Bem, “unção” diz respeito ao ato ou
efeito de ungir, que, na prática, consiste na aplicação ou espalhamento de óleo
ou qualquer outra substância gordurosa. No Antigo Testamento, a unção era
aplicada sobre objetos a fim de separá-los para uso exclusivo no culto (Êxodo
29.36,37), e sobre pessoas, com o propósito de designá-las para uma tarefa ou
ofício específico. Normalmente, isto ocorria por ocasião da consagração de reis
(1Samuel 9.16), sacerdotes (Êxodo 40.13-15) e profetas (1Reis 19.16). É claro
que esse ato consagratório era simbólico. Não havia poder algum no óleo (ou
azeite). Era apenas um sinal exterior que indicava a separação de alguém (ou
algo) para Deus, cuja observância, assim como os demais ritos da Antiga
Aliança, tornou-se desnecessária após a morte, ressurreição e ascensão de Jesus
Cristo.
Por conseguinte, no Novo Testamento não
há “unção” com óleo para fins de consagração. Até porque, não haveria razão
alguma para ungirmos os objetos utilizados no templo, uma vez que agora nós somos
o templo do Espírito Santo (1Coríntios 3.16,17). - Ah, então podemos ungir
pessoas? De maneira nenhuma. Porquanto, a Bíblia ensina que, no Novo
Testamento, a unção, ou seja, o que promove a separação de alguém para Deus, é
o próprio Espírito Santo, e não o óleo ou o azeite. Senão vejamos: em 1João
2.20, o apóstolo diz aos seus leitores – “E vós tendes a unção do Santo e
sabeis tudo”. Perceba que ele não faz distinção entre um e outro, sua
declaração abrange a todos. Isto é, todos nós temos essa unção. Mas que unção é
essa? Em 1João 2.27, a identidade da unção fica um pouco mais clara, pois ele
afirma: “E a unção que vós recebestes dele fica em vós, e não tendes
necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as
coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele
permanecereis”. A partir daí, concluímos que a “unção” não pode ser uma
“energia” ou apenas uma capacitação especial. Afinal de contas, ela é capaz de
“ensinar”. O mais interessante, entretanto, é que João diz que a unção “ensina
todas as coisas”. Ora, no quarto evangelho, texto escrito pelo mesmo apóstolo,
relata-se o seguinte dito de Jesus acerca do Espírito Santo: “Mas aquele
Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará
lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (João 14.26). Diante dessa declaração, a
conclusão óbvia é que a nossa unção é o próprio Espírito Santo. Logo, não há a
necessidade de por azeite sobre a cabeça de ninguém.
Contudo, talvez você questione: - mas e
a orientação de Tiago a respeito do uso do azeite sobre os enfermos (Tiago
5.14)? Bem, naquela época, o azeite, assim como o vinho, era usado como
medicamento. Um exemplo disso é o procedimento do samaritano na parábola
contada por Jesus. O texto diz que, vendo um homem quase morto, o samaritano se
aproximou, “atou-lhe as feridas, aplicando-lhes azeite e vinho” (Lucas 10.34).
Além disso, Tiago ressalta que “a oração da fé” salvaria o doente (Tiago 5.15),
não o azeite. Assim, a orientação de Tiago é: tome o remédio, mas ore a Deus.
Pr.
Cremilson Meirelles
TERMOS EVANGÉLICOS QUE MUITOS EVANGÉLICOS NÃO SABEM O SIGNIFICADO – PARTE II
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
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