Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Sempre
que falamos que todo crente recebe o Espírito Santo quando crê, aparece alguém
citando o episódio narrado em Atos 19, a fim de justificar a ideia de que o
“batismo no Espírito Santo” só acontece um tempo depois da conversão e é
evidenciado por línguas incompreensíveis. Será que isso é verdade? É o que
vamos ver nas linhas abaixo.
Ao
contrário do que muitos pensam, Atos 19 prova que o Espírito Santo é dado no
momento da conversão. No versículo 2, Paulo faz uma pergunta que expressa o que
ele mesmo entendia acerca do assunto. Dirigindo-se aos discípulos de Éfeso, o
apóstolo questiona: “Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes”? Por
que ele fez essa pergunta? A resposta é clara: ele cria que o normal é
recebermos o Espírito Santo assim que manifestamos a fé em Cristo, não um tempo
depois. Tanto, que, em Efésios 1.13, ele declara: “[...] e, tendo nele também
crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”.
Além
do mais, Atos 19.1-7 traz o relato de um incidente incomum. O texto não está
estabelecendo uma regra, como pensam alguns. Até porque, ao analisarmos o
contexto, verificamos que o próprio Paulo tinha dúvidas a respeito da
veracidade da fé daqueles homens. Por isso, perguntou se eles haviam recebido o
Espírito Santo quando creram. A resposta dos ditos “discípulos” confirma a
desconfiança de Paulo: eles não eram cristãos de fato. Isto fica evidente em
sua resposta: “Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo” (Atos 19.2).
Depois disto, Paulo imediatamente pergunta: “Em que sois batizados, então”?
Afinal, todo convertido era imediatamente submetido ao batismo nas águas, e
este era feito em nome do Pai, do Filho e Espírito Santo (Mateus 28.19). Se
eles eram “discípulos” de Cristo, como poderiam não saber quem era o Espírito
Santo?
Aqueles
homens professavam uma fé incompleta, possivelmente, baseada na pregação de
Apolo, o qual passara por Éfeso propagando o discurso e o batismo de João
batista (Atos 18.24-26). Eles não conheciam o Evangelho, só o ensino de João.
Portanto, tal como ocorreu com Apolo, os discípulos de Éfeso precisavam
conhecer “mais pontualmente o caminho de Deus” (Atos 18.26).
Assim,
tendo lhes apresentado a mensagem da cruz, Paulo os batizou e impôs as mãos
sobre eles. Então, diz o texto, “veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam
línguas e profetizavam”. Diante disso, precisamos questionar: como o escritor
poderia saber que eles “profetizavam” se não conseguisse entender o que estavam
falando? Ora, é óbvio que as línguas faladas eram perfeitamente compreensíveis.
Eles ouviram o Evangelho, creram, e só então receberam o Espírito Santo.
Contudo, como falamos acima, o texto não é uma regra. Trata-se de uma
ocorrência sem igual, que, por conseguinte, não acontecerá de novo. A regra é:
receber o Espírito Santo no momento da conversão (Efésios 1.13). Afinal, quem
não tem o Espírito de Cristo não é dEle (Romanos 8.9). Até porque, o
Espírito é a garantia da nossa herança (Efésios 1.14).
Pr. Cremilson Meirelles
POR QUE NÃO FALAMOS LÍNGUAS ESTRANHAS? PARTE V
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