Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Outra
ocorrência do fenômeno das línguas no livro de Atos dos apóstolos está
registrada no capítulo 10, ocasião na qual um grupo de gentios de Cesareia pode
ouvir o Evangelho apregoado por Pedro e receber o Espírito Santo, o que foi
evidenciado pela manifestação do dom de línguas. Entretanto, fica bem claro no
texto que as línguas faladas ali eram idiomas humanos, uma vez que, por meio
das línguas, eles magnificavam a Deus (Atos 10.46). Ora, como o escritor do
livro saberia que eles “magnificavam a Deus” se as línguas fossem incompreensíveis?
Além disso, Pedro questiona: “pode alguém, porventura, recusar a água, para que
não sejam batizados estes que também receberam, COMO NÓS, o Espírito Santo”
(Atos 10.47;11.17)? Isto é, o apóstolo afirmou que estava acontecendo com
os gentios o mesmo que ocorrera aos discípulos em Atos 2, ou seja, estavam
falando línguas que todos entendiam, sem nunca terem aprendido.
Cabe
salientar, no entanto, que o episódio em questão tinha um propósito muito maior
do que meramente registrar mais uma ocorrência do dom de proferir línguas
estrangeiras não aprendidas. Na verdade, o que houve em Cesareia serviu,
sobretudo, para mostrar que, a despeito dos preconceitos judaicos, Deus estava
recebendo os gentios em Sua igreja. Porquanto, até ali, havia entre os discípulos
uma resistência muito forte em relação à conversão dos não judeus.
O
capítulo 11 de Atos reforça essa ideia, pois, assim que chega à Jerusalém,
Pedro é acusado de se associar a incircuncisos (Atos 11.3), como se isso fosse
algo terrível. O apóstolo prontamente explica que fora o próprio Deus quem
conduzira todo o processo, inclusive, derramando seu Espírito sobre os que
ouviram sua pregação. Portanto, perguntou Pedro, “se Deus lhes deu o mesmo dom
que a nós, quando cremos no Senhor Jesus Cristo, quem era, então, eu, para que
pudesse resistir a Deus” (Atos 11.17)? Diante dessa assertiva, os que
recriminavam a atitude de Pedro compreenderam que também os gentios eram alvo
do amor de Deus.
Observamos,
contudo, que naquele episódio o Espírito Santo foi recebido antes do batismo
nas águas. O texto relata que o Espírito desceu sobre os presentes no momento
da conversão (Atos 10.44), o que reforça o conceito bíblico de que recebemos o
Espírito Santo quando cremos (Efésios 1.13). Eles ouviram o evangelho, creram
nele, e pronto. Ninguém precisou “buscar” o batismo no Espírito Santo. Bastou
receber Cristo como Senhor e Salvador para que o “batismo” ocorresse.
Querido,
não há uma passagem bíblica sequer que nos mande buscarmos o “batismo no
Espírito Santo”. Somos convidados, ao contrário, a “buscar o Senhor enquanto se
pode achar”, não somente uma experiência. Até porque, a palavra batismo
significa mergulho. Logo, ser “batizado no Espírito Santo” é, na verdade,
mergulhar nEle, tal como um peixe mergulha no mar. Sabe o que isso significa?
Que assim como o peixe só tem vida dentro d’água, só há nova vida no Espírito
Santo. Isto é, devemos depender dEle, nos alimentar dEle, e sermos dominados
por Ele, como peixes envolvidos pela imensidão do mar.
Pr. Cremilson Meirelles
POR QUE NÃO FALAMOS LÍNGUAS ESTRANHAS? PARTE IV
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