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QUEM SÃO AS DUAS TESTEMUNHAS DO APOCALIPSE? PARTE I

Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
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A identidade das duas testemunhas, apresentadas no capítulo 11 do livro do apocalipse, tem sido objeto de muita discussão e especulação ao longo da história. Quem interpreta o livro literalmente, ou seja, ao pé da letra, entende que se trata de dois homens que pregarão em Jerusalém durante o período da “grande tribulação”. Contudo, não há consenso a respeito de quem serão esses indivíduos. Uns pensam que serão Enoque e Elias, visto que estes não morreram; outros, entretanto, entendem que serão Moisés e Elias, baseados na semelhança entre os prodígios descritos no texto e os que foram realizados no ministério daqueles profetas.
É bem verdade, que, sem dúvida alguma, a imagem que João tem em mente é a de Moisés e Elias. Afinal, foi nos dias deste último que as chuvas foram interrompidas. Além disso, a referência às águas transformadas em sangue e às pragas aponta claramente para Moisés. Não obstante, o livro do apocalipse não pode ser interpretado literalmente, pois se o fizermos em um trecho teremos de aplicar a mesma interpretação aos demais. Sendo assim, a besta que sobe do abismo (Ap 11.7) deveria ser entendida como um monstro, no estilo godzila, se erguendo de um precipício, enquanto as duas testemunhas seriam dois homens que cospem fogo. Da mesma forma, o sinal na testa dos salvos (Ap 7.3) deveria ser visível, assim como alguns afirmam que o sinal da besta será. Todavia, o que nos daria condições de identificar o que é simbólico e o que é literal? Quem definiria isso? Como? Você percebe o absurdo desse raciocínio?     
Querido, apocalipse é um estilo literário, assim como o romance, e não apenas um livro. João utilizou essa maneira de escrever para que a mensagem que recebera de Jesus Cristo pudesse passar pela guarda romana da ilha de Patmos e ser propagada por toda a Ásia. Não se trata de um mapa do fim do mundo, ou de uma previsão de catástrofes reservadas para o tempo do fim. Na verdade, o livro fala sobre aquilo que acontece em todo o período compreendido entre a primeira e a segunda vinda de Cristo.
Com base nisso, afirmamos com convicção que as duas testemunhas são um símbolo que representa a Igreja. Veja que o próprio contexto corrobora essa conclusão. Senão vejamos: no versículo 4 é dito que as duas testemunhas são os dois castiçais. Ora, castiçal no apocalipse é símbolo da igreja (Ap 1.20). Em adição, relembro que, tanto Jesus quanto os apóstolos utilizaram duas testemunhas para anunciar as boas novas (Lc 10.1; Mc 6.7; At 3.1; 8.14). O interessante é que é exatamente isso que as testemunhas fazem no apocalipse: elas profetizam (Ap 11.3), ou seja, proclamam a mensagem de Deus.
Outro ponto interessante acerca das testemunhas é que elas cospem fogo sobre aqueles que rejeitam sua profecia (seus algozes). O fogo nas Escrituras, sobretudo no apocalipse, é claramente um símbolo do juízo divino, o que traz à memória a Palavra do Senhor dita a Jeremias: “...eis que converterei as minhas palavras na tua boca em fogo, e a este povo, em lenha, e eles serão consumidos” (Jr 5.14). É óbvio que o povo não seria transformado em lenha e nem Jeremias cuspiria fogo. Deus usou uma linguagem simbólica para transmitir uma mensagem de juízo. De igual modo, a mensagem proclamada pela igreja de Cristo (o Evangelho) é uma boa notícia para os que creem, mas é terrível para os incrédulos (fala do juízo). Daí o fogo saindo da boca das testemunhas.
Pr. Cremilson Meirelles

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