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POR QUE NÃO FALAMOS LÍNGUAS ESTRANHAS? PARTE IX

Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
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Enfim, chegamos ao capítulo 14 de 1Coríntios, trecho que tem sido usado, com frequência, para justificar a prática das “línguas estranhas”. Assim, a fim de esclarecer todas as questões referentes a essa passagem, a partir desta pastoral, analisaremos versículo por versículo desse capítulo.
Em 1Coríntios 14.1, o apóstolo Paulo deixa bem claro que amar e profetizar são virtudes muito mais importantes do que o fenômeno que ocorria em Corinto. Contudo, para entender o que ele quis dizer com isso, é necessário saber o significado do termo profetizar, que, definitivamente, não é uma referência à predição do futuro. Até porque, ao longo do texto, Paulo reforça a ideia de que este é o dom mais importante. Tanto, que ele diz que devemos procurar “principalmente” o dom de profetizar. Ora, pregar o Evangelho a todas as nações é a missão da igreja, não predizer o futuro. Jesus, após ter ressuscitado, deixou uma ordem bem específica a esse respeito: “ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15).
Assim, é óbvio que o profetizar mencionado pelo apóstolo jamais seria a mera predição do futuro. Não dá nem para comparar a proclamação das boas novas com um “dom de predizer acontecimentos nas vidas dos outros”. É evidente que a pregação do Evangelho tem muito mais valor que isso! Nem no Antigo Testamento o papel do profeta era prever o futuro. Sua tarefa principal era chamar o povo ao arrependimento e à obediência da Lei. Isso sim é profetizar: proclamar Cristo e chamar os ouvintes ao arrependimento. Já temos a mensagem, não precisamos de “novas revelações”; o homem precisa do Evangelho de Jesus Cristo. Por isso, Paulo defende que o dom de “profetizar”, ou seja, de anunciar as boas novas é o mais importante de todos.
Ainda acerca da profecia, deve-se levar em conta que o ofício profético, tal como apresentado no Antigo Testamento, já se encerrou. Hebreus 1.1 ressalta que “antigamente” Deus falou por meio dos profetas, mas hoje fala através do Filho. Isto porque, em Cristo temos a revelação máxima de Deus. “O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, [...] agora foi manifesto [...]” (Colossenses 1.26). Logo, profetizar não é fazer previsões ou trazer novas revelações, mas proclamar a Palavra de Deus, sob a orientação do Espírito Santo, com o fim de edificar, exortar, consolar (1Coríntios 14.3), ensinar (1Coríntios 14.31) e convencer (1Coríntios 14.24,25).
Além disso, no Novo Testamento a profecia é claramente diferente do Antigo Testamento. Em 1Coríntios 14.29 vemos um exemplo dessa distinção, pois, de acordo com o texto, a profecia poderia ser julgada. Isto porque, não se tratava de uma nova revelação como a mensagem dos profetas do Antigo Testamento. Até o termo “profeta” é usado de maneira distinta. Em Tito 1.12, um poeta da ilha de Creta é chamado de “profeta”, pelo mesmo apóstolo que escreveu 1Coríntios 14. Porquanto, se ser profeta é falar por Deus ou em nome de Deus, e Jesus, conforme diz a Bíblia, é o próprio Deus, porque seus discípulos são chamados apóstolos e não profetas? Simples: o termo profeta, no Novo Testamento, tem um uso diferente do Antigo Testamento. A profecia não é mais uma “nova revelação”, mas a proclamação das boas novas.                                                                                                                        
Pr. Cremilson Meirelles









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