Mais
do que nunca, vivemos no tempo dos números. A igreja contemporânea é
extremamente preocupada com a quantidade de pessoas que lhe são agregadas. Em
alguns casos, isso se torna mais importante que pregar o Evangelho. Tudo passa
a ser considerado como válido para superlotar os templos: novos estilos de
música, danças, flexibilização dos costumes, uso de todo o tipo de mídia, abandono de princípios e da identidade, utilização de
práticas e doutrinas oriundas de outros segmentos religiosos, e, até mesmo,
condescendência com o pecado.
Por conta dessa
busca incessante, e, em alguns casos, insensata, surgiu um conceito de
ministério fracassado que nada tem a ver com as Escrituras. Isto porque, muitos
argumentam que se uma igreja apresenta um baixo índice de crescimento, há
alguma coisa errada. Dentro desse contexto, igreja pequena é ministério
fracassado.
Contudo, quando olhamos para as Escrituras, vemos
que o crescimento numérico não é o nosso foco principal, mas sim a proclamação
do Evangelho. Alguém pode dizer: "peraí, mas não é a mesma coisa?" É
claro que não! A diferença está no foco. Jesus, na grande comissão, nos mandou
irmos e fazermos discípulos, não para irmos e enchermos as igrejas. Encher
igrejas é bem diferente do que discipular, pois o discipulado exige tempo. As
pessoas não são números. Portanto, precisam de atenção, ensino, amor. Quando
amamos, pregamos e vivemos o Evangelho.
Muitos usam o
texto de Atos 2 para defender a ideia de que devemos diariamente buscarmos
batermos a meta dos "quase três mil". Só que esse texto não se
refere, em momento algum, ao crescimento de uma igreja local. Até porque, quem
já viu, em uma igreja, um apelo que consiga arrebanhar quase três mil pessoas?
Talvez, você já tenha visto, em um evento externo de grandes proporções algo
próximo disso (talvez umas mil pessoas). Mas, definitivamente, isso não reflete
a realidade da igreja local. O texto de Atos 2 fala do crescimento do
Cristianismo, não da igreja local. O problema é que o foco nos números nos faz
pensarmos somente no crescimento de nossas igrejas locais. Há, inclusive, uma
espécie de competição (qual a igreja que cresce mais? A das curas? A das
línguas? A da expulsão de demônios? A da música? A da dança? A da
prosperidade?). Uma igreja quer crescer mais que a outra, quando, na verdade,
se Atos 2 fosse mesmo a base, nos preocuparíamos com o crescimento do
Cristianismo, não de nossas igrejas ou denominações.
Por que será que
toda nova denominação que surge começa a abrir igrejas nos centros urbanos,
onde já existem inúmeras outras denominações? Por que não abrem novas
congregações na roça, na floresta ou na favela? Tenho andado pela roça nesses
últimos dias e não encontrei algumas denominações que estão presentes em todos
os centros urbanos. Por quê?
A principal
preocupação de Jesus não era o número, mas a proclamação da verdade. Pois, só
conhecendo a verdade o homem poderia ser livre de fato. Um grande ajuntamento
em busca de milagres não garante a salvação de ninguém, apenas um bom show.
Entretanto, se nesse grande ajuntamento o prato principal for a Palavra de
Deus, muito serão libertos do poder do pecado.
A postura de
Jesus em relação aos números fica evidente em João 6.66-68, quando após seu
duro discurso, muitos decidiram abandoná-lo e Jesus, contrariando as
expectativas, disse: "Quereis vós também retirar-vos?" O mestre não
estava preocupado com números, mas com o anúncio da verdade. Por isso, como
discípulos, devemos assumir a mesma postura.
Pr. Cremilson Meirelles
A IGREJA E OS NÚMEROS
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
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14:10
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