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IDEIAS FALSAS A RESPEITO DO MINISTÉRIO PASTORAL – ÚLTIMA PARTE

 
3 – Os presbíteros sejam estimados por indignos de honorários, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina.

Essa declaração, obviamente sarcástica, revela um pensamento muito comum nas igrejas. Refiro-me à conclusão de que todo pastor é indigno do valor que recebe como prebenda. Pois, embora essa ideia não seja expressa publicamente, sempre há quem faça comentários dessa natureza. Afinal, para alguns, o pastor sempre recebe muito e trabalha pouco. Isso porque, conforme já destacamos anteriormente, muitos o veem como um empregado da igreja.
Como resultado dessa compreensão equivocada, há quem conclua que, para fazer jus ao salário, o pastor deve “mostrar serviço”. Pois, geralmente, o que se pensa acerca da labuta ministerial é que o pastor só trabalha nos momentos em que há testemunhas, ou seja, durante o culto e nos mutirões. Fora isso, o líder fica ocioso. Por conta disso, alguns defendem que o pastor deve cumprir expediente na sede da igreja, observando o horário comercial. Além disso, há a constante exigência do aumento numérico da membresia, como se isso dependesse do empenho do pastor.
Evidentemente, essa visão é produto de uma interpretação errada sobre a natureza do pastorado. Porquanto, ao invés de buscar fundamentos nas Escrituras, quem a advoga, toma como referência a relação patrão-empregado. Contudo, considerando que o exercício do ministério é uma atividade sui generis, não é possível enquadrá-lo nos limites da esfera empresarial. Até porque, o pastor nunca tem folga. Sempre está aconselhando (presencialmente, por telefone, internet, etc), planejando a agenda da igreja, resolvendo questões administrativas, visitando, estudando e preparando sermões e estudos. O problema é que essas tarefas não são vistas, e nem consideradas, por alguns, como atividade laboriosa. Por essa razão, alguns acham que o pastor tem uma vida muito boa.
Não obstante, se o ministro atender às exigências de quem pensa assim, não realizará aquilo para o que foi chamado. Afinal de contas, se o exercício do pastorado fosse obrigatoriamente limitado a um horário fixo por dia, ao término do expediente, tal como ocorre na maior parte das instituições, o pastor estaria liberado de suas atribuições. Isto é, todo atendimento emergencial (problemas conjugais, falecimento, enfermidade, etc) teria de ser cronometrado e remunerado (hora extra); e, se acontecesse após as 22:00h, acarretaria o pagamento de adicional noturno. Além disso, a preparação dos sermões e estudos, bem como todo o planejamento, teria de ocorrer dentro do expediente. Sendo assim, se houvesse aconselhamentos (ou visitas) emergenciais que comprometessem o horário de trabalho, não haveria pregação nem culto de doutrina. A não ser que a igreja pagasse hora extra para a preparação desse material. Semelhantemente, o comparecimento aos mutirões (normalmente realizados nos sábados e feriados), reuniões da liderança, e programações especiais (cultos de ação de graças, casamentos, festas de 15 anos, cultos fúnebres, etc), seria enquadrado como hora extra, o que implicaria o acréscimo de um percentual em sua remuneração.
O pior nisso tudo é que o trabalho pastoral é ainda mais questionado quando o obreiro procura se manter fiel às Escrituras, se empenhando para oferecer um ensino alinhado com a ortodoxia cristã. Haja vista que as conclusões decorrentes desse ensino confrontam práticas e conceitos popularmente aceitos no meio evangélico. Diante disso, alguns membros da igreja local, desejosos de ver sua comunidade praticando o que outras praticam, se iram contra líderes conservadores. Então, se mobilizam para removê-los do pastorado, argumentando que não estão “servindo bem” à igreja local. Porque, para servir bem teriam de aceitar todo tipo de prática ou doutrina, de modo que os membros permanecessem sempre satisfeitos.
É triste, mas é assim que muitos têm procedido em relação aos pastores. Isso revela o caráter hedonista da fé professada por alguns evangélicos. Para estes, o único senhorio que deve ser respeitado é o do ego. Jesus e Sua Palavra foram, há muito tempo, deixados de lado. O mais importante é a satisfação do cliente. Afinal, é isso que esses realmente são: clientes. São pessoas que se associaram a um clube, mas não indivíduos que se renderam aos pés de Cristo.
 
Pr. Cremilson Meirelles

 
IDEIAS FALSAS A RESPEITO DO MINISTÉRIO PASTORAL – ÚLTIMA PARTE IDEIAS FALSAS A RESPEITO DO MINISTÉRIO PASTORAL – ÚLTIMA PARTE Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles on 18:43 Rating: 5

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