Desde o início de junho deste ano, uma
onda de movimentos contrários ao aumento das tarifas do transporte público
invadiu as ruas do Brasil. Tendo começado em São Paulo, os protestos se
espalharam rapidamente, alcançando grandes capitais, como Rio de Janeiro e
Brasília, cada vez agregando mais adeptos. Estes, no exercício da democracia,
têm reivindicado seus direitos perante um governo que nos oprime com impostos
abusivos e um sistema que favorece a minoria mais abastada.
Não vejo problema algum nesse tipo de
atitude. Aliás, não encontro nenhuma justificativa genuinamente bíblica para
não fazê-lo. Ao contrário, quando olho para a história eclesiástica, vejo
vários servos de Deus que protestaram. Um deles é o profeta que batizou Jesus,
João Batista, o qual protestou firmemente contra o governo de sua época (Mc
6.17,18). Outro exemplo é o próprio Jesus, que manifestou publicamente a sua
indignação em relação ao mau uso do templo (Mt 21.12). Além disso, muitos
profetas protestaram contra os problemas sociais de seu tempo. Em adição,
precisamos trazer a memória nossa própria história como protestantes. Na
verdade, nossas igrejas são resultado da atitude de diversos cristãos sinceros,
que, indignados com os desmandos da Igreja Romana, decidiram protestar. Dentre
estes podemos citar John Wycliffe, John Huss, Jerônimo Savonarola e Martin
Lutero.
Não obstante, é inconcebível que um
cristão incentive, participe ou concorde com uma manifestação pública que
envolva a depredação do patrimônio alheio (público ou privado), o furto de bens
de qualquer natureza e violência contra quem quer que seja. Isso é vandalismo,
não protesto. Como seguidores de Cristo somos convidados a promovermos a paz
(Mt 5.9), não o caos. Essa é a marca distintiva dos filhos de Deus. Foi assim,
com protestos pacíficos, que o Pr. Martin Luther King conseguiu uma série de
vitórias contra a segregação racial nos Estados Unidos. É assim que devemos
proceder onde quer que estejamos promovendo a paz e fazendo o bem a todos (Gl
6.10). Porquanto, o ato de protestar jamais nos isentará do maior mandamento, o
amor.
Todavia, embora acredite que o cristão
pode se envolver em protestos desde que sejam pacíficos, entendo que nem toda
manifestação pública convém àquele que professa a fé em Cristo. Até porque,
algumas se baseiam em causas que contrariam os princípios bíblicos. Por
exemplo, um cristão não deve, em hipótese alguma, participar de uma
manifestação em prol da legalização do aborto ou da maconha.
Não precisamos temer os textos que nos
mandam respeitar as autoridades. Protestar não é desrespeito, é exercício da
cidadania. Ora, em um Estado democrático de direito, os mandatários políticos
devem se submeter às leis promulgadas. Se, porventura, descumprirem podemos
protestar sim, pois eles desrespeitaram a autoridade, que é a Constituição
Federal. Mesmo assim, servimos a uma autoridade maior, Deus. Ele nos manda em
sua Palavra fazermos tudo para sua glória (1Co 10.31). Portanto, antes de
qualquer protesto, seja por palavras ou atitudes, lembre-se que você não deixou
de ser cristão.
Pr.
Cremilson Meirelles
PROTESTO X VANDALISMO
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
on
12:49
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FICA EVIDENTE A DIFERENÇA ENTRE O MANIFESTANTE E O MANIFESTADO
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