Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Embora,
para alguns, a resposta pareça óbvia, há um grande número de indivíduos que,
mesmo afirmando ter experimentado a conversão, utilizam, com frequência,
palavras de baixo calão em seu vocabulário. Esse comportamento, entretanto,
causa estranheza tanto em cristãos como em não cristãos. Isso porque, mesmo a sociedade
sendo ímpia e a cultura caída, há uma expectativa positiva em relação à conduta
moral da igreja, que exclui palavras e expressões obscenas, revelando que até
os mundanos percebem que essa linguagem não se coaduna com a noiva de Cristo. O
mais impressionante, no entanto, é que muitos cristãos professos não se
importam com isso. Preferem expressar sua raiva esbravejando obscenidades.
Pois, consideram que evitar os palavrões é, na verdade, ceder a uma imposição
que representa interesses extrabíblicos. Será que eles estão certos? Só a
Bíblia pode responder isso.
A
fim de esclarecer essa questão, em primeiro lugar, é necessário frisar que as
Escrituras deixam bem claro, em muitos textos, qual deve ser o conteúdo do
vocabulário cristão. Em Colossenses 4.6, por exemplo, Paulo declara que a
palavra proferida por um cristão tem de ser “sempre agradável, temperada com
sal”. Ora, “sempre” significa em todas as circunstâncias, sem exceção alguma.
Isto é, até mesmo quando as coisas não estiverem bem, nossas palavras devem ser
agradáveis. Outro detalhe digno de nota nesse texto, é que a palavra traduzida
como “agradável” é na verdade uma expressão composta de dois termos, que
traduzidos literalmente significam “em graça”. Isto é, deve haver uma
disposição graciosa na fala do cristão, de modo que expresse o resultado da
ação da graça divina no coração humano; haja vista que “o que sai da boca
procede do coração” (Mateus 15.18). Até porque, quem foi transformado pela ação
do Espírito Santo possui um “bom tesouro” em seu coração (Mateus 12.35), o
qual, naturalmente, produzirá palavras saudáveis.
Por
conseguinte, o discurso do cidadão dos céus jamais será abusivo ou retaliador.
Afinal de contas, como salienta o apóstolo, sua palavra sempre deve ser
“temperada com sal”. Mas, o que isso significa? Para uma compreensão exata do
sentido pretendido pelo autor, é importante levar em conta a função exercida
pelo sal naquele contexto; uma delas ainda pode ser vista nos mercados.
Refiro-me ao salgamento dos alimentos; um recurso utilizado desde a antiguidade
para evitar o apodrecimento. Outra função facilmente percebida é a de dar sabor
à comida, tornando-a agradável ao paladar. Associando essas funções ao fato de
que o Senhor chamou a igreja de “sal da terra”, concluímos que a linguagem do
cristão, tal como uma refeição bem temperada, deve ser agradável aos ouvidos e
tem de impedir a corrupção. Acredito, inclusive, que esse é o raciocínio
presente em Efésios 4.29: “não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe,
mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a
ouvem” (Efésios 4.29). Porquanto, o termo grego traduzido como torpe (saprós)
dá a ideia de algo podre. Por essa razão, a palavra passou a ser usada
figuradamente para referir-se àquilo que é imprestável, ruim. Sendo assim, a
expressão “palavra torpe” aponta para declarações que não cumprem os requisitos
de Colossenses 4.6, por se tratarem de palavras insípidas, corruptoras,
injuriosas. Os palavrões certamente se enquadram nesse caso, uma vez que, em sua
maioria, aludem à genitália ou ao ato sexual, de forma indecorosa, banal; o que
conflita com o ensino paulino em Efésios 5.3,4: “Mas a prostituição, e toda a
impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos; nem torpezas,
nem parvoíces, nem chocarrices, que não convêm; mas antes, ações de graças”.
Veja bem, “torpeza” é a tradução do grego aischrotes, cujo sentido é
obscenidade, imoralidade, indecência. Diante disso, como um crente em Jesus
Cristo pode manter palavras de baixo calão em seu vocabulário? Como é possível
um cristão proferir naturalmente palavras que não trazem edificação alguma?
Sinceramente, é difícil entender...
Continua...
Pr. Cremilson Meirelles
O CRENTE PODE FALAR PALAVRÃO? – PARTE I
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
on
17:04
Rating:
Muito esclarecedor e edificant
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