A ORAÇÃO PODE MUDAR OS PLANOS DE DEUS?

Pastoral redigida para o Boletim Dominical da Primeira Igreja Batista em Manoel Corrêa

 

Embora, para alguns, essa pergunta pareça bem fácil de responder, muitas das respostas fornecidas não se adequam à verdade bíblica. Porquanto, a maioria dos evangélicos acredita que as orações podem, realmente, fazer com que Deus mude seus planos. Isto fica evidente nas frases utilizadas por muitos crentes. Uma delas é a famosa expressão: “a oração é a alavanca que move o coração de Deus”. 

O grande problema com frases como essa, é que elas transmitem a ideia de que Deus está indisposto, sonolento, não querendo fazer nada a nosso respeito, mas, quando oramos... “puf”... Ele é movido, levado a nos ajudar. Esse pensamento contraria frontalmente a doutrina bíblica da onisciência divina. Pois, como o próprio Jesus ensinou, nosso Pai celeste sabe de tudo quanto necessitamos (Mateus 6.32). Além disso, no salmo 139, a Bíblia diz claramente que, antes que a palavra venha aos nossos lábios, o Senhor já a conhece (Salmo 139.4). 

Como poderia, então, Deus mudar seus planos, uma vez que sabe tudo o que vai acontecer? Ora, qualquer ser humano que conhecesse o futuro de antemão, certamente tomaria antecipadamente decisões relativas a esse futuro. É a lógica. E foi exatamente isso que Deus fez. Basta verificar o testemunho bíblico acerca da ação divina em prol da redenção do homem, porque, de acordo com as Escrituras, o Cordeiro (Jesus) foi morto desde a fundação do mundo (Apocalipse 13.8). Isto é, desde o princípio o Senhor providenciou o meio para redimir a humanidade do pecado que Ele já sabia que cometeríamos. E não parou por aí! Aqueles que o Senhor, de acordo com sua presciência (1Pedro 1.2), sabia que responderiam com fé ao chamado do Evangelho (Marcos 1.15), foram, de antemão, eleitos para a vida eterna. Isto é, antes da fundação do mundo seus nomes já estavam no Livro da Vida (Romanos 8.29,30). Da mesma forma, aqueles que Deus já sabia que O rejeitariam, predestinou para a condenação, o que fica evidente em Apocalipse 17.8: “... e aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo”. 

Levando em consideração que o Todo-poderoso tomou todas essas decisões antes da fundação do mundo, creio que nada impede que, desde a eternidade, Ele tenha decidido a quais orações responderia sim e a quais responderia não. Até porque, se não pudesse fazê-lo não seria soberano. Além do mais, se crermos que nossas orações mudam o que Deus estava fazendo ou o que pretendia fazer, estaremos assumindo o controle da divindade e, praticamente, dizendo que os planos dEle podem ser frustrados, ferindo as Escrituras, que declaram: “bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado” (Jó 42.2). 

Querido, o poder está nas mãos de Jesus (Mateus 28.18), não nas nossas. É o Deus soberano quem opera em nós “tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade” (Filipenses 2.13); foi Ele quem nos fez filhos Seus e habitação do Seu Espírito, através do qual fala aos nossos corações para que façamos isso ou aquilo, de acordo com o Seu querer. Portanto, a vontade d’Ele é sempre realizada. E isto, para nós, é lucro, pois a Bíblia afirma que Sua vontade é “boa, agradável e perfeita” (Romanos 12.2).  

Mesmo assim, há quem discorde, dizendo: se as orações não mudam os planos de Deus, qual a razão para orarmos? A resposta é bem simples: oramos porque somos filhos. Isto fica evidente na oração ensinada por Jesus (Mateus 6.915). Ora, o filho tem prazer em conversar com o Pai. Além disso, não sabemos qual decisão foi tomada por Deus. Somos meros humanos. Entretanto, uma coisa é certa: se Ele planejou que algo acontecerá em resposta à oração, não tenha dúvida, acontecerá em resposta à oração. 

Pr. Cremilson Meirelles