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POR QUE NÃO FALAMOS LÍNGUAS ESTRANHAS? PARTE XIII

Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa

Dando sequência à análise de 1Coríntios 14, nos deparamos com um aparente apoio às línguas estranhas. Afinal, no versículo 5, o apóstolo Paulo declara: “e eu quero que todos vós faleis línguas estranhas [...]”. Acerca disso, vale ressaltar que o termo “estranhas” não aparece no texto grego, ou seja, trata-se de um acréscimo feito pelos tradutores, os quais entenderam que a fala dos coríntios era diferente da de Atos 2; era algo esquisito, estranho. Com isso, percebemos que grande parte do discurso sobre as línguas pentecostais não é resultado de um estudo aprofundado das Escrituras, mas baseia-se em experiências particulares.
Avançando um pouco mais no versículo mencionado, vemos que o apóstolo usa as palavras “mas” e “muito mais”, mostrando que o que ele fala a seguir tem maior importância do que sua frase anterior. Obviamente, porque reconhece que o dom de pregar o evangelho diante dos ímpios é o maior de todos os dons. É exatamente isso que ele afirma: “e eu quero que todos vós faleis línguas estranhas; mas muito mais que profetizeis, porque o que profetiza é maior do que o que fala línguas estranhas, a não ser que também interprete, para que a igreja receba edificação” (1Coríntios 14.5).
A partir daí fica bem clara a intenção do apóstolo: que todos profetizassem, isto é, pregassem o evangelho. Veja bem, se alguém lhe dissesse que você pode escolher entre algo de grande valor e uma coisa de pouquíssimo valor, o que você escolheria? Sem dúvida alguma, o que tem mais valor. Pois bem, era essa atitude que Paulo esperava dos coríntios. Ele, inclusive, diz que “o que profetiza é maior do que o que fala línguas”. Ora, se você fosse um coríntio, cheio de si, achando-se muita coisa, o que desejaria ser? Maior ou menor? Qualquer um gostaria de ser maior, ou seja, abandonar as línguas e “buscar” a profecia. Era isso que Paulo queria!
Mesmo diante dessa afirmação, há quem argumente que, como o apóstolo disse, se houver intérprete, o problema está resolvido. Porém, veja que Paulo, ao falar a respeito da interpretação, refere-se ao próprio indivíduo que fala: “[...] a não ser que também interprete [...]”. Isto é confirmado em 1Coríntios 14.13: “pelo que, o que fala língua estranha, ore para que a possa interpretar”. Daí surge uma questão fundamental: se a mesma pessoa que fala deve interpretar, qual a razão para continuar falando algo que os demais não compreendem? Seria loucura! Pensando assim, Paulo, em 1Coríntios 14.6, continua, dizendo que não haveria proveito algum se fosse à igreja coríntia falando línguas estranhas, mostrando que isso não acontecia e nem aconteceria, ou seja, em hipótese alguma o apóstolo se dirigiria a quem quer que fosse falando línguas estranhas. PAULO NÃO FALAVA AS “LINGUAS ESTRANHAS’. Não foi à toa que ele disse que preferia falar cinco palavras em um idioma conhecido que pronunciar sons esquisitos que ninguém entende (1Coríntios 14.19).
Por outro lado, a advertência de Paulo em relação à interpretação das línguas revela que, até então, não havia quem interpretasse as línguas coríntias. Contudo, os coríntios não se preocupavam com isso, o importante era a sensação proporcionada pelo fenômeno. Assim, a fim de eliminar aquela discrepância, o apóstolo coloca uma condição que uma vez cumprida poria fim às maluquices dos coríntios. Todavia, mesmo diante disso, há quem considere que Paulo apoiava a bagunça coríntia, posto que em 1Coríntios 14.39 declara: “[...] não proibais falar línguas”. Entretanto, o fato do apóstolo não proibir não significa que ele concordasse. Na verdade, ao invés de proibir, ele optou por orientar. Porquanto, uma proibição não resolveria o problema gerado pelo entendimento equivocado das Escrituras. A solução era ensinar a sã doutrina. 

Pr. Cremilson Meirelles



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