Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
Ao longo de 400 anos de história, os
batistas se notabilizaram por defenderem a distinção e a separação entre Igreja
e Estado, com base num princípio exarado pelo próprio Jesus, a saber: “dai,
pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus” (Mateus 22.21). Por
conta disso, os pastores, enquanto líderes de suas congregações são, por
natureza, apartidários, ou seja, não se posicionam em favor de nenhum partido
político, e, por conseguinte, não direcionam o voto de suas ovelhas. Da mesma
forma, a igreja, enquanto instituição religiosa, não se posiciona ao lado de
nenhum candidato ou partido político, não recebendo, portanto, nenhuma espécie
de auxílio financeiro desses indivíduos e entidades. Por essa razão, o templo
batista é usado exclusivamente para culto ao Senhor. Nesse contexto, o único
discurso cabível é a exposição bíblica. Sendo assim, ceder o púlpito para
candidatos a cargos eletivos é algo inconcebível.
Contudo, os membros da igreja são
livres para, no exercício de sua cidadania, destinarem seu voto a quem quer que
seja. É claro, entretanto, que devem fazê-lo de maneira consciente, levando em
conta a competência do candidato, seu histórico político, seus projetos e seu
posicionamento a respeito de questões que confrontam nossa fé e limitam nossa
liberdade religiosa. O mesmo ocorre em relação à candidatura e ao apoio
prestado a algum candidato. Isto é, os membros são livres para fazê-lo, desde
que isso não envolva o nome da igreja à qual está filiado, uma vez que esta,
como falamos, é apartidária. Todavia, o indivíduo que optar por esse caminho,
deve lembrar que, mais do que candidato ou cabo eleitoral, é um discípulo de
Jesus Cristo. Logo, suas ações devem ser condizentes com sua fé. Pois, seu
testemunho como crente não deve ser manchado pelos excessos característicos do
período que antecede as eleições.
Apesar disso, lamentavelmente, essa
não é a realidade de todas as igrejas evangélicas. Há púlpitos que se
transformaram em verdadeiros palanques para comícios, pastores posam ao lado de
candidatos, usando sua influência para levar os incautos a votarem em quem eles
querem; há crentes vendendo seu voto por sacos de cimento, cargos comissionados
e outros “benefícios”. A que ponto chegamos... Sinceramente, um candidato que
oferece favores para conseguir votos, já deu provas suficientes de que é
corrupto e indigno de seu voto.
Outro ponto importante a ser
destacado é a necessidade da manifestação do fruto do Espírito, sobretudo
quando o assunto é política. Porquanto, em hipótese alguma, devemos entrar em
brigas ou discussões calorosas relacionadas à defesa de um candidato (ou
partido) ou de outro. Da mesma forma, após as eleições, devemos, com base no
preceito bíblico, orar por nossos governantes (1Timóteo 2.1-3) e nos submeter à
sua autoridade (Romanos 13.1-7); desde, é claro, que esta não infrinja a Lei do
Senhor (Atos 4.18-20; 5.28,29).
Visto isso, procuremos exercer, com
consciência e responsabilidade, nossa cidadania; rogando a Deus que nos dê a
direção certa também na hora de votar. Pois, como diz a Escritura, “as
autoridades que há foram ordenadas por Deus”. Portanto, ninguém melhor do que
Ele para nos ajudar nessa escolha. Que Deus o abençoe!
Pr. Cremilson Meirelles
A IGREJA E AS ELEIÇÕES
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
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