Será que essa frase faz sentido? Bem, a
maioria acha que sim. A prova disso é o uso frequente dessa expressão entre os
evangélicos. Contudo, será que a aceitação dos crentes pode canonizar palavras,
frases ou práticas? Creio que não. Até porque, a referência para os cristãos
oriundos da reforma protestante sempre foi a Bíblia, e não “o que todo mundo
faz ou crê”. Este, infelizmente, é o critério utilizado pelo evangelicalismo
moderno. A moda gospel prevalece em detrimento das Escrituras.
Entretanto, quando a Palavra de Deus é
levada em conta, é possível concluir facilmente que a frase em tela é
incoerente. Porquanto, Deus é um ser sobrenatural. A Bíblia está repleta de
textos que mostram isso. Em João 4.24, por exemplo, o próprio Jesus afirma que
“Deus é Espírito”. Ora, conforme assevera o apóstolo Paulo, em 1Coríntios
2.9-16, o natural se contrapõe ao espiritual. Logo, se Deus é Espírito e o que
é espiritual difere do que é natural, toda ação de Deus pode ser considerada
sobrenatural.
Seguindo esse raciocínio, dizer que
alguém verá “o sobrenatural de Deus” em sua vida não faz sentido algum. Até
porque, já que o Espírito Santo habita em nós, podemos afirmar que Deus atua
sobrenaturalmente em nós o tempo todo. Além disso, segundo a doutrina bíblica
da preservação, Deus atua continuamente conservando “existentes as coisas que
Ele criou, bem como as propriedades e forças de que as dotou” (STRONG, 2003, p.
602). Sendo assim, mesmo quem não crê nEle é alvo de sua ação e dependente do
seu poder sobrenatural. “Os incrédulos continuam a viver neste mundo unicamente
por causa da graça comum de Deus – toda vez que alguém respira, isso se dá pela
graça, porque o salário do pecado é morte, não vida” (GRUDEM, 1999, p. 550).
Isso sim é sobrenatural, pois o homem jamais poderia por seu próprio esforço
adiar o juízo divino.
É claro que alguém pode argumentar,
ressaltando que tal expressão é útil para fazer distinção entre aquilo que
Satanás, um demônio ou um anjo realizam e aquilo que Deus faz. Isto porque, a
ação do Diabo também é sobrenatural, assim como a dos anjos e dos demônios.
Pensando assim, haveria o sobrenatural do Diabo, dos demônios, dos anjos e de
Deus, uma vez que todos são seres espirituais. No entanto, esse raciocínio cai
no mesmo erro, pois já que todos são espirituais a ação de todos é sempre
sobrenatural. Eles estão acima do natural, do comum. Em Mateus 28.2, por
exemplo, é dito que um anjo do Senhor, além de remover uma pedra de umas duas
toneladas, provocou um terremoto com sua descida. Outrossim, em 2Pedro
afirma-se que os anjos são “maiores em força e poder”, ou seja, eles são sobrenaturais.
Mesmo assim, a Sagrada Escritura não se preocupa em fazer essa diferença entre
um “sobrenatural” e outro. Até porque, conquanto os seres angelicais e os
demônios sejam sobrenaturais, Deus é o todo-poderoso. Não há ninguém acima
dEle.
Ademais, a maneira como se emprega a referida
expressão dá a entender que se trata de algo diferente, que normalmente Deus
não faz: “o sobrenatural de Deus”. O que aconteceu com o termo bíblico
“milagre”? Não serve mais? Parece que não. A impressão que tenho é que o mundo
gospel não sobrevive sem um novo jargão, sem frases de efeito, sem novas
performances. Por isso, vemos expressões novas surgindo a cada dia: “os sonhos
de Deus”, “o novo de Deus”, etc. O pior de tudo, porém, é que muitos líderes
nem se preocupam com isso. Todas as novidades são encaixadas à medida que
surgem sem nenhum questionamento, sem qualquer verificação bíblica. Aliás, quem
questiona, automaticamente, é tachado de herege, legalista, chato, etc.
Para completar, a frase em questão, além
de não estar registrada na Bíblia, é usada, geralmente, em discursos triunfalistas
e mágico-religiosos, onde o líder determina o tempo e o lugar da manifestação
do “sobrenatural de Deus”, fazendo com que todos entendam que esse
“sobrenatural” diz respeito às bênçãos materiais e individuais.
