Muitas pessoas usam a frase “não podemos
limitar o agir de Deus”, para justificar práticas que contrariam a Palavra de
Deus. Tudo quanto é absurdo é legitimado pela ideia de que o Espírito Santo tem
a liberdade de ação. Não obstante, quando analisamos o uso de objetos ungidos
percebemos que tal prática, na verdade, é uma tentativa de limitar a ação de Deus, pois determina,
antecipadamente, a maneira como Deus deve agir, ou seja, através de um copo com
água, de uma rosa, de um sabonete, etc. É o desejo de manipular a
divindade, de dizer quando, onde e como Deus deve agir. Essa postura diante do
divino é característica da magia, na qual o sobrenatural é manipulado pelo
agente humano, que pode, inclusive estipular prazos para o resultado esperado
(trago a pessoa amada em 7 dias, campanha de 7 sextas-feiras para receber a
bênção, etc).
A principal diferença entre magia e
religião reside justamente na postura diante da divindade. Na religião, o homem se prostra
diante dEle em adoração, pedindo, suplicando seu favor. Nesse contexto, a
divindade é livre para agir como quiser. Isto é, a divindade pode aceitar ou
não um pedido feito em oração. Já na magia, o ser humano manobra com o divino,
forçando-o a realizar sua vontade através de fórmulas verbais mágicas (Palavras
mágicas), objetos carregados de poder mágico (amuletos, varinhas, etc) e ritos
consagratórios. Todas essas práticas têm como meta acessar as forças
sobrenaturais, a fim de utilizá-las em favor próprio ou de outrem. A magia
serve para melhorar a vida “aqui e agora”, não no outro mundo; no futuro, só se
for o imediato, jamais na vida eterna. O efeito desejado não depende da vontade
da divindade, mas da realização correta do ritual e do emprego certo da fórmula
mágica.
Esta postura
contraria frontalmente a Palavra de Deus, pois torna Deus empregado dos
crentes, quando, na verdade, deveria ser visto como Senhor. Isto sim é "limitar
o agir de Deus", é crer numa divindade que não é soberana. Este, sem dúvida,
não é o Deus de Abrãao, de Isaque e de Jacó. Até porque, este disse a Moisés:
“[...] terei
misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me
compadecer” (Êxodo 33:19). Nosso Senhor é totalmente livre e soberano. Ele faz
o que quer na hora que quer.
Não obstante, muitos que concordam
com a assertiva acima acabam contradizendo suas palavras com suas ações e
pensamentos, pois preparam uma agenda para a atuação divina. Tem um culto
específico para milagres, outro para recebimento do Espírito Santo, há cultos
para prosperidade, para expulsão de demônios, para quebrar maldições, para
solução de causas impossíveis, etc. Existem muitas definições de culto,
entretanto, todos concordam que no culto cristão o personagem de maior destaque é
Deus. É com Ele que o crente busca encontrar-se ao cultuar, é a Ele que o
cristão dirige suas canções e orações, e é dEle que o fiel recebe o alimento
para sua alma, a saber, a Palavra de Deus. Isto é, o relacionamento com Deus
deve ser o fator motivador de toda expressão cúltica, não a recepção de
bênçãos. Porém, infelizmente, aqueles que deveriam ensinar isso, têm ensinado
que o crente deve ir à igreja para buscar sua vitória.
Amado, não
precisamos dar liberdade ao Espírito Santo. Ele já é livre. É por isso que
Paulo, em 1Co 12.11, afirma que o Espírito Santo distribui os dons como quer.
Ele não desceu sobre os discípulos no pentecostes porque eles buscaram a Deus
com intensidade, mas o fez porque assim já havia sido decretado pelo Deus
Triúno. Em João 14.23, Jesus já havia dito que o Espírito Santo viria, enviado
pelo Pai. Além disso, a condição para a descida era a ascensão de Cristo (Jo
16.7). O interessante, entretanto, é que os que afirmam “dar liberdade ao
Espírito Santo”, delimitam sua esfera de ação, ou seja, é naquele culto que Ele
tem de operar. Determinam até o momento em que devem ser emitidas “rajadas de
línguas estranhas” ou manifestos os espasmos extáticos característicos dessas
programações. Contraditório, não?
Um Deus
ilimitado é aquele que não precisa de objetos mágicos para agir, que não precisa
de data e hora marcada (Jesus nunca marcou hora para milagres) para conceder
bênçãos, que não obedece ordens humanas, que não fica preso às diversas
campanhas (que mais destacam as obras humanas do que a graça de Deus) da
atualidade, que não precisa nem de templo para operar (como Ele mesmo mostrou a
Jonas, quando este tentou escapar de sua presença). Esse é o Deus da Bíblia, um
Deus que não precisa do ser humano, mas que, mesmo assim, por amor, veio ao
nosso encontro e nos resgatou do lamaçal do pecado com sua maravilhosa graça.
Portanto, reconhecer a liberdade de Deus não significa sapatear, pular ou
simular uma descarga elétrica no corpo. Significa, na verdade, colocar-se
diariamente como servo, adorando-o, cultuando-o, independente das circunstâncias.
Afinal, tudo o que Ele faz é bom. Não precisamos de invencionices humanas,
precisamos da sã doutrina.
Pr. Cremilson Meirelles
NÃO LIMITEMOS O AGIR DE DEUS
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12:39
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