Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Recentemente,
em diversos locais do Brasil, algumas ruas foram enfeitadas com os famosos
tapetes de sal. Esta manifestação artístico-religiosa ocorre anualmente como
parte da festa católica conhecida como “Corpus Christi”, expressão latina que
significa Corpo de Cristo. A festa de “Corpus Christi” originou-se na Bélgica,
no século XIII d.C, a partir de uma experiência mística vivida por uma freira,
que afirmou ter recebido uma revelação de Jesus Cristo, na qual o Filho de Deus
lhe falara da necessidade de todos reconhecerem Sua presença na Eucaristia
(Ceia do Senhor). Isto é, de acordo com a tradição católica, a experiência da
freira belga, posteriormente canonizada e denominada Santa Juliana de Mont
Cornillon, seria a ratificação da “transubstanciação”, doutrina católica que
defende a transformação física do vinho e do pão usados na Ceia do Senhor, em
sangue e carne. Essa concepção se baseia numa interpretação literal do dito de
Jesus por ocasião da última ceia: “isto é o meu corpo” (Mateus 26.26). Sabemos,
entretanto, que, em vários de seus discursos, o Filho de Deus utilizou
metáforas. Um exemplo disso é a declaração “eu sou a porta” (João 10.9). Ora,
Jesus não era feito de madeira e nem tinha maçaneta! É óbvio que ele estava
usando uma linguagem figurada, assim como o fez ao dizer que o pão era o Seu
corpo. Até porque, não tinha como o pão ser o corpo dele, pois ele, com o seu
corpo, estava segurando o pão! Se o pão fosse o corpo dele, era o pão quem
deveria proferir a frase! Por isso, não faz sentido entender literalmente a
frase de Jesus.
Enfim,
após ter recebido a “revelação” de Jesus, a freira Juliana solicitou ao bispo
de Liège, importante cidade belga, que autorizasse a realização de uma festa
anual, a fim de atender ao mandado do Filho de Deus. Dada a autorização, a
celebração passou a ser marcada por uma procissão na qual o “ostensório”,
objeto dourado semelhante ao sol e que transporta a hóstia, é levado às ruas.
Aliás, esse é o único dia do ano em que isso acontece.
Em
8 de setembro de 1964, o Papa ordenou que a festa se estendesse por todo o
mundo, fixando-a na quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade, que,
por sua vez, acontece no domingo seguinte ao Pentecostes, que, conforme o
calendário litúrgico católico, é celebrado 50 dias após o domingo da
ressurreição (conhecido popularmente como domingo de Páscoa).
Voltando
à questão dos tapetes de sal, embora estes estejam associados à festa de
“Corpus Christi”, seu surgimento é posterior. Pois, gradativamente, se
desenvolveu entre o povo o costume de enfeitar as casas com flores e as ruas
com tapetes ornamentados que retratavam o motivo da celebração. Este
desenvolvimento se deu nas terras europeias, mais especificamente, em Portugal.
Através da colonização e da imigração dos açorianos (pessoas nascidas na ilha
portuguesa dos Açores), essa tradição chegou ao Brasil.
É
importante destacar que os “tapetes” não são feitos exclusivamente de sal.
Diversos materiais, tais como borra de café, serragem e areia, são empregados
em sua confecção. Além disso, por estes “tapetes” passa a procissão que
transporta o “ostensório”. Isto é, trata-se de uma manifestação religiosa
popular que visa a manutenção dos símbolos e da fé católica.
É
claro que não praticamos esse tipo de ritualística. Contudo, isso nos faz
refletir: não seriam as “marchas pra Jesus” versões evangélicas desse tipo de
manifestação? Afinal, a Bíblia, em momento algum, nos manda fazermos procissões
ou marchas para anunciarmos o evangelho, mas sim comunicarmos verbalmente e
diariamente sua mensagem, tal como fizeram Jesus e seus apóstolos.
Pr.
Cremilson Meirelles
TAPETES DE SAL?
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
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15:04
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