Pastoral redigida para o Boletim Dominical da
Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Embora eu acredite que, depois de tantos textos sobre o mesmo
tema, você já esteja plenamente convencido de que não existem as tais “línguas
estranhas” faladas por nossos irmãos pentecostais, entendo ser necessário
discorrer mais um pouco sobre o assunto, a fim de aparar todas as arestas.
Assim, seguindo em frente, vemos, em 1Coríntios 14.7, que
Paulo aponta para o absurdo da prática coríntia usando instrumentos musicais
como exemplo. Afinal, como diz o apóstolo, se o som dos instrumentos não for
emitido com clareza, como poderemos saber qual o tipo de instrumento está sendo
tocado? Uma trombeta tocada por alguém que desconhece como fazê-lo, por
exemplo, ainda que o toque tivesse o objetivo de convocar uma tropa para a
batalha, não alcançaria o efeito desejado (1Coríntios 14.8). Porquanto, ninguém
conseguiria identificar o som.
O mesmo ocorre com as línguas. Não há quem possa dizer amém
diante delas, visto que não há como entendê-las (1Coríntios 14.16). Na verdade,
quando o não crente as ouve logo conclui que quem as fala está louco. Não sou
eu quem digo isto, mas o próprio apóstolo faz essa afirmação: “se, pois, toda a
igreja se congregar num lugar, e todos falarem línguas estranhas, e entrarem
indoutos ou infiéis, não dirão, porventura, que estais loucos?” (1Coríntios
14.23)
Com isso, Paulo está querendo dizer que tudo o que se faz no
contexto da igreja deve ser feito de modo que todos compreendam. Do contrário,
estaremos como que “falando ao ar” (1Coríntios 14.9). Pensando nisso, o
apóstolo ressalta que, conquanto haja muitos idiomas, todos eles possuem algum
sentido (1Coríntios 14.10). A língua coríntia, porém, não podia ser
compreendida por ninguém (1Coríntios 14.2). Isso mostra que eram, na verdade,
produzidas pelo êxtase emocional e não pelo Espírito Santo.
Por isso, Paulo diz, no versículo 11, que, se não pudermos
entender o que o outro diz, ele será considerado bárbaro para nós e nós para
ele. O interessante é que o termo usado por Paulo nessa colocação era empregado
pelos gregos para representar as línguas dos povos estrangeiros, as quais eram
desconhecidas por eles. Era como se os estrangeiros falassem “bar, bar, bar”.
Daí surgiu a palavra “bárbaro”. Isto é, o que os coríntios falavam eram sons
sem significado algum aos ouvidos de qualquer um. Era como alguém falando “bar,
bar, bar”.
O mais impressionante é que Paulo nem reconhece que
aquilo que eles manifestavam era, de fato, um dom. Ao invés disso, ele admite
que os coríntios desejavam ardentemente mais dons espirituais (1Coríntios 14.12).
No entanto, não podiam controlar isso, pois os dons sempre foram concedidos
pelo Espírito Santo (1Coríntios 12.11). Eles tinham os dons que Deus queria que
tivessem. Mesmo assim, ao invés da edificação da igreja, buscavam apenas a
edificação particular, tal como muitos fazem hoje.
Falar línguas estranhas não é sinal de espiritualidade, mas
resultado de uma interpretação equivocada das Escrituras. Até porque, o dom de
línguas bíblico é proferir idiomas não aprendidos, como em Atos 2, e não sons
sem sentido. Aliás, quem é que garante que a língua falada pelos coríntios é a
mesma dos pentecostais de hoje? Simplesmente, alguém começou com essa prática
no século 20 e, de repente, se tornou regra. Que loucura! Prefiro ficar com a
Bíblia que com a experiência de alguns.
Pr. Cremilson Meirelles
POR QUE NÃO FALAMOS LÍNGUAS ESTRANHAS? PARTE XIV
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
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