produzidos, e não a fé em
Jesus Cristo. Isto nos faz pensar: será que realmente temos divulgado a
mensagem bíblica? Temos cumprido a missão? Temos anunciado o evangelho?
Sinceramente,
as igrejas não precisam de mais eventos ou programações, precisam, na verdade,
cumprir a missão, isto é, fazer discípulos! Este é o imperativo dado pelo Filho
de Deus, e deve ser cumprido diariamente. Não podemos nos limitar às atividades
evangelísticas da igreja local. Temos de fazer discípulos em todo lugar. Se
dissermos que a igreja não evangeliza porque não acontecem tantas programações
evangelísticas quanto “achamos” que deve ter, estaremos nos acusando.
Porquanto, nós somos a igreja, onde quer que estejamos. A igreja local não é um
prédio, mas um grupo pessoas regeneradas que se reúnem para cultuar, estudar as
Escrituras e proclamar a Boa Nova.
É
de suma importância que compreendamos a real natureza da nossa missão, e
venhamos a pô-la em prática. Não podemos terceirizar isso para quem quer que
seja (missionário, pastor, diácono, etc). A missão é de todos! Sem exceção! Se
você é igreja, tem de se preocupar com isso e quebrar a inércia. “Porque todo
aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois, invocarão aquele em
quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se
não há quem pregue? (Romanos 10.13,14)
Pr. Cremilson Meirelles
O VERDADEIRO IMPERATIVO
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