Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
É
bem verdade que o assunto tratado por Paulo em 1Timóteo 2.11-15, é resultado de
um problema que a igreja de Éfeso estava enfrentando, visto que uma perigosa
heresia ameaçava os cristãos efésios. Isto fica bem claro no início da carta (1
Timóteo 1.3-7), quando o apóstolo orienta Timóteo a combater os falsos mestres,
cujo ensino incluía a ideia de que era possível alcançar maior espiritualidade
se abstendo de algumas coisas, entre as quais estava o casamento (1 Timóteo
4.1-3). Lamentavelmente, algumas mulheres estavam seguindo esse falso ensino.
Acerca destas, Paulo diz que estavam “seguindo Satanás” (1Timóteo 5.15). Porquanto,
como ele mesmo diz em 1Timóteo 4.1, o ensino dos hereges era o mesmo que
“doutrinas de demônios”.
Mas, em que consistia esse falso ensino? Ao que parece, o falso ensino
disseminado em Éfeso incentivava a inversão de papéis masculinos e femininos.
Em resposta a essa heresia, Paulo ordenou que as viúvas mais novas se casassem
(contrariando a proibição do casamento ensinada pelos hereges – 1Timóteo 4.3),
gerassem filhos e cuidassem de suas casas (1Timóteo 5.14). Não fazer isso, ou
seja, não exercer o seu papel de mulher, era o mesmo que se desviar e ir após
Satanás (1Timóteo 5.15,16).
Outra
evidência da heresia que se infiltrara em Éfeso, aparece em 1Timóteo 2.15,
quando Paulo, a respeito das mulheres, declara: “salvar-se-á, porém, dando à
luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, na caridade e na santificação”.
Ora, como um dos pontos principais do ensino dos falsos mestres era a proibição
do casamento, naturalmente, estava implicada também a geração de filhos e o
cuidado destes. Por isso, o apóstolo enfatiza o papel da mulher como mãe,
destacando que a salvação da mulher não estava vinculada ao abandono do seu
papel, como ensinavam os hereges, mas justamente ao exercício dele. Ela será
salva dando à luz filhos, ou seja, ser salva não significa abrir mão daquilo
que foi estabelecido por Deus antes da queda do homem. Afinal, se somos servos
de Deus, buscaremos diariamente nos conformarmos à Sua vontade. E, de acordo
com 1Timóteo 2.11-15, a vontade de Deus é que homem e mulher assumam os papéis
que Ele lhes deu antes do pecado (1Timóteo 2.13). Se um dos dois abrir mão
disso, será facilmente enganado pelo Diabo, tal como ocorreu com Eva.
Porquanto, foi justamente por causa da negligência de Adão, como líder, que ela
foi ludibriada pela serpente (1Timóteo 2.14).
Lamentavelmente, o falso ensino que corrompia as mulheres da igreja de Éfeso
também influenciava as cristãs coríntias, as quais se recusavam, inclusive, a
usar o véu (1Coríntios 11.2-16). Esta peça do vestuário feminino representava,
tanto na cultura judaica quanto na cultura grega, que a mulher que a usava
estava debaixo da autoridade e da proteção de um homem, fosse o pai, o irmão
mais velho ou o marido. Assim, toda mulher que fosse legitimamente casada,
usaria o véu e seria reconhecida como uma mulher de bem. Contudo, encorajadas
por uma interpretação equivocada do Evangelho, as mulheres de Corinto defendiam
que, na Igreja de Cristo, esse tipo de submissão não existia mais. Por isso, se
recusavam a usar o véu, e tentavam exercer autoridade doutrinária, julgando a
palavra dos profetas (1Coríntios 14.29). Diante disso, Paulo orientou-as que,
no julgamento dos profetas, ficassem caladas (1Coríntios 14.34), deixando tal
tarefa a cargo da liderança masculina.
Continua...
Pr.
Cremilson Meirelles
A BÍBLIA E O PASTORADO FEMININO - PARTE III
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
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23:48
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