Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
No
versículo 4 de Atos 2, recebemos a informação de que todos os presentes foram
“cheios do Espírito Santo”. Isso não significa que eles começaram a se tremer
como se estivessem recebendo uma descarga elétrica. Até porque, em nenhuma
outra situação em que a Bíblia afirma que alguém foi “cheio do Espírito Santo”
somos informados acerca de tremedeiras, respirações mais fortes ou coisas do
gênero. Na verdade, o que Pedro faz, em Atos 4.8-13, ao ser cheio do “Espírito
Santo”, é falar com ousadia e autoridade sobre o Evangelho de Jesus Cristo.
Ser
cheio do “Espírito Santo” é render-se ao domínio do Espírito de Deus. Contudo,
isso não tem nada a ver com transe ou êxtase, mas diz respeito à obediência
natural à vontade do Senhor. De modo que, ainda que possamos ser mortos ou
espancados, preferimos obedecer a Deus (Atos 5.29). Apesar disso, é necessário
frisar que, o enchimento do Espírito também visa à capacitação para o exercício
de um ministério específico, como foi o caso de João Batista (Lucas 1.15-17),
que foi “cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe” para poder
proclamar a Palavra de Deus às multidões. Por outro lado, há ocasiões nas
Escrituras nas quais um indivíduo é cheio do Espírito Santo para a realização
de uma tarefa imediata. Zacarias, pai de João Batista, por exemplo, foi
preenchido pelo Espírito antes de profetizar, ainda que seu ofício fosse de
sacerdote, e não de profeta (Lucas 1.67-79). Isto é, Zacarias foi capacitado só
para aquele momento.
Mas
será que ser “cheio do Espírito Santo” é o mesmo que falar línguas? Antes de
responder a essa pergunta, é preciso saber que tipo de línguas foram faladas
pelos discípulos. Será que foram “estranhas”? É claro que não! O texto diz que
eles “começaram a falar em outras línguas”, não em línguas estranhas. Nos
versículos seguintes fica bem claro que as línguas faladas no dia de
pentecostes eram humanas, idiomáticas, tais como o grego e o hebraico. Tanto,
que o texto afirma claramente que “cada um os ouvia falar na sua própria
língua” (Atos 2.6).
Eles
não estavam falando “línguas dos anjos”, haja vista que tais línguas não
existem. Afinal de contas, a língua (o idioma) só é conhecida quando as cordas
vocais do indivíduo vibram e essa vibração é transmitida às moléculas do ar,
chegando aos ouvidos de outra pessoa. Diante disso, eu pergunto: anjo tem
cordas vocais? A Bíblia diz que eles são “ESPÍRITOS ministradores” (Hebreus
1.13,14). Ora, como o próprio Jesus disse, “um espírito não tem carne nem
ossos” (Lucas 24.39). Logo, não tem também cordas vocais. Como os anjos se
comunicam entre si, então? Não sei. Só sei que não é da mesma forma que nós,
pois são espíritos. Por isso, concluímos facilmente que, em 1Coríntios 13.1
Paulo fala de impossibilidades. Porquanto, assim como ninguém pode falar todas
as línguas dos homens, conforme ele declara no texto citado, não há quem possa
falar as línguas dos anjos. Ele está dizendo que, mesmo que alguém conseguisse
fazer o impossível, se tal atitude não fosse motivada pelo amor, não valeria de
nada.
Continua...
Pr. Cremilson Meirelles
POR QUE NÃO FALAMOS LÍNGUAS ESTRANHAS? PARTE II
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