Pastoral redigida para o boletim dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
No último livro do Antigo Testamento, Deus dirige uma dura crítica ao
povo de Israel. Porquanto, estavam prestando-lhe um culto inadequado, no qual
os preceitos da lei eram desprezados. Animais doentes (Malaquias 1.8) e roubados
(Malaquias 1.13) estavam sendo oferecidos no altar do Senhor; a moral estava
corrompida (Malaquias 1.5)! Tudo o que faziam para Deus era pela metade,
inclusive o dízimo. Por isso, em Malaquias 3.10, o Senhor os conclama a
trazerem “o dízimo todo”. Pelo menos, é isso que encontramos no texto hebraico,
visto que o termo traduzido como dízimos (ma‘aser) não está no plural.
Logo, a melhor tradução é “trazei o dízimo todo”. Até porque, à luz do contexto
fica evidente que eles não estavam deixando de dar o dízimo, mas entregando-o
incompleto, defeituoso. Estavam agindo como Ananias e Safira, querendo enganar
Deus (Atos 5.1-10). Esta é a razão pela qual são chamados de ladrões (Malaquias
3.8).
Todavia, é importante relembrar que o erro deles era o descumprimento da
lei, o que afetava diretamente o culto prestado a Deus, uma vez que este tinha
como elementos fundamentais os sacrifícios de animais e as ofertas de vegetais.
Além disso, a consciência social do povo estava cauterizada, pois, como
mencionamos nas pastorais anteriores, por meio do dízimo garantia-se o sustento
dos mais pobres e dos sacerdotes, os quais não possuíam terra alguma e viviam
exclusivamente para o sacerdócio. Porém, sem mantimento na Casa do Tesouro
(Local no templo onde eram armazenados os grãos, os animais, o dinheiro), era
impossível suprir as necessidades dessas pessoas.
Ora, o próprio Deus dera essas ordenanças ao povo como parte da aliança
firmada. Deixar de prover o sustento dos sacerdotes e dos pobres era
desobediência. Mas o pior de tudo é que o povo não admitia seu erro. Tanto, que
diziam: “em que te roubamos”? Por essa razão, o Senhor os amaldiçoava
(Malaquias 3.9), com base na dinâmica da lei, tal como aparece em Deuteronômio
28. Contudo, isto não se aplica a nós. O pacto que Deus fez conosco é outro.
Nosso relacionamento com Ele é de amor, não de obrigação. O Senhor nos
regenerou! Nós nascemos de novo! É por causa desse milagre operado em nós que
fazemos o que fazemos (Efésios 2.8-10). Assim, mesmo que você falhe no dízimo,
Deus não vai te perseguir ou te amaldiçoar. Afinal, Ele espera que você faça
isso com alegria (2Coríntios 9.7), entendendo a necessidade, e não sob ameaça.
De igual modo, quem deixa de dar o dízimo não pode ser chamado de ladrão.
Até porque, como falamos, o pecado da nação de Israel não era simplesmente
sonegar o dízimo, mas dá-lo incompleto e defeituoso. Além do mais, ao
descumprir a lei, eles estavam quebrando o pacto que fizeram com o
Todo-poderoso. Na Nova Aliança, a observância da lei nos seus aspectos cerimoniais
e civis não faz parte dos termos. Na verdade, conforme já foi dito, só há um
termo: o amor.
No entanto, isso não significa que os princípios morais e espirituais
apresentados no Antigo Testamento devam ser descartados. Em Malaquias 3.10, por
exemplo, há um princípio que se encaixa perfeitamente na visão neotestamentária
acerca dos dízimos e ofertas, isto é: a generosidade como resultado da
confiança em Deus (Fp 4.10-19). Portanto, a igreja não está errada em ter o
dízimo como sua referência de contribuição, já que este foi apontado pelo
próprio Deus como tal. Aliás, se fosse errado dizimar, com certeza Jesus e os
apóstolos teriam falado algo a respeito. Mas nenhum deles se pronunciou. Nem
mesmo Paulo que, ao longo de seu ministério combateu o judaísmo (Gl 5.1-4;
6.15; Cl 2.16,17), condenou o dízimo. Quem somos, então, para fazê-lo?
Pr. Cremilson Meirelles
DÍZIMO? O QUE É ISSO? PARTE V
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