Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa
A maioria dos evangélicos, ao ser questionado acerca da veracidade das
Escrituras Sagradas, responde com bastante convicção, dizendo: “a Bíblia é a
Palavra de Deus”! Contudo, alguns, quando advertidos a respeito de um
comportamento ou pensamento errado, com base nessa mesma Palavra, tendem a
rejeitar o que lhes é dito. Com isso, deixam transparecer a ideia de que,
embora a Bíblia seja a Palavra de Deus, ela não norteia suas vidas. Este papel,
na verdade, é transferido para cultura e para a experiência.
Todavia, se pensarmos na afirmação comum de muitos crentes (a Bíblia é a
Palavra de Deus), em hipótese alguma poderíamos agir ou pensar dessa maneira.
Até porque, ao dizermos que a Bíblia é a Palavra de Deus, estamos assumindo que
ela não contém erros. Porquanto, Deus não erra. Além disso, se reconhecemos que
ela “é” a Palavra de Deus, e não que ela “foi” a Palavra de Deus, é porque
entendemos que ela continua atual, ou seja, ainda é válida; não se trata de um
livro que contém histórias e pensamentos antigos, mas da revelação divina aos
homens. Ora, se de fato pensamos assim, tudo o que a Bíblia nos disser deve ser
regra para nós, não importando o quanto fira nosso ego.
Partindo desses pressupostos, pretendo, a partir desta pastoral, analisar o que
a Bíblia diz sobre o pastorado feminino. Pois, se você concorda com o que foi
dito acima, deve, necessariamente, concordar que, se a mulher deve ser pastora
ou não, isso não pode ser decidido por nós. Afinal, a Bíblia é a nossa única
regra de fé e prática, não o que os outros fazem ou o que achamos que deve ser
feito. Ela é a Palavra de Deus infalível, inerrante e autoritativa. O que ela
diz, Deus diz. Veja, por exemplo, o texto de Gênesis 12.1-3, onde percebemos
claramente que é Deus quem fala a Abraão. Ao citar essa passagem, em Gálatas
3.8, Paulo afirma que foi a Escritura quem falou a Abraão. Isto porque, o que a
Bíblia diz é o mesmo que Deus diz.
Sendo assim, analisemos, pois, o texto de 1Timóteo 2.11-15, o qual, nos
versículos 11 e 12, faz declarações que incomodam muita gente: “A mulher
aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher
ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio”.
Diante disso, muitos chamam Paulo de machista, e defendem a ideia de que essas
afirmações estavam restritas àquele tempo, isto é, valiam só para aquela época.
No entanto, se entendermos que há partes da Bíblia que não valem mais,
estaremos dizendo que ela não é plenamente a Palavra de Deus. Aliás, como
poderemos saber se não há outros textos que não servem mais para nós? Como
poderemos confiar nas Escrituras? Quem estará apto a dizer o que serve e o que
não serve? Viu como não podemos, simplesmente, descartar os textos que nos
incomodam? O que fazer, então? Simples: interpretá-los à luz do seu contexto, a
fim de descobrir a intenção do autor humano. Pois, já que ele foi inspirado por
Deus, sua intenção coincide com a do Todo-poderoso.
A primeira coisa, portanto, a ser destacada é que o apóstolo Paulo, no referido
texto, trata de questões específicas, contextuais; ele não está dizendo que a
mulher não pode ensinar nada a ninguém. Até porque, se assim fosse, a Bíblia e
o apóstolo estariam se contradizendo, uma vez que encontramos diversas
indicações no texto bíblico de que a mãe ensinava seus filhos. Um exemplo claro
disso, está em Provérbios 31.1, que diz: “Palavras do rei Lemuel, a profecia
que lhe ensinou sua mãe”. De igual modo, em Tito 2.3-5, Paulo diz que as
mulheres mais velhas deveriam ensinar as mais novas. Em Atos 18.24-26, vemos
também uma mulher (Priscila) junto com o marido (Áquila) ensinando a um homem
(Apolo).
Continua...
Pr. Cremilson
Meirelles
A BÍBLIA E O PASTORADO FEMININO - PARTE I
Reviewed by Pr. Cremilson Meirelles
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17:08
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