Definitivamente, não dá para concordar com isso. Porquanto, o simples fato de
Deus falar conosco já é algo sobrenatural. Destarte, a única conclusão lógica é
que esse negócio de “sobrenatural de Deus”, não só é esquisito e antibíblico
como também representa crenças contrárias aos princípios do protestantismo
histórico. Portanto, cabe a nós rechaçarmos não só o uso dessa expressão, mas
toda espécie de jargões e frases de efeito produzidas pela subcultura neopentecostal,
e vivermos um relacionamento íntimo com o Deus sobrenatural que muitos
abandonaram há tempos.
Pr.
Cremilson Meirelles
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GRUDEN,
Wayne. Teologia Sistemática:
atual e exaustiva. São Paulo: Vida Nova 1999.
STRONG,
Augustus Hopkins. Teologia
Sistemática. Trad. Augusto Victorino. São Paulo: Editora
Hagnos, 2003.
“O SOBRENATURAL DE DEUS”
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
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A paz do Senhor Pastor gostaria de saber a onde na biblia diz q mefibosete foi criado por maquir ??obg
ResponderExcluir4. Perguntou-lhe o rei: Onde está. Respondeu Ziba ao rei: Está em casa de Maquir, filho de Amiel, em Lo-Debar.
Excluir(2 Samuel, 9)
A paz do Senhor Pastor gostaria de saber a onde na biblia diz q mefibosete foi criado por maquir ??obg
ResponderExcluirBem, não há uma declaração explícita a esse respeito. Essa conclusão surge a partir dos relatos de 2Samuel 4.4 e 9.4, onde vemos que aos cinco anos de idade Mefibosete ficara aleijado durante a fuga empreendida por sua ama. Depois disso, quando Davi solicita sua localização, Ziba informa que Mefibosete estava na casa de Maquir, em Lo-debar. Daí, naturalmente, deduzimos que o menino coxo fora acolhido por Maquir.
ResponderExcluirContudo, creio que sua criação deve ter ficado a cargo de ama. Sua educação, porém, deve ter ficado a cargo de Maquir, que, possivelmente, como declara Champlim (2001, p. 1267), era "um simpatizante da causa de Saul". Isto é corroborado por Flávio Josefo, quando este afirma que "Maquir o educava na cidade de Lo-Debar".
Penso também, com base na cultura hebréia, que a ama, embora não fosse sua mãe, deve ter dado a ele os primeiros elementos de uma instrução moral (Pv 1.8; 6.20). No entanto, sua educação formal e religiosa deve ter sido dada por Maquir. Até porque, o menino era órfão.
Entretanto, não sei o que houve com a ama de Mefibosete. A Bíblia não a menciona mais.
Quem foi a mãe de Mefiboset?
ResponderExcluirCaro Aurino, a Bíblia não diz o nome da mãe do filho de Jônatas. O único Mefibosete que a mãe é citada na Bíblia é o filho de Saul (2Sm 21.8), que era irmão de Jônatas. Contudo, acerca da mãe do filho de Jônatas nada é dito.
ExcluirA mãe de jonatas era Aionã
ExcluirA mãe de mefibosete filho de Saul era Rispa.
Existem dois mefibosetes na Bíblia um filho de jonatas e outro filho de Saul com a concubina Rispa. Corrigindo o Pastor acima em dizer que a mãe de mefibosete era a mesma de joanatas isto não procede. O mefibosete filho de saul era filho de uma concubina e a mãe de Jonatas não era à concubina do Rei.
ResponderExcluirNão consegui encontrar o texto em que eu disse que a mãe de Mefibosete era a mesma de Jonatas...
ExcluirSó achei essa postagem: Caro Aurino, a Bíblia não diz o nome da mãe do filho de Jônatas. O único Mefibosete que a mãe é citada na Bíblia é o filho de Saul (2Sm 21.8), que era irmão de Jônatas. Contudo, acerca da mãe do filho de Jônatas nada é dito.
O que foi dito acima é que Mefibosete, filho de Saul, era irmão de Jonatas, e não que eles tinham a mesma mãe.
A propósito, você poderia, por favor, mencionar a localização do texto bíblico que traz o nome de "Selima", que você afirmou ser a mãe de Mefibosete, filho de Jonatas?
A mãe de Mefibosete filho se Jonatas era Selima.
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