Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel CorrĂŞa
O
problema da inversĂŁo de papĂŠis no primeiro sĂŠculo, tal como ocorre hoje,
resultava de uma interpretação equivocada das Escrituras. O princĂpio destacado
em GĂĄlatas 3.28 (nĂŁo pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem
nem mulher; porque todos vĂłs sois um em Cristo Jesus) foi entendido como uma
base sĂłlida para uma visĂŁo igualitarista, ou seja, uma perspectiva que entende
que, originalmente, Deus criou homem e mulher iguais, porĂŠm, com a queda, veio
o domĂnio masculino sobre as mulheres, como parte do castigo divino. Contudo,
após a morte e ressurreição de Cristo, a condição original foi restaurada, de
modo que a mulher nĂŁo precisa mais se submeter Ă autoridade masculina.
A
maior dificuldade dessa interpretação, Ê que, para sustentå-la, Ê necessårio
invalidar algumas partes das Escrituras. AtĂŠ porque, Paulo, em 1TimĂłteo
2.13,14, derruba esse pensamento recorrendo Ă quilo que Deus fez antes da queda.
Isto ĂŠ, baseando-se na ordem da criação, o apĂłstolo reforça o princĂpio da
liderança masculina na igreja. Por conta disso, normalmente, quem defende o
ministĂŠrio pastoral feminino costuma desqualificar esse texto, argumentando que
se trata de um pensamento exclusivo do apĂłstolo, e nĂŁo de Deus. Essa
argumentação, entretanto, contraria diretamente a doutrina da inspiração das
Escrituras e torna a afirmação de Paulo em 1CorĂntios 14.37 uma mentira.
Afinal, nesta passagem, ele declara que seus escritos sĂŁo “mandamentos do
Senhor”. Como desqualificar algo assim?
Ademais,
se o ministĂŠrio pastoral feminino fosse, de fato, uma verdade neotestamentĂĄria,
por que Paulo nĂŁo fala sobre pastoras, bispas e presbĂteras? AliĂĄs, por que
Jesus nĂŁo chamou nenhuma apĂłstola? Muitos respondem a esse questionamento
dizendo que a cultura da ĂŠpoca nĂŁo permitia. Esse argumento, todavia, nĂŁo se
sustenta, porquanto Jesus, inĂşmeras vezes, contrariou a cultura por causa de
suas convicçþes. Se olharmos, por exemplo, o episódio em que Marta se ocupa dos
afazeres domĂŠsticos enquanto sua irmĂŁ aprende aos pĂŠs do Senhor (Lucas
10.38-42), veremos que Jesus estava contrariando a cultura judaica ao permitir
que uma mulher assumisse a postura de discĂpula. Noutra ocasiĂŁo, em Mateus
9.9-13, Jesus vai de encontro aos conceitos de sua sociedade ao chamar um
cobrador de impostos para ser um de seus discĂpulos. Em Mateus 15.1-11, vemos
tambĂŠm que Jesus ensinara seus discĂpulos a “transgredir” a tradição dos
anciĂŁos, nĂŁo lavando as mĂŁos antes de comer. Cada uma dessas atitudes fez com
que Ele ficasse mal visto pelas autoridades religiosas. Ora, serĂĄ que a
ordenação de uma apóstola seria algo tão fora do comum para alguÊm que
confrontava sua cultura diariamente?
Outrossim,
se havia alguma igreja liderada por mulheres no perĂodo apostĂłlico, como os
defensores da ordenação feminina querem crer, por que nenhuma carta foi
direcionada a uma delas? Afinal, seria muito difĂcil ser “pastora” naquela
ĂŠpoca, visto que o papel da mulher naquelas sociedades era bem diferente de
hoje. Certamente, uma “pastora” precisaria de orientaçþes e encorajamento.
Timóteo, só porque era um pastor jovem, recebeu instruçþes de Paulo; por que,
entĂŁo, nenhuma “pastora” recebeu uma carta sequer? A resposta ĂŠ Ăłbvia: porque
nĂŁo existiam pastoras.
Usar
GĂĄlatas 3.28 para defender o pastorado feminino ĂŠ um completo absurdo. Pois o
texto trata da justificação pela fÊ em Cristo. Isto Ê, a ideia Ê que,
independente de cor, raça, posição social ou sexo, são igualmente recebidos por
Deus, pela fĂŠ. O texto nĂŁo trata de cargos na igreja ou do desempenho dos
papĂŠis masculino e feminino. Dizer isso seria violentar o texto.
Continua...
Pr.
Cremilson Meirelles
A BĂBLIA E O PASTORADO FEMININO - PARTE IV
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
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16:33
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