Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Há
ainda outras ocorrências do “falar línguas” que precisamos analisar a fim de
fundamentar nosso posicionamento. A primeira delas está registrada em Atos
8.5-17, onde é relatada a conversão dos samaritanos após ouvirem as Boas Novas
apregoadas por Filipe (Atos 8.12). Naquela ocasião, os apóstolos, tendo tomado
conhecimento do que ocorrera em Samaria, enviaram Pedro e João para averiguar a
veracidade dos fatos. Isto porque, em função da antiga inimizade entre judeus e
samaritanos (João 4.9), entendia-se que o povo de Samaria era indigno de ser
alcançado pela misericórdia divina. Por isso, sua conversão, além de
surpreender a igreja de Jerusalém, despertou nos apóstolos o desejo de
confirmar se realmente era verdade.
Acredito
que Deus, com o intuito de dar aos apóstolos a prova de que necessitavam para
aceitar os samaritanos como irmãos, não concedeu o Espírito Santo imediatamente
àqueles que creram. Por conta disso, embora o texto não faça essa afirmação,
creio que a evidência do recebimento do Espírito Santo pelos samaritanos foi o
mesmo dom manifestado pelos discípulos em Atos 2, ou seja, línguas idiomáticas.
Do contrário, penso que eles não considerariam verídica a conversão daqueles
indivíduos. Se as línguas faladas fossem as supostas “línguas dos anjos”, os
apóstolos jamais acreditariam que os samaritanos haviam recebido o Espírito
Santo. Tinha que ser do mesmo jeito que aconteceu com eles no dia de pentecostes.
Ora,
como a razão para o “atraso” na concessão do Espírito Santo foi uma
circunstância histórica que não pode ser repetida, não podemos tomar como regra
a sequência de eventos narrada no texto. Isto é, não dá para entendermos que o
Espírito Santo só é recebido após a conversão e pela imposição de mãos dos
líderes religiosos. Até porque, hoje em dia não há mais a necessidade de provar
que algum povo ou pessoa pode receber o Evangelho. Afinal, já estamos mais do
que conscientes de que o Evangelho deve ser anunciado a toda criatura. Logo, o
episódio ocorrido em Samaria não pode ser tomado como regra para o recebimento
do Espírito Santo. Isto é, ninguém mais recebe o Espírito Santo um tempo depois
da conversão. Recebemos o Espírito Santo quando cremos (Efésios 1.13,14).
Pensando assim, Paulo pergunta a um grupo de discípulos em Éfeso: “recebestes
vós já o Espírito Santo quando crestes” (Atos 19.2)?
Não
dá para ser de Cristo e não ter o Espírito Santo. Pelo menos, é isso que Paulo
afirma em Romanos 8.9: “mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal
não é dele”. Todo crente em Jesus tem o Espírito Santo. Isto não é privilégio
de alguns poucos. Isto fica evidente em 1Co 12.13, quando Paulo, falando à
igreja, diz: “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo,
quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um
Espírito”. Não ache que você não tem o Espírito de Deus. “Não sabeis vós que
sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós” (1Co 3.16)?
Continua...
Pr. Cremilson Meirelles
POR QUE NÃO FALAMOS LÍNGUAS ESTRANHAS? PARTE III
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
on
06:56
Rating:
Nenhum comentário: