Decerto, uma das práticas evangélicas mais questionadas é o dízimo.
Porquanto, embora muitos o reconheçam como bíblico, há quem o repute como
desnecessário ou como um meio para explorar os fiéis. Infelizmente, pensamentos
como esse são continuamente incentivados pela mídia. Contudo, não é necessário
assistir televisão ou acessar a internet para ouvir críticas ao dízimo. Sempre
há alguém próximo a nós fazendo comentários mordazes em relação às
contribuições dos crentes. Uns argumentam que o dízimo é uma prática restrita
ao Antigo Testamento; outros, no entanto, sem apelar para as Escrituras, acusam
as igrejas e seus líderes de usar a fé dos frequentadores para manipulá-los e
extorqui-los.
A fim de derrubar esses preconceitos, pretendo, ao longo de algumas
pastorais, esclarecer detalhes a respeito da contribuição conhecida como
dízimo. O primeiro deles é o significado da palavra, o qual nos remete ao
idioma hebraico, haja vista que o termo é uma tradução da palavra hebraica ma‘aser,
que pode significar “dez”, “dezena”, “décimo”, “décima parte”. Isto é, “dar o
dízimo” seria, na verdade, doar a décima parte daquilo que se recebe.
Ao contrário do que se pensa, o dízimo nunca foi restrito ao Antigo
Testamento, nem mesmo à Israel. Os egípcios e os mesopotâmios já observavam
essa prática antes do surgimento do povo hebreu. Na literatura secular, há
inúmeros exemplos do emprego do dízimo no contexto religioso. Na Grécia e na
Roma antiga, por exemplo, conquanto o dízimo fosse um imposto, era dedicado às
divindades. De igual modo, Ciro, o grande conquistador persa, obrigava seus
soldados a darem os dízimos dos despojos a Zeus.
O próprio Abraão, que só passou a servir ao Senhor com 75 anos (Gênesis
12.4), entregou o dízimo de seus despojos de guerra a Melquisedeque (Gênesis
14.20), sacerdote do Deus altíssimo. Ora, ele não havia recebido nenhuma
determinação a esse respeito. É óbvio que sua atitude é resultado de sua
cultura. Afinal, o patriarca dos israelitas era natural da cidade de Ur, localizada
na Caldéia, antiga Babilônia, onde era comum levar dízimos ao templo.
Tudo isso mostra que o dízimo é um princípio espiritual reconhecido por
muitos povos, e que ultrapassa os limites culturais. Esse princípio, ainda que
fosse praticado pelos pagãos, foi ratificado pelo Deus de Israel quando
concedeu Sua Lei ao povo que escolhera (Levítico 27.30-34). De igual modo, no
Novo Testamento, Jesus não criminaliza a prática, como fazem alguns. Na
verdade, em Mateus 23.23, Ele a ratifica, dizendo aos fariseus que não deveriam
omiti-la.
Todavia, costumo afirmar que, mesmo que a Bíblia não dissesse nada, a
própria lógica justificaria o dízimo, uma vez que nenhuma entidade filantrópica
sobrevive sem doações. Até os partidos políticos são mantidos por contribuições.
Não dá para arcar com as despesas necessárias para a manutenção de um templo
sem uma contribuição mensal. Como seria possível ajudar os enfermos se não
tivéssemos recursos? Como poderíamos realizar programações com crianças, por
exemplo, nas quais damos doces, lanche e alugamos brinquedos (pula-pula,
escorrego, etc)? Como custearíamos a formação de novos obreiros? É... o dízimo
é necessário.
Pr. Cremilson
Meirelles
DÍZIMO? O QUE É ISSO? PARTE I
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
